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sexta-feira, julho 27, 2012

Metáforas do Outono

No hemisfério sul lá pelo dia 20 de março tem início o outono
Com ele vem o frescor da noite.



As manhãs são mais azuis com luz suave
As flores têm mais cor, as folhas das árvores ganham um verde diferenciado e a produção do estímulo floral ocorre nas folhas.
O sol enuncia seus raios diminuídos;
Sucede ao verão e antecede ao inverno.
O crepúsculo traz um tom de nostalgia
É o tempo de renovação e de transição.
Quanta semelhança com a condição humana!
Sempre existem momentos de transição na vida.
O outono recorda a preparação da transformação que a vida oferta.
Dentro da existência sempre haverá momentos de passagem de uma condição para outra.
Pois, assim, é a vida! Sempre plena de mudanças de uma situação para outra diferente.
Do nascimento à morte, muitas transições ocorrem no ser humano.
São as fases da existência do ser humano. A primeira é a do nascimento, da introdução à vida, é o início de sua participação na história humana. A outra fase é aquela da criança, a fase dos sonhos e da inocência, e aí a criança cresce e passa por muitas transições, desde os primeiros passos, o ensaio dos primitivos sons, até formar a complexidade da fala e da articulação do pensamento.
Neste processo de mudanças, vem a adolescência, que antecede a juventude, e já estará introduzido ao mundo dos adultos, no mundo dos perigos. E passa a conhecer o bem e o mal. É uma alteração relevante para sua vida. Então, surge o momento na vida que terá que competir, lutar por seu espaço. Terá que construir uma carreira profissional para sua manutenção material. Agora seu destino estará em jogo. Poderá fazer opções que marcarão para sempre sua existência. Outro desdobramento profundo na vida humana é o matrimônio.
O ser humano deixa de ser ímpar, para ser par. Fará uma experiência de amor, de doação e de convivência com outro ser de sexo diferente ao seu. Agora, o casamento lhe permitirá trabalhar outra forma de ser. Viverá o desafio de que no lugar de ser um, terá que ser dois e, no lugar de ser dois, deverá ser um só no outro. “Será uma só carne” na unidade de dois seres iguais e tão diferentes ao mesmo tempo. Nessa situação de tanta alteração, também tem os anos pesando sobre o corpo físico, os olhos verão menos, a audição diminui, os passos ficam lentos, a mente ganha o esquecimento. É a variação da idade que se encarrega de mostrar nossa fragilidade. No início da vida o ser recém-introduzido no mundo requer cuidados. Agora, o ser já vivido pelos muitos anos solicita naturalmente os cuidados de volta. É o retorno do cuidado.
Mas, as mudanças não param por aí. Nesse universo de transições, chegará um momento crucial para o ser humano que é o fim de sua carreira transitória.
É a fase última da transição humana.
Passará para outra situação de sua condição. A sua humanidade terá um término para continuar em outra condição diferente de todas. É a morte. A morte faz parte da continuidade da vida. É a passagem para o infinito da existência, fora da experiência física. É a penetração no grande desconhecido fora do tempo.
Várias transições ocorrem na vida do ser humano. Pois, assim, é a existência continuamente totalizada de modificações de uma condição para outra. Mas, não podemos esquecer que cada mudança é uma oportunidade para o humano ser mais humano e fazer experiências profundas para seu crescimento emocional, espiritual, racional e de sua consciência. As transições mostram que a vida é mais vida quando feita de mudanças. Essas modificações valem, também, para que sejamos mais sensíveis uns com os outros, visto que todos passam por tais transformações.

As alterações da vida revelam beleza, continuidade e oportunidade de mergulho em nossa dimensão de transcendência. Assim, como o outono os azuis têm mais suavidade pelas manhãs, as floradas têm novas cores. Assim, a vida segue no seu curso de transformações. Efetivamente, têm sempre novas manhãs que trazem novidades, contemplação da formosura e frescor das distintas nuances que a vida carrega em si, tal qual o outono é momento de mudança na natureza.
A vida tem portas que se abrem para que sejamos novos em nós mesmos, no caminho de cada transformação de nossa estrutura humana.

Copyright André Assis. Todos os direitos reservados.

quinta-feira, julho 26, 2012

APRESENTO-LHES TEILHARD DE CHARDIN


Nosso texto não tem a proposta de ser uma biografia completa de TEILHARD DE CHARDIN.
Apenas , apresento uma síntese da vida e obras desse Enfático pensador. Muito mais dele pode ser encontrado em outras obras especificas.


Quem foi TEILHARD DE CHARDIN?

Pierre Teilhard de Chardin (1881- 1955) padre jesuíta francês, paleontólogo, biólogo, visionário e filósofo, que passou grande parte de sua vida tentando integrar a experiência religiosa com a ciência natural, mais especificamente a teologia cristã com as teorias da evolução. Mal interpretado pelos cientistas, quais depreciaram suas obras o acusado de associar misticismo com ciência e de uma linguagem antagônica à comunidade científica. Pela Igreja Católica, foi proibido de lecionar, celebrar atos sacerdotais e de publicar suas obras teológicas e submetido a exílio na China. Seu trabalho se concentrou no estudo dos estágios da evolução humana. Fez um otimista e esforço para conciliar as exigências da ciência e os preceitos da fé católica. Biogênese Cosmogênese e noogênese são os momentos chave da evolução, em que Teilhard de Chardin é uma espiritualização progressiva da matéria, em um movimento de retorno da criação de Deus, cujo carro-chefe é o homem. Voltando a Jesus Cristo uma dimensão cósmica, sem negar a graça ou o sobrenatural, aproximou-se posições Panenteístas, que lhe valeu a hostilidade manifesta do Vaticano, que em 1962, apelou a que os responsáveis pela educação religiosa para afastar os jovens de "trabalhos perigosos" de Teilhard de Chardin. Entre eles incluem O Fenômeno Humano, publicado postumamente em 1955 , considerado uma de suas principais obras . Neste esforço, ele tornou-se absolutamente encantado com as possibilidades para a humanidade, que ele via como título para uma convergência dos sistemas de emocionante, um "ponto Omega". Onde Teilhard sustentava a ideia de um Panenteísmo cósmico: a crença de que Deus e o Universo mantém uma criativa e dinâmica relação de progressiva evolução. Onde tal consciência para Teilhard nos levará a um novo estado de paz e de unidade planetária. Muito antes de a ecologia estava na moda, viu esta unidade que viu como sendo intrinsecamente baseada no espírito da Terra: como ele mesmo disse : "A Idade das Nações é passado. A tarefa diante de nós agora, se não perecer, é construir a Terra." Teilhard de Chardin faleceu dez anos antes de James Lovelock propôr a "hipótese de Gaia", que sugere que a Terra é realmente um ser vivo, um colossal sistema de super-biológica. Na essência da questão de Teilhard de Chardin está a posição filosófica, teológica e mística em respeito a evolução de todo o Universo, desde o caos primordial até o despertar da consciência humana sobre a Terra, segundo ele, essa evolução será acompanhada por uma Noogénese, a integração de todo o pensamento humano em uma única rede inteligente que acrescentará mais uma camada em volta da Terra: a Noosfera, que recobrirá todo o Biosfera Terrestre. Como escritor, a sua obra-prima é O Fenômeno Humano.
Teilhard de Chardin ainda sustentou o evolucionismo teleológico, a concepção materialista do darwinismo e do positivismo, se opôs a uma cosmologia que apesar da evolução, suporte e até mesmo estendendo-se para a realidade espiritual, rejeitou uma interpretação puramente mecanicista e materialista do cosmos. Assim também a fé expressa em relação à sua concepção do universo. Trancrevo abaixo parte de um trecho do Fenomêno Humano, onde TEILHARD Expõe suas convicções da Evolução cosmológica. "Eu acho que o universo é uma evolução. Acredito que a evolução vai para o Espírito. Eu acho que o Espírito é feito pessoal. Eu acho que é Cristo supremo Pessoal-Universal. O material original, como ele já contém em si a "consciência" como uma organização, pelo qual o desenvolvimento não está configurado como um processo puramente mecânico, mas teológica.
Assim, a evolução da pré-vida (mundo inorgânico) de vida ("biosfera") tende para a produção do mundo e do pensamento humano ("noosfera") como o seu ponto culminante. Mas o homem não é o ponto final. O universo do homem e da história tendem a um "ponto ômega": o Cristo cósmico, ponto de ligação de toda a humanidade ("cristosfera"). Entre as visões pessimistas que foram levantadas sobre seu século, a obra de Teilhard compromisso de esperança e alegria de ser homem."


Principais Obras de TEILHARD DE CHARDIN
• Cartas a Léontine Zanta
• Cartas de Viagem
• Cartas do Egipto
• Ciência e Cristo
• O Fenómeno Humano
• Hino do Universo
• Lugar do Homem no Universo
• O Meio Divino
• A Minha Fé
• Reflexões e Orações no Espaço-Tempo
• Sobre a Felicidade / Sobre o Amor

O Que é Ensinar Filosofia ?

Por onde começaremos a falar de filosofia? Começaremos a falar da filosofia pela palavra, pela linguagem.


Diógenes Laércio conta que Pitágoras teria inventado a palavra philosophia, ao dizer que não era um sophos, um sábio, mas um philosophos, um amigo ou amante da sabedoria.
Não é aquele que detém a verdade do saber, mas o amigo do saber, aquele que ama o saber e, por isso, busca-o.

A etimologia da palavra filosofia remete a uma atividade, não a um conteúdo cientifico .

Amar o saber é se abrir a ele é ir a busca dele.

A partir dessa primeira idéia sobre a filosofia, podemos pensar algumas características dessa disciplina que terão conseqüências para o ensino.

“Só sei que nada sei” atribuída a Sócrates. No livro Apologia de Sócrates, de autoria de Platão, encontramos uma explicação, dada pelo próprio Sócrates, sobre o sentido dessa frase.
Sócrates afirma que sua sabedoria consiste em não pensar saber o que não sabe mais do que em possuir alguma doutrina ou teoria que deva expor aos outros.
A filosofia para Sócrates não aparece como um saber já constituído, mas antes como uma relação com o saber.
Sócrates fez filosofia questionando o que era considerado e aceito como verdade e o saber na cidade.
A atitude de Sócrates foi enunciar questões sobre o que as pessoas que eram tidas como sábias diziam saber.
Esse estado de ignorância evidenciada era extremamente incômodo para muitos de seus concidadãos, o que levou vários dos interlocutores de Sócrates a nutrir ressentimento por ele. Contudo, esse era o saber propriamente humano.
Entre as características principais do conhecimento filosófico, estão a construção de conceitos, a argumentação e a problematização.

A filosofia talvez possa ser entendida como a descoberta de que educar é autoeducar-se...
...ou seja, a necessidade de educar-se por meio da razão – o espanto de perguntar-se o que é a natureza, o que é o ser.

Trata-se da educação que se faz no diálogo, na pergunta que abre a investigação, no caminho do argumento.
Veremos a filosofia também como uma aposta de que a vida pode ser mais bem vivida pela amizade que se dispõe ao diálogo filosófico, e não pela violência. Copyright André Assis. Todos os direitos reservados.

PRÓLOGO - PRIMEIROS CANTOS - De GONÇALVES DIAS


Dei o nome de Primeiros Cantos às poesias que agora publico, por que.
Espero que não serão as últimas. Muitas delas não têm uniformidade nas estrofes, porque menosprezo regras de mera convenção; adotei todos os ritmos da metrificação portuguesa, e usei deles como me pareceram quadrar melhor com o que eu pretendia exprimir.
Não têm unidade de pensamento entre si, porque foram compostas em épocas diversas - debaixo de céu diverso - e sob a influência de impressões momentâneas.
Foram compostas nas margens viçosas do Mondego e nos píncaros enegrecidos do Gerez - no Doiro e no Teia - sobre as vagas do Atlântico, e nas florestas virgens da América.
Escrevi-as para mim, e não para os outros; contentar-me-ei, se agradarem; e se não... É sempre certo que tive o prazer de tê-las composto. Com a vida isolada que vivo, gosto de afastar os olhos de sobre a nossa arena política para ler em minha alma, reduzindo à linguagem harmoniosa e cadente o pensamento que me vem de improviso, e as ideias que em mim desperta a vista de uma paisagem ou do oceano - o aspecto enfim da natureza.
Casar assim o pensamento com o sentimento – o coração com o entendimento - a idéia com a paixão - cobrir tudo isto com a imaginação, fundir tudo isto com a vida e com a natureza,
Purificar tudo com o sentimento da religião e da divindade, eis a Poesia - a Poesia grande e santa - a Poesia como eu a compreendo sem a poder definir, como eu a sinto sem a poder traduzir. O esforço - ainda vão - para chegar a tal resultado é sempre digno de
Louvor; talvez seja este o só merecimento deste volume.

O Público o julgará; tanto melhor se ele o despreza, porque o Autor interessa em acabar com essa vida desgraçada, que se diz de Poeta.
Rio de Janeiro, julho de 1846.

quarta-feira, julho 25, 2012

Pensamento Humano uma Dinâmica


Questionar a existência sem o uso do pensamento racional é tributar a negação da própria espécie humana.
A não existência do pensamento é fundamentalmente a inexistência da aprendizagem e toda construção do conhecimento humano.
O fundamental no processo da construção do pensamento, é em sim a atividade da articulação do seu pensar que lhe confere condições de transcender tudo e movimentasse no mundo inteirado e integrado com realidade humana.
O pensamento é uma dinâmica mental qual consente aos seres humanos ler a existência em seu redor e com isso compreender o modo concretizado de sua realidade existencial. O pensamento é considerado como a mais interna expressão da manifestação do ser humano.
Pois são através dos sons, imagens, símbolos, e idéias que se revela a realidade do desejo humano. Etimologicamente, pensar constitui analisar a importância de algum fato. Num sentido vasto, dizemos que o pensamento tem a aptidão de avaliar a realidade que fazemos parte. Essencialmente o homem foi projetado para pensar.
"Sou uma coisa que pensa, isto é, que duvida que afirma e que ignora muitas coisas, que ama ou que odeia que quer e não quer, que também imagina e que sente" Renê Descartes.
O pensamento completa a distinção humana é o seu modo de pensar que o define existencialmente. Pode pensar grande ou a pequeno. A sua dignidade perante si mesmo decorre do modo como pensa sobre si mesmo. É só que ponderará o real e se aplicará para desvendá-lo, na tentativa de vislumbrar toda sua riqueza e inclusão humana dentro da existencial. Pensar assim é interagir com a realidade e desejar vigorosamente a compreensão da vida pela articulação da reflexão do pensamento vivo e ativo. O pensamento pequeno, obscuro ignora o sentido da investigação e do conhecimento. Tal postura de pensar converte-se em pobreza presa de sua condição histórica. Por meio da atividade pensante, ele descobre e vive à liberdade de si mesmo. Copyright educação . Todos os direitos reservados.

Educação Para Cidadania em Platão

Platão Cidadania e Educação


A contribuições de Platão no que se refere à educação e à formação do ser humano como cidadão consciente dos direitos e deveres, presente na obra "A República".
Platão nasceu em Atenas, por volta do ano 427 antes de Cristo.
Pertencia a uma família da aristocracia cujos membros tomavam parte ativa na vida educacional dos cidadãos atenienses. A sua existência coincide com um período de profundas transformações na “Formação do Homem Grego”.

A formação daquele que seria o fundador da Academia foi marcada pelo encontro com Sócrates. O pensamento de Platão recebeu uma inegável influência do seu mestre. O ensinamento de Sócrates frisava que todo ser humano deveria estar baseado em conceitos claros e seguros. A influência socrática fez que o primado da formação em Platão se transformasse em primado da educação para a cidadania dos atenienses.

O termo cidadania vem de cidade, de onde procede, também, o termo política; o que significa dizer que a cidadania é o verdadeiro exercício do ser político do homem. Cidadania significa a convivência humana na cidade, ou seja, a convivência coletiva dos homens, onde cada componente tem a ver com os destinos do todo e de cada um. Se, de um lado, cidadania é tudo aquilo que caracteriza o homem, de outro lado, a ela é o compromisso de cada homem, na medida em que cabe a cada um a obrigação humana de exercê-la pela participação.

Cidadania, educação, participação e política não se dissociam. Não basta adentrar a ágora para fazer política, é necessário conhecer antes o que é a verdadeira política, e só depois de obtido esse conhecimento agir com coerência. Essa grande linha de força que percorre a reflexão platônica na República é que suscita uma inédita tematização do saber para a formação do cidadão ateniense. Daí afirmamos que, para Platão, não só a Academia, mas também a educação é um dos campos mais férteis para o exercício da cidadania.

Platão é um filósofo que teve muita influência sobre a educação grega. A grande indagação que se fazia na cultura grega era: que atitude tomar para se chegar à sabedoria da vida? A filosofia platônica devia, pois, ocupar-se com questões humanas, de sentido para existência. Platão estava em harmonia com Sócrates sobre a necessidade de se procurar uma nova base moral e cidadã para a vida. Platão interpretou Sócrates de forma vigorosa e até ultrapassou, de muito, sua doutrina ética, dando-lhe suporte gnosiológico e metafísico.

Com relação ao método, Platão aceitou e desenvolveu a dialética de Sócrates; ele a definiu como sendo um “contínuo discurso consigo mesmo”. Nesse sentido, a educação seria um processo do próprio educando, mediante o qual são dadas à luz as idéias que fecundam sua alma. O papel do educador consiste em promover no educando o processo de interiorização, graças ao qual ele pode sentir a presença das idéias.

Platão introduziu na Filosofia da Educação a idéia de que existem diferentes maneiras de conhecer ou graus de conhecimento, e esses graus se distinguem pela ausência ou presença do verdadeiro, pela ausência ou presença do falso. A realidade, para Platão, nada mais é do que a idéia que se realiza ou atualiza. Na educação deve-se levar em conta tanto o corpo como o espírito. Diz Platão: “A boa educação é que dá ao corpo e à alma toda beleza, toda perfeição de que são capazes.”

Alguns historiadores e especialistas, apoiados em juízos superficiais, chegam a rotular Platão como um idealista exacerbado, alheio à realidade concreta. Porém a análise de "A República" revela o seu autor como um profundo conhecedor do seu ambiente social e um primoroso crítico competente das estruturas educacionais do seu tempo.

O aprofundamento do estudo sobre educação e cidadania: Platão e a formação do cidadão na sociedade grega nos remetem àquilo com que muitas pessoas têm-se preocupado mundo afora, bem como aos seus limites. No tempo presente, continua a preocupação sobre a educação para a cidadania, sendo ainda um enorme enigma e, portanto, uma proposta de busca constante de entendimento para todo aquele que deseja descobrir o verdadeiro sentido do seu existir. O homem é bom enquanto bom cidadão.

Para Platão o indivíduo por si só não pode aproximar-se da perfeição; torna-se necessário o Estado e/ou a Comunidade Política. A Idéia do homem se realiza somente na comunidade. A cidadania platônica desemboca na vida política. Nessa direção, a filosofia da educação prestava enorme serviço à política ateniense, que era, por sua vez, um lugar concreto e o porquê da importância da filosofia. Educavam-se cidadãos para a Pólis, o que equivale a dizer, para a cidadania.

Iniciação Ao Mundo Das Reflexões Vivas.

Aqui temos a chance de nos confrontar com frases de efeito e pensamentos de vários nomes da história que certamente podem nos introduzir para uma boa compreensão da realidade e de nossa profundidade humana.


Saboreiem as idéias deles e associem com as suas e tenham um bom resultado pensante.
Os textos expostos nesse capitulo, se constituem em uma admirável forma de uma nova ordem de pensar a vida.

“Porque estamos certos de que a visão depende de nós e se origina em”.
Nossos olhos, expondo nosso interior ao exterior, falamos em janelas da.
alma./Porém, porque estamos igualmente certos de que a visão se
Origina lá nas coisas, delas depende, nascendo do “teatro do mundo”, as.
Janelas da alma são também espelhos do mundo.”.
Marilena Chaui (1)

”Desejo dizer uma palavra em nome da natureza, em nome da liberdade absoluta, em nome da amplidão, que contrastam com a liberdade e a cultura das cidades — no sentido de considerar o homem como um habitante da natureza, ou parte e parcela dela, e não como um elemento da sociedade. Desejo fazer uma exposição vasta e, se puder, a farei enfática, pois existem muitíssimos campeões da civilização. Não só o ministro e as congregações das escolas, mas todos vós a tomareis em consideração.”
Henry David Thoreau

“Mais uma vez os homens, desafiados pela dramaticidade da hora atual, se propõem a si mesmo como problema. Descobrem que pouco sabem de si, de seu “posto no cosmos” e se inquietam por saber mais. Estará, alias, no reconhecimento do seu pouco saber de si uma das razões desta procura. Ao se instalarem na quase senão trágica descoberta do seu pouco saber de si, se fazem problema a eles mesmos. Indagam. Respondem, e suas respostas os levam as novas perguntas. “ Paulo Freire.

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" Antoine de Saint – Exupéry
”Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” Jesus Cristo.


“Deus protege os que apóiam a própria fraqueza em sua força.” Fénelon.

“Ardemos de desejo de encontrar um ponto de apoio fixo e uma base sólida,
Sobre a qual edificar uma torre que se eleva até o infinito.” Blaise pascal

“A primeira prova de homem verdadeiramente grande é a humildade.” Proust

“Já é tempo de instaurar a religião o amor.” Louis Aragon


“Cada indivíduo carrega dentro de si algo de todo o interesse final do cosmos.”
Teilhard de Chardin

“Antes que se quebre a corrente de prata, e se despedace a taça de ouro,
Beba cada momento até as ultimas gotas.”
Ruben Alves


“Louvai e bendizei a meu Senhor
E daí--lhe graças,
E servi-o com grande humildade”. (cânticos das criaturas)
São Francisco de Assis.

“Que eu me torne em todos os momentos, agora e sempre, um protetor para os desprotegidos, Um guia para os que perdem o rumo, Um navio para os que têm oceanos a cruzar, Uma ponte para os que têm rios a atravessar, Um santuário para os que estão em perigo, Uma lâmpada para os que não tem luz, Um refugio para os que não tem abrigo e um servidor para todos os necessitados”.
Dalai Lama

Para que quando minha morte chegasse Eu não descobrisse que não vivi..."
(Henri D. Thoreu)
“Chamar-me-ão, de subversivo.
Eu responderei incisivo o sou. Pelo meu povo que luta, pelo que trilha apresado.
Caminhos de sofrimento.
Eu tenho fé de guerrilheiro.
E amor e revolução.
E entre o evangelho e canção penso, e digo o que sei.
Se escandalizo; primeiro eu me abrasei de paixão na cruz do meu Senhor”.
Dom Pedro Casaldáliga

“Não me canso de contemplar o mistério da eternidade da vida.”
Aubert Einstein

“Se fecharmos a porta para todos os erros, impedimos também a entrada da verdade.” Tagore

“Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás.”
Ernesto Che Guevara

“Lutando pela restauração de sua humanidade estarão, sejam homens ou povos, tentando a restauração da generosidade verdadeira.” Paulo Freire

“Quando pensamos, fazemo-lo com o fim de julgar ou chegar a uma conclusão; quando sentimos, é para atribuir um valor pessoal a qualquer coisa que o fazemos”. C. G. Jung

“O grande acontecimento da minha vida foi a gradual identificação de dois sóis no céu da minha alma, sendo um ápice cósmico postulado por uma evolução generalizada do tipo convergente e outro constituído pelo Jesus da fé cristã.”
Teilhard de Chardin

"No meio de toda dificuldade, sempre existe uma oportunidade" - Albert Einstein

“Não há mais que de três espécies de homens: uns que servem a Deus por telo encontrado; outros que o procuram sem telo encontrado ainda; e outros que vivem sem procurá-lo nem telo encontrado. Os primeiros são razoáveis e felizes, os últimos são loucos e infelizes; os do meio são sensatos e infelizes.“ Blaise Pascal

“A passagem de cada indivíduo, de cada geração é breve, sem dúvida, mas pode deixar traços que não se apagarão.” Albert Jacquard
“Um espírito leviano esquece, um coração generoso perdoa.” Voltaire
“A pessoa não é uma coisa, uma substancia, um objeto. “
Martin Heidegger

“Nos anos 90 aprendemos que em sessenta anos de industrialização, o Brasil havia gerado três categorias sócias ricos, pobres e indigentes.”
Herbert de Souza.

“O século está estressado porque não sabe quem deve defender nem como.”
Umberto Eco.

"Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar minha ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo" - Mahatma Gandhi

“O pensamento sadio não significa apenas analise dos pensamentos que na verdade são relativamente faceies de identificar também a consideração das possibilidades.”
Erich Fromm

“A questão da verdade é muito difícil. Resolvi-a por minha própria conta: é aquilo que a voz interior diz dentro de cada um de nos.” Mahatma Gandhi


“Nos poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons.”
Sigmund Freud

“Tudo que chamamos de real é feito de coisas que não podem ser consideradas reais”. Niels Bohr

"Ninguém ignora tudo, ninguém sabe tudo. Por isso, aprendemos sempre" Paulo Freire

“O pensar parece ser um processo apenas natural e todos perecem satisfeitos com sua própria competência. Mas, as circunstâncias não são assim tão simples, e o ponto que a alguns poucos chegam quanto ao excelente nível de suas reflexões, não a alcançaram apenas pela sorte”. Celso Antunes. 2

O pensamento sadio não significa apenas analise dos pensamentos que na verdade são relativamente faceies de identificar também a consideração das possibilidades.
Erich Fromm

Deve existir nos homens um sentimento profundo que corresponde a essa palavra LIBERDADE, pois sobre ela se têm escrito poemas e hinos, a ela se tem até morrido com alegria e felicidade. Cecília Meireles
A que propósito serve toda lida e alvoroço deste mundo? Qual o objetivo da avareza e da ambição, da busca da riqueza, do poder e da proeminência? Os salários do mais humilde trabalhador podem supri-las
Adam Smith
“Os pensamentos que vem com pés de lã são os que dirigem o mundo.” Zaratrusta
“Pensar é o trabalho mais pesado que existe, talvez seja por essa razão que poucos se dedicam a isso”. Henry Ford.

”O pensamento sadio não significa apenas analise dos pensamentos que na verdade são relativamente faceies de identificar também a consideração das possibilidades”. Erich Fromm.

"A imaginação é como um braço extra, com o qual você pode agarrar coisas que de outra forma não estariam ao seu alcance”. Sartre
"Fui à floresta viver de livre vontade, para sugar o tutano da vida. Aniquilar tudo o que não era vida. Para, quando morrer, não descobrir que não vivi". (Henry David Thoreau)


"As virgens que fazem muito caso do tempo
Apanha os botões de rosa enquanto podes
O tempo voa
E esta flor que hoje sorri
Amanhã estará morta". (Henry David Thoreau)

"Duas estradas divergiam em um bosque e eu segui pela menos usada. Isso fez toda a diferença". (Robert Frost)

"Oh eu, oh vida
Das perguntas sempre iguais
Dos interminaveis comboios de descrentes
Das cidades a abarrotar de idiotas
O que há de bom no meio disto
Oh eu, oh vida?" (Walt Whitman)

"Carpe Diem" (Horácio)

"A pujante peça da vida continua e tu podes contribuir com um verso".
"A existência humana não é um simples fato: ela articula, no próprio ato da sua manifestação, a questão do ser. Existir é habitar estaticamente na verdade do Ser. Pensar é descobrir reflexivamente o caminho do Ser: não significa, originariamente, compreender algo, mas compreender que se está já situado."


1- CHAUI, Marilena. “Janela da alma, espelho do mundo.” In: NOVAES, Adauto.
Org. O Olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, pp. 33-4.

2 - A teoria das inteligências libertadoras pág. 99 – Petrópolis-RJ. Editora Vozes.

QUE E ISSO - A FILOSOFIA? Por Martin Heidegger

QUE E ISSO - A FILOSOFIA?


COM ESTA questão tocamos um tema muito vasto. Por ser vasto, permanece indeterminado.

Por ser indeterminado, podemos tratá-lo sob os mais diferentes pontos de vista e sempre atingiremos algo certo. En¬tretanto, pelo fato de, na abordagem deste tema tão amplo, se interpene¬trarem todas as opiniões, corremos o risco de nosso diálogo perder a devida concentração.
Por isso devemos tentar determinar mais exatamente a questão. Des¬ta maneira, levaremos o diálogo para uma direção segura. Procedendo assim, o diálogo é conduzido a um caminho. Digo: a um caminho. Assim concedemos que este não é o único caminho. Deve ficar mesmo em aberto se o caminho para o qual desejaria chamar a atenção, no que segue, é na verdade em caminho que nos permite levantar a questão e respondê-la.
Suponhamos que seríamos capazes de encontrar um caminho para responder mais exatamente à questão; então se levanta imediatamente uma grave objeção contra o tema de nosso encontro. Quando perguntamos:
Que é isto — a filosofia?, falamos sobre a filosofia. Perguntando desta maneira, permanecemos, num ponto acima da filosofia e isto quer dizer fora dela. Porém, a meta de nossa questão é penetrar na filosofia, demo¬rarmo-nos nela, submeter nosso comportamento às suas leis, quer dizer, “filosofar”. O caminho de nossa discussão deve ter por isso não apenas uma direção bem clara, mas esta direção deve, ao mesmo tempo, ofere¬cer-nos também a garantia de que nos movemos no âmbito da filosofia, e não fora e em torno dela.
O caminho de nossa discussão deve ser, portanto, de tal tipo e direção que aquilo de que a filosofia trata atinja nossa responsabilidade, nos toque (nous touche),2 e justamente em nosso ser.
Mas não se transforma assim a filosofia num objeto de nosso mundo afetivo e sentimental?
‘Com os belos sentimentos faz-se a má literatura.” “C’est avec les beaux sentiments que l’on faít la mauvaise litterature.” Esta palavra de André Gide não vale só para a literatura; vale ainda mais para a filosofia. Mesmo os mais belos sentimentos não pertencem à filosofia. Diz-se que os senti¬mentos são algo de irracional. A filosofia, pelo contrário, não é apenas algo racional, mas a própria guarda da ratio. Afirmando isto decidimos sem querer algo sobre o que é a filosofia. Com nossa pergunta já nos antecipamos à resposta. Qualquer uma terá por certa a afirmação de que a filosofia é tarefa da ratio. E, contudo, esta afirmação é talvez uma resposta apressada e descontrolada à pergunta: Que é isto — a filosofia? Pois a esta resposta podemos contrapor novas questões. Que é isto — a ratio, a razão? Onde e por quem foi decidido o que é a razão? Arvorou-se a ratio mesma em senhora da filosofia? Em caso afirmativo, com que direito? Se negativa a resposta, de onde recebe ela sua missão e seu papel? Se aquilo que se apresenta como ratio foi primeiramente e apenas fixado pela filosofia e na marcha de sua história, então não é de bom alvitre tratar a priori a filosofia como negócio da ratio. Todavia, tão logo pomos em suspeição a caracterização da filosofia como um comportamento racional, torna-se, da mesma maneira, também duvidoso se a filosofia pertence à esfera do ir¬racional. Pois quem quiser determinar a filosofia como irracional, toma como padrão para a determinação o racional, e isto de um tal modo que novamente pressupõe como óbvio o que seja a razão.
Se, por outro lado, apontamos para a possibilidade de que aquilo a que a filosofia se refere concerne a nós homens em nosso ser e nos toca, então poderia ser que esta maneira de ser afetado não tem absolutamente nada a ver com aquilo que comumente se designa como afetos e senti¬mentos, em resumo, o irracional.
Do que foi dito deduzimos primeiro apenas isto: é necessário maior cuidado se ousamos inaugurar um encontro com o título: “Que é isto — A Filosofia?”
Um tal cuidado exige primeiro que procuremos situar a questão num caminho claramente orientado, para não vagarmos através de repre¬sentações arbitrárias e ocasionais a respeito da filosofia. Como, porém, encontraremos o caminho no qual poderemos determinar de maneira se¬gura a questão?
O caminho para o qual desejaria apontar agora está imediatamente diante de nós. E precisamente pelo fato de ser o mais próximo o achamos difícil. Mesmo quando o encontramos, movemo-nos, contudo, ainda sem¬pre desajeitadamente nele. Perguntamos: Que é isto — a filosofia? Pro¬nunciamos assaz freqüentes vezes a palavra “filosofia”. Se, porém, agora não mais empregarmos a palavra “filosofia’ como um termo gasto; se em vez disso escutarmos a palavra “filosofia” em sua origem, então, ela soa philosophía. A palavra ‘filosofia” fala agora através do grego. A palavra grega é, enquanto palavra grega, um caminho. De um lado, esse caminho se estende diante de nós, pois a palavra já foi proferida há muito tempo.De outro lado, ele já se estende atrás de nós, pois ouvimos e pronunciamos esta palavra desde os primórdios de nossa civilização. Desta maneira, a palavra grega philosophía é um caminho sobre o qual estamos a caminho. Conhecemos, porém, este caminho apenas confusamente, ainda que pos¬suamos muitos conhecimentos históricos sobre a filosofia grega e os pos¬samos difundir.
A palavra philosophía diz-nos que a filosofia é algo que pela primeira vez e antes de tudo vinca a existência do mundo grego. Não só isto — a philosophía determina também a linha mestra de nossa história ocidental¬-européia. A batida expressão “filosofia ocidental-européia” é, na verdade, uma tautologia. Por quê? Porque a ‘filosofia” é grega em sua essência —e grego aqui significa: a filosofia é nas origens de sua essência de tal natureza que ela primeiro se apoderou do mundo grego e só dele, usando-o para se desenvolver.
Mas a essência originariamente grega da filosofia é dirigida e do¬minada, na época de sua vigência na Modernidade Européia, por repre¬sentações do cristianismo. A hegemonia destas representações é mediada pela Idade Média. Entretanto, não se pode dizer que por isto a filosofia se tornou cristã, quer dizer, uma tarefa da fé na revelação e na autoridade da Igreja. A frase: a filosofia é grega em sua essência, não diz outra coisa que: o Ocidente e a Europa, e somente eles, são, na marcha mais íntima de sua história, originariamente “filosóficos”. Isto é atestado pelo surto e domínio das ciências. Pelo fato de elas brotarem da marcha mais íntima da história ocidental-européia, o que vale dizer do processo da filosofia, são elas capazes de marcar hoje, com seu cunho específico, a história da humanidade pelo orbe terrestre.
Consideremos por um momento o que significa o fato de caracte¬rizarmos uma era da história humana de “era atômica”. A energia atômica descoberta e liberada pelas ciências é representada como aquele poder que deve determinar a marcha da história. Entretanto, a ciência nunca existiria se a filosofia não a tivesse precedido e antecipado. A filosofia, porém, é: he philosophía. Esta palavra grega liga nosso diálogo a uma tra-dição historial. Pelo fato de esta tradição permanecer única, ela é também unívoca. A tradição designada pelo nome grego philosophía, tradição no¬meada pela palavra historial philosophía, mostra-nos a direção de um ca¬minho, no qual perguntamos: que é isto — a filosofia?
A tradição não nos entrega à prisão do passado e irrevogável. Trans¬mitir, delivrer¹ é um libertar para a liberdade do diálogo com o que foi e continua sendo. Se estivermos verdadeiramente atentos à palavra e me¬ditarmos o que ouvimos, o nome “filosofia” nos convoca para penetrarmos na história da origem grega da filosofia. A palavra philosophía está, de certa maneira, na certidão de nascimento de nossa própria história; podemos mesmo dizer: ela está na certidão de nascimento da atual época da história universal que se chama era atômica. Por isso somente podemos levantar a questão: Que é isto — a filosofia?, se começamos um diálogo com o pensamento do mundo grego.
Porém, não apenas aquilo que está em questão, a filosofia, é grego em sua origem, mas também a maneira como perguntamos, mesmo a nossa maneira atual de questionar ainda é grega.
Perguntamos: que é isto...? Em grego isto é: ti estin. A questão relativa ao que algo seja permanece, todavia, multívoca. Podemos perguntar, por perguntar, por exemplo: que é aquilo lá longe? Obtemos então a resposta: uma árvore. A resposta consiste em darmos o nome a uma coisa que não conhecemos exatamente.
Podemos, entretanto, questionar mais: que é aquilo que designamos “árvore"? Com a questão agora posta avançamos para a proximidade do ti estin grego. E aquela forma de questionar desenvolvida por Sócrates, Platão e Aristóteles. Estes perguntam, por exemplo: Que é isto — o belo? Que é isto — o conhecimento? Que é isto — a natureza? Que é isto — o movimento?
Agora, porém, devemos prestar atenção para o fato de que nas ques¬tões acima não se procura apenas uma delimitação mais exata do que é natureza, movimento, beleza; mas é preciso cuidar para que ao mesmo tempo se dê uma explicação sobre o que significa o “que’, em que sentido se deve compreender o ti. Aquilo que o ‘que’ significa se designa o quid est, tò quid: a quidditas, a qüididade. Entretanto, a quidditas se determina diversamente nas diversas épocas da filosofia. Assim, por exemplo, a fi¬losofia de Platão é uma interpretação característica daquilo que quer dizer o ti. Ele significa precisamente a idéia O fato de nós, quando perguntamos pelo ti, pelo quid, nos referimos à “idéia” não é absolutamente evidente. Aristóteles dá uma outra explicação do ti que Platão. Outra ainda dá Kant e também Hegel explica o tí de modo diferente. Sempre se deve determinar novamente aquilo que é questionado através do fio condutor que repre¬senta o ti, o quid, o “que”. Em todo caso: quando, referindo-nos à filosofia, perguntamos: que é isto?, levantamos uma questão originariamente grega.
Notemos bem: tanto o tema de nossa interrogação: “a filosofia”, como o modo como perguntamos: “que é isto...?” — ambos permanecem gregos em sua proveniência. Nós mesmos fazemos parte desta origem, mesmo então quando nem chegamos a dizer a palavra “filosofia’. Somos propria¬mente chamados de volta para esta origem, reclamados para ela e por ela, tão logo pronunciemos a pergunta: Que é isto — a filosofia? não apenas em seu sentido literal, mas meditando seu sentido profundo.
[A questão: que é filosofia? não é uma questão que uma espécie de conhecimento se coloca a si mesmo (filosofia da filosofia). A questão tam¬bém não é de cunho histórico; não se interessa em resolver como começou e se desenvolveu aquilo que se chama “filosofia”. A questão é carregada de historicidade, é historial, quer dizer, carrega em si um destino, nosso destino. Ainda mais: ela não é ‘uma”, ela é a questão historial de nossa existência ocidental-européia.]
Se penetrarmos no sentido pleno e originário da questão: Que é isto — a filosofia? então nosso questionar encontrou, em sua proveniência historial, uma direção para nosso futuro historial. Encontramos um cami¬nho. A questão mesma é um caminho. Ele conduz da existência própria ao mundo grego até nós, quando não para além de nós mesmos. Estamos — se perseverarmos na questão — a caminho, num caminho claramente orientado. Todavia, não nos dá isto uma garantia de que já, desde agora, sejamos capazes de trilhar este caminho de maneira correta. Já desde há muito tempo costuma-se caracterizar a pergunta pelo que algo é, como a questão da essência. A questão da essência torna-se mais viva quando aquilo por cuja essência se interroga, se obscurece e confunde, quando ao mesmo tempo a relação do homem para com o que é questionado se mostra vacilante e abalada.
A questão de nosso encontro refere-se à essência da filosofia. Se esta questão brota realmente de uma indigência e se não está fadada a continuar apenas um simulacro de questão para alimentar uma conversa, então a filosofia deve ter-se tornado para nós problemática, enquanto filosofia. É isto exato? Em caso afirmativo, em que medida se tornou a filosofia pro¬blemática para nós? Isto evidentemente só podemos declarar se já lançamos um olhar para dentro da filosofia. Para isso é necessário que antes saibamos que é isto — a filosofia. Desta maneira somos estranhamente acossados dentro de um círculo. A filosofia mesma parece ser este círculo. Suponha¬mos que não nos podemos libertar imediatamente do cerco deste círculo; entretanto, é-nos permitido olhar para este círculo. Para onde se dirigirá nosso olhar? A palavra grega philosophía mostra-nos a direção.
Aqui se impõe uma observação fundamental. Se nós agora ou mais tarde prestamos atenção às palavras da língua grega, penetramos numa esfera privilegiada. Lentamente vislumbramos em nossa reflexão que a língua grega não é uma simples língua como as européias que conhecemos. A língua grega, e somente ela, é lógos. Disto ainda deveremos tratar ainda mais profundamente em nossas discussões. Para o momento sirva a in¬dicação: o que é dito na língua grega é, de modo privilegiado, simulta¬neamente aquilo que em dizendo se nomeia. Se escutarmos de maneira grega uma palavra grega, então seguimos seu légein, o que expõe sem intermediários, O que ela expõe é o que está aí diante de nós. Pela palavra grega verdadeiramente ouvida de maneira grega, estamos imediatamente sem presença da coisa mesma, aí diante de nós, e não primeiro apenas diante de uma simples significação verbal.
A palavra grega philosophía remonta à palavra philósophos. Originariamente esta palavra é um adjetivo como philárgyros, o que ama a prata, como philótimos, o que ama a honra. A palavra philósophos foi presumivelmente criada por Heráclito. Isto quer dizer que para Heráclito ainda não existe a philosophía. Um anèr philósophos não é um homem ‘filosófico’. O adjetivo grego philósophos significa algo absolutamente diferente que os adjetivos filosófico, philosophique. Um anèr philósophos é aquele, hòs philei tá sophón; philein, que ama a sophón significa aqui, no sentido de Heráclito: ho¬mologein, falar assim como o Lógos fala, quer dizer, corresponder ao Lógos. Este corresponder está em acordo com o sophón. Acordo é harmonia. O elemento específico de philein do amor, pensado por Heráclito, é a harmonia que se revela na recíproca integração de dois seres, nos laços que os unem origina¬riamente numa disponibilidade de um para com o outro.
O anèr philósophos ama o sophón. O que esta palavra diz para Heráclito é difícil traduzir. Podemos, porém, elucidá-lo a partir da própria explicação de Heráclito. De acordo com isto, tá sophón significa: Hèn Pánta ‘Um (é) Tudo. Tudo quer dizer aqui: Pánta tà ónta, a totalidade, o todo do ente. Hèn, o Um, designa: o que é um, o único, o que tudo une. Unido é, entretanto, todo o ente no ser. O sophón significa: todo ente é no ser. Dito mais precisamente: o ser é o ente. Nesta locução, o “é” traz uma carga transitiva e designa algo assim como “recolhe”. O ser recolhe o ente pelo fato de que é o ente. O ser é o recolhimento — Lógos.
Todo o ente é no ser. Ouvir tal coisa soa de modo trivial em nosso ouvido, quando não de modo ofensivo. Pois, pelo fato de o ente ter seu lugar no ser, ninguém precisa preocupar-se. Todo mundo sabe: ente é aquilo que é. Qual a outra solução para o ente a não ser esta: ser? E entretanto: precisamente isto, que o ente permaneça recolhido no ser, que no fenômeno do ser se manifesta o ente; isto jogava os gregos, e a eles primeiro unicamente, no espanto. Ente no ser: isto se tomou para os gregos o mais espantoso.
Entretanto, mesmo os gregos tiveram que salvar e proteger o poder de espanto deste mais espantoso — contra o ataque do entendimento sofista, que dispunha logo de uma explicação, compreensível para qual¬quer um, para tudo e a difundia. A salvação do mais espantoso — ente no ser — se deu pelo fato de que alguns se fizeram a caminho na sua direção, quer dizer, do sophón. Estes tomaram-se por isto aqueles que tendiam para o sophón e que através de sua própria aspiração despertavam nos outros homens o anseio pelo sophón e o mantinham aceso. O philein tà sophón, aquele acordo com o sophón de que falamos acima, a harmonia, transformou-se em órecsis, num aspirar pelo sophón. O sophón — o ente no ser — é agora propriamente procurado. Pelo fato de o philein não ser mais um acordo originário com o sophón, mas um singular aspirar pelo sophón, o philein tò sophón torna-se “philosophía”. Esta aspiração é determinada pelo Éros.
Uma tal procura que aspira pelo sophón, pelo hèn pánta, pelo ente no ser, se articula agora numa questão: que é o ente, enquanto é? Somente agora o pensamento toma-se “filosofia”. Heráclito e Parmênides ainda não eram “filósofos”. Por que não? Porque eram os maiores pensadores. “Maio¬res” não designa aqui o cálculo de um rendimento, porém aponta para uma outra dimensão do pensamento. Heráclito e Parmênides eram “maiores” no sentido de que ainda se situavam no acordo com o Lógos, quer dizer, com o Hèn Pánta. O passo para a “filosofia”, preparado pela sofística, só foi realizado por Sócrates e Platão. Aristóteles então, quase dois séculos depois de Heráclito, caracterizou este passo com a seguinte afirmação: Kai dê kai tá pálai te kai nyn kai aei zetoúmenon kai aei aporoúmenon, ti tò ón? (Metafísica, VI, 1, 1028 b 2 ss.). Na tradução isso soa: “Assim, pois, é aquilo para o qual (a filosofia) está em marcha já desde os primórdios, e também agora e para sempre e para o qual sempre de novo não encontra acesso (e que é por isso questionado): que é o ente? (ti tò ón)”.
A filosofia procura o que é o ente enquanto é. A filosofia está a caminho do ser do ente, quer dizer, a caminho do ente sob o ponto de vista do ser. Aristóteles elucida isto, acrescentando uma explicação ao ti tò ón, que é o ente?, na passagem acima citada: toutó esti tís he ousia? Traduzido: “Isto (a saber, ti tà ón) significa: que é a entidade do ente?” O ser do ente consiste na entidade. Esta, porém — a ousia —, é determinada por Platão como idéia, por Aristóteles como enérgeia.
De momento ainda não é necessário analisar mais exatamente o que Aristóteles entende por enérgeia e em que medida a ousia se deixa deter¬minar pela enérgeia. O importante por ora é que prestemos atenção como Aristóteles delimita a filosofia em sua essência. No primeiro livro da Me¬tafísica (Metafísica, 1, 2, 982 b 9 s.), o filósofo diz o seguinte: A filosofia é epistéme tõn próton arkhõn Kai aitiõn theoretiké? Traduz-se facilmente epistéme por “ciência”. Isto induz ao erro, porque, com demasiada facilidade, per¬mitimos que se insinue a moderna concepção de “ciência”. A tradução de epistéme por “ciência” é também, então, enganosa quando entendemos “ciência” no sentido filosófico que tinham em mente Fichte, Schelling e Hegel. A palavra epistéme deriva do particípio epistámenos. Assim se chama o homem enquanto competente e hábil (competência no sentido de appar¬tenance). A filosofia é epistéme tís, uma espécie de competência, theoretiké, que é capaz de theorein, quer dizer, olhar para algo e envolver e fixar com o olhar aquilo que perscruta. E por isso que a filosofia é epistéme theoretiké. Mas que é isto que ela perscruta?
Aristóteles di-lo, fazendo referência às pròtai arkhai kai aitíai. Costu¬ma-se traduzir: “as primeiras razões e causas” — a saber, do ente. As primeiras razões e causas constituem assim o ser do ente. Após dois mi¬lênios e meio me parece que teria chagado o tempo de considerar o que afinal tem o ser do ente a ver com coisas tais como “razão” e “causa”.
Em que sentido é pensado o ser para que coisas tais como “razão” e “causa” sejam apropriadas para caracterizarem e assumirem o sendo-ser do ente?
Mas nós dirigimos nossa atenção para outra coisa. A citada afirmação de Aristóteles diz-nos para onde está a caminho aquilo que se chama, desde Platão, “filosofia”. A afirmação nos informa sobre isto que é — a filosofia. A filosofia é uma espécie de competência capaz de perscrutar o ente, a saber, sob o ponto de vista do que ele é, enquanto é ente.
A questão que deve dar ao nosso diálogo a inquietude fecunda e o movimento e indicar para nosso encontro a direção do caminho, a ques¬tão: que é filosofia? Aristóteles já a respondeu. Portanto, não é mais ne¬cessário nosso encontro. Está encerrado antes de ter começado. Revidar¬-se-á logo que a afirmação de Aristóteles sobre o que é a filosofia não pode ser absolutamente a única resposta à nossa questão. No melhor dos casos, é ela uma resposta entre muitas outras. Com o auxilio da caracterização aristotélica de filosofia pode-se evidentemente representar e explicar tanto o pensamento antes de Aristóteles e Platão quanto a filosofia posterior a Aristóteles. Entretanto, facilmente se pode apontar para o fato de que a filosofia mesma, e a maneira como ela concebe sua essência, passou por várias transformações nos dois milênios que seguiram o Estagirita. Quem ousaria negá-lo? Mas não podemos passar por alto o fato de a filosofia de Aristóteles e Nietzsche permanecer a mesma, precisamente na base destas transformações e através delas. Pois as transformações são a garantia para o parentesco no mesmo.
De nenhum modo afirmamos com isto que a definição aristotélica de filosofia tenha valor absoluto. Pois ela é já em meio à história do pen¬samento grego uma determinada explicação daquele pensamento e do que lhe foi dado como tarefa. A caracterização aristotélica da filosofia não se deixa absolutamente retraduzir no pensamento de Heráclito e de Par¬mênides; pelo contrário, a definição aristotélica de filosofia certamente é livre continuação da aurora do pensamento e seu encerramento. Digo livre continuação porque de maneira alguma pode ser demonstrado que as filosofias tomadas isoladamente e as épocas da filosofia brotam uma das outras no sentido da necessidade de um processo dialético.
Do que foi dito, que resulta para nossa tentativa de, num encontro, tratarmos a questão: Que é isto — a filosofia? Primeiramente um ponto: não podemos ater-nos apenas à definição de Aristóteles. Disto deduzimos o outro ponto: devemos ocupar-nos das primeiras e posteriores definições de filosofia. E depois? Depois alcançaremos uma fórmula vazia, que serve para qualquer tipo de filosofia. E então? Então estaremos o mais longe possível de uma resposta à nossa questão. Por que se chega a isto? Porque, pelo processo há pouco referido, somente reunimos historicamente as de¬finições que estão aí prontas e as dissolvemos numa fórmula geral. Isto se pode realmente fazer quando se dispõe de grande erudição e auxiliado por verificações certas. Nesta empresa não precisamos, nem em grau mí¬nimo, penetrar na filosofia de tal modo que meditemos sobre a essência da filosofia. Procedendo daquela maneira nos enriquecemos com conhe-cimentos muito mais variados e sólidos e até mais úteis sobre as formas como a filosofia foi representada no curso de sua história. Mas por esta via nunca chegaremos a uma resposta autêntica, isto é, legítima, para a questão: Que é isto — a filosofia? A resposta somente pode ser uma res¬posta filosofante, uma resposta que enquanto resposta filosofa por ela mesma. Mas como compreender esta afirmação? Em que medida uma resposta pode, na medida em que é res-posta, filosofar? Procurarei escla¬recer isto agora provisoriamente por algumas indicações. Aquilo que tenho em mente e a que me refiro sempre perturbará novamente nosso diálogo. Será até a pedra de toque para averiguar se nosso encontro tem chance de se tomar um encontro verdadeiramente filosófico. Coisa que não está absolutamente em nosso poder.
Quando é que a resposta à questão: Que é isto — a filosofia? é uma resposta filosofante? Quando filosofamos nós? Manifestamente apenas então-quando entramos em diálogo com os filósofos. Disto faz parte que discutamos com eles aquilo de que falam. Este debate em comum sobre aquilo que sempre de novo, enquanto o mesmo, é tarefa específica dos filósofos, é o falar, o légein no sentido do dialégesthai, o falar como diálogo. Se e quando o diálogo é necessariamente uma dialética, isto deixamos em aberto.
Uma coisa é verificar opiniões dos filósofos e descrevê-las. Outra coisa bem diferente é debater com eles aquilo que dizem, e isto quer dizer, do que falam.
Supondo, portanto, que os filósofos são interpelados pelo ser do ente para que digam o que o ente é, enquanto é, então também nosso diálogo com os filósofos deve ser interpelado pelo ser do ente. Nós mesmos devemos vir com nosso pensamento ao encontro daquilo para onde a filosofia está a caminho. Nosso falar deve co-responder àquilo pelo qual os filósofos são interpelados. Se formos felizes neste co-responder, res-pondemos de maneira autêntica à questão: Que é isto — a filosofia? A palavra alemã “Antworten”, responder, significa propriamente a mesma coisa que ent-sprechen, co-responder. A resposta à nossa questão não se esgota numa afirmação que res-ponde à questão com uma verificação sobre o que se deve representar quando se ouve o conceito ‘filosofia”. A resposta não é uma afirmação que replica (n’est pas une réponse), a resposta é muito mais a co-respondência (la correspondance), que corresponde ao ser do ente. Imediatamente, porém, quiséramos saber o que constitui o elemento ca¬racterístico da resposta, no sentido da correspondência. Mas primeiro que tudo importa chegarmos a uma correspondência, antes que sobre ela le¬vantemos a teoria.
A resposta à questão: Que é isto — a filosofia? consiste no fato de correspondermos àquilo para onde a filosofia está a caminho. E isto é: o ser do ente. Num tal corresponder prestamos, desde o começo, atenção àquilo que a filosofia já nos inspirou, a filosofia, quer dizer, a philosophía entendida em sentido grego. Por isso somente chegamos assim à corres¬pondência, quer dizer, à resposta à nossa questão, se permanecemos no diálogo com aquilo para onde a tradição da filosofia nos remete, isto é, libera. Não encontramos a resposta à questão, que é a filosofia, através de enunciados históricos sobre as definições da filosofia, mas através do diálogo com aquilo que se nos transmitiu como ser do ente.
Este caminho para a resposta à nossa questão não representa uma ruptura com a história, nem uma negação da história, mas uma apropriação e transformação do que foi transmitido. Uma tal apropriação da história é designada com a expressão “destruição”. O sentido desta palavra é cla¬ramente determinado em Ser e Tempo (§ 6). Destruição não significa ruína, mas desmontar, demolir e pôr-de-lado — a saber, as afirmações puramente históricas sobre a história da filosofia. Destruição significa: abrir nosso ouvido, torna-lo livre para aquilo que na tradição do ser do ente nos inspira. Mantendo nossos ouvidos dóceis a esta inspiração, conseguimos situar-nos na correspondência.
Mas, enquanto dizemos isto, já se anunciou uma objeção. Eis o teor: será primeiro necessário fazer um esforço para atingirmos a correspon¬dência ao ser do ente? Não estamos nós homens já sempre numa tal cor¬respondência, e não apenas de fato, mas do mais íntimo de nosso ser? Não constitui esta correspondência o traço fundamental de nosso ser?
Na verdade, esta é a situação. Mas, se a situação é esta, então não podemos dizer que primeiro nos devemos situar nesta correspondência. E, contudo, dizemos isto com razão. Pois nós residimos, sem dúvida, sem¬pre e em toda parte, na correspondência ao ser do ente; entretanto, só raramente somos atentos à inspiração do ser. Não há dúvida que a cor¬respondência ao ser do ente permanece nossa morada constante. Mas só de tempos em tempos ela se torna um comportamento propriamente as¬sumido por nós e aberto a um desenvolvimento. Só quando acontece isto correspondemos propriamente àquilo que concerne à filosofia que está a caminho do ser do ente, O corresponder ao ser do ente é a filosofia; mas ela o é somente então e apenas então quando esta correspondência se exerce propriamente e assim se desenvolve e alarga este desenvolvimento. Este corresponder se dá de diversas maneiras, dependendo sempre do modo como fala o apelo do ser, ou do modo como é ouvido ou não ouvia um tal apelo, ou ainda, do modo como é dito e silenciado o que se ouviu. Nosso encontro pode dar oportunidade para meditar sobre isto.
Procuro agora dizer apenas uma palavra preliminar ao encontro. Desejaria ligar o que foi exposto até agora àquilo que afloramos, fazendo referencia a palavra de André Gide sobre os “belos sentimentos”. Philosophía é a correspondência propriamente exercida, que fala na medida em que é dócil ao apelo do ser do ente, O corresponder escuta a voz do apelo. O que como voz do ser se dirige a nós dis-põe nosso corresponder. “Co-responder” significa então: ser dis-posto, être dis-posé,³ a saber, a partir do ser do ente. Dis-posé significa aqui literalmente: ex-posto, iluminado e com isto entregue ao serviço daquilo que é. O ente enquanto tal dis-põe de tal maneira o falar que o dizer se harmoniza (accorder) como o ser do ente. O corresponder é, necessariamente e sempre e não apenas ocasionalmente e de vez em quando, um corresponder dis-posto. Ele está numa disposição. E só com base na dis-posição (dis-position) o dizer da correspondência recebe sua precisão, sua vocação.
Enquanto dis-posta e con-vocada, a correspondência é essencialmente uma dis-posição. Por isso o nosso comportamento é cada vez dis-posto desta ou daquela maneira. A dis-posição não é um concerto de sentimentos que emergem casualmente, que apenas acompanham a correspondência. Se ca¬racterizamos a filosofia como a correspondência dis-posta, não-posta, não é absolutamente intenção nossa entregar o pensamento às mudanças fortuitas e vacilações de estados de ânimo. Antes, trata-se unicamente de apontar para o fato de que toda precisão do dizer se funda numa disposição da corres-pondência, da correspondance, digo eu, à escuta do apelo.
Antes de mais nada, porém, convém notar que a referência à es¬sencial dis-posição da correspondência não é uma invenção apenas de nossos dias. Já os pensadores gregos, Platão e Aristóteles, chamaram a atenção para o fato de que a filosofia e o filosofar fazem parte de uma dimensão do homem, que designamos dis-posição (no sentido de uma tonalidade afetiva que nos harmoniza e nos convoca por um apelo).
Platão diz (Teeteto, 155 d): mala gàr philosóphou touto tò páthos, tò thaumázein, ou gàr alie arkhè philojophias hè haúte. “É verdadeiramente de um filósofo estes pháthos — o espanto; pois não há outra origem imperante da filosofia que este.”
O espanto é, enquanto páthos, a arkhé da filosofia. Devemos com¬preender, em seu pleno sentido, a palavra grega arkhé Designa aquilo de onde algo surge. Mas este “de onde” não é deixado para trás no surgir; antes, a arkhé torna-se aquilo que é expresso pelo verbo arkhein, o que impera. O páthos do espanto não está simplesmente no começo da filosofia, como, por exemplo, o lavar das mãos precede a operação do cirurgião. O espanto carrega a filosofia e impera em seu interior.
Aristóteles diz o mesmo (Metafísica, 1, 2, 982 b 12 ss.): dià gàr tò thaumázein hoi ánthropoi kaì nyn kai prôton ércsanto philosophein. “Pelo es¬panto os homens chegam agora e chegaram antigamente à origem impe¬rante do filosofar” (àquilo de onde nasce o filosofar e que constantemente determina sua marcha).
Seria muito superficial e, sobretudo, uma atitude mental pouco grega se quiséssemos pensar que Platão e Aristóteles apenas constatam que o espanto é a causa do filosofar. Se esta fosse a opinião deles, então diriam: um belo dia os homens se espantaram, a saber, sobre o ente e sobre o fato de ele ser e de que ele seja. Impelidos por este espanto, começaram eles a filosofar. Tão logo a filosofia se pôs em marcha, tornou-se o espanto supérfluo como impulso, desaparecendo por isso. Pôde desaparecer já que fora apenas um estímulo. Entretanto: o espanto é arkhé — ele perpassa qualquer passo da filosofia. O espanto é páthos. Traduzimos habitualmente páthos por paixão, turbilhão afetivo. Mas pháthos remonta a páskhein, sofrer, agüentar, suportar, tolerar, deixar-se levar por, deixar-se con-vocar por. E ousado, como sempre em tais casos, traduzir páthos por dis-posição, palavra com que procuramos expressar uma tonalidade de humor que nos harmoniza e nos con-voca por um apelo. Devemos, todavia, ousar esta tradução porque só ela nos impede de representarmos páthos psico¬logicamente no sentido da modernidade. Somente se compreendermos páthos como dis-posição (dis-position) podemos também caracterizar melhor o thaumàzein, o espanto. No espanto detemo-nos (être en arrêt). E como se retrocedêssemos diante do ente pelo fato de ser e de ser assim e não de outra maneira. O espanto também não se esgota neste retroceder diante do ser do ente, mas no próprio ato de retroceder e manter-se em suspenso é ao mesmo tempo atraído e como que fascinado por aquilo diante do que recua. Assim o espanto é a dis-posição na qual e para a qual o ser do ente se abre, O espanto é a dis-posição em meio à qual estava garantida para os filósofos gregos a correspondência ao ser do ente.
De bem outra espécie é aquela dis-posição que levou o pensamento a colocar a questão tradicional do que seja o ente enquanto é, de um modo novo, e a começar assim uma nova época da filosofia. Descartes, em suas meditações, não pergunta apenas e em primeiro lugar ti tò ón —que é o ente, enquanto é? Descartes pergunta: qual é aquele ente que no sentido do ens certum é o ente verdadeiro? Para Descartes, entretanto, se transformou a essência da certitudo. Pois na Idade Média certitudo não significava certeza, mas a segura delimitação de um ente naquilo que ele e. Aqui certitudo ainda coincide com a significação de essentia. Mas, para Descartes, aquilo que verdadeiramente é se mede de uma outra maneira. Para ele a dúvida se torna aquela dis-posição em que vibra o acordo com o ens certum, o ente que é com toda certeza. A certitudo torna-se aquela fixação do ens qua ens, que resulta da indubitabilidade do cogito (ergo) sum para o ego do homem. Assim o ego se transforma no sub-iectum por excelência, e, desta maneira, a essência do homem penetra pela primeira vez na esfera da subjetividade no sentido da egoidade. Do acordo com esta certitudo recebe o dizer de Descartes a determinação de um clare et distincte percipere. A dis-posição afetiva da dúvida é o positivo acordo com a certeza. Daí em diante a certeza se torna a medida determinante da verdade. A dis¬posição afetiva da confiança na absoluta certeza do conhecimento a cada momento acessível permanece o páthos e com isso a arkhé da filosofia moderna.
Mas em que consiste o télos, a consumação da filosofia moderna, caso disto nos seja permitido falar? É este termo determinado por uma outra dis-posição? Onde devemos nós procurar a consumação da filosofia moderna? Em Hegel ou apenas na filosofia dos últimos anos de Schelling? E que acontece com Marx e Nietzsche? Já se movimentam eles fora da órbita da filosofia moderna? Se não, como determinar seu lugar?
Parece até que levantamos apenas questões históricas. Mas na ver¬dade meditamos o destino essencial da filosofia. Procuramos pôr-nos à escuta da voz do ser. Qual a dis-posição em que ela mergulha o pensamento atual? Uma resposta unívoca a esta pergunta é praticamente impossível. Provavelmente impera uma dis-posição afetiva fundamental. Ela, porém, permanece oculta para nós. Isto seria um sinal para o fato de que nosso pensamento atual ainda não encontrou seu claro caminho. O que encon¬tramos são apenas dis-posições do pensamento de diversas tonalidades. Dúvida e desespero de um lado e cega prossessão por princípios, não submetidos a exame, de outro, se confrontam. Medo e angústia mistu¬ram-se com esperança e confiança. Muitas vezes e quase por toda parte reina a idéia de que o pensamento que se guia pelo modelo da represen¬tação e cálculo puramente lógicos é absolutamente livre de qualquer dis¬posição. Mas também a frieza do cálculo, também a sobriedade prosaica da planificação são sinais de um tipo de dis-posição. Não apenas isto; mesmo a razão que se mantém livre de toda influência das paixões é, enquanto razão, pre-dis-posta para a confiança na evidência lógico-mate-mática de seus princípios e regras.(4)
A correspondência propriamente assumida e em processo de de¬senvolvimento, que corresponde ao apelo do ser do ente, é a filosofia. Que é isto — a filosofia? somente aprendemos a conhecer e a saber quando experimentamos de que modo a filosofia é. Ela é ao modo da correspon¬dência que se harmoniza e põe de acordo com a voz do ser do ente.
Este co-responder é um falar. Está a serviço da linguagem. O que isto significa é de difícil compreensão para nós hoje, pois nossa represen¬tação comum da linguagem passou por um estranho processo de trans¬formações. Como conseqüência disso a linguagem aparece como um ins¬trumento de expressão.(5) De acordo com isso, tem-se por mais acertado dizer que a linguagem está a serviço do pensamento em vez de: o pen-samento como co-respondência está a serviço da linguagem. Mas, antes de tudo, a representação atual da linguagem está tão longe quanto possível da experiência grega da linguagem. Aos gregos se manifesta a essência da linguagem como o lógos. Mas o que significa lógos e légein? Apenas hoje começamos lentamente, através de múltiplas interpretações do lógos, a descerrar para nossos olhos o véu sobre sua originária essência grega. Entretanto, nós não somos capazes nem de um dia regressar a esta essência da linguagem, nem de simplesmente assumi-la como herança. Pelo con¬trário, devemos entrar em diálogo com a experiência grega da linguagem como lógos. Por quê? Porque nós, sem uma suficiente reflexão sobre a linguagem, jamais sabemos verdadeiramente o que é a filosofia como a co-respondência acima assinalada, o que ela é como uma privilegiada ma¬neira de dizer.
Mas pelo fato de a poesia, em comparação com o pensamento, estar de modo bem diverso e privilegiado a serviço da linguagem, nosso en¬contro que medita sobre a filosofia é necessariamente levado a discutir a relação entre pensar e poetar. Entre ambos, pensar e poetar, impera um oculto parentesco porque ambos, a serviço da linguagem, intervêm por ela e por ela se sacrificam. Entre ambos, entretanto, se abre ao mesmo tempo um abismo, pois “moram nas montanhas mais separadas”.
Agora, porém, haveria boas razões para exigir que nosso encontro se limitasse à questão que trata da filosofia. Esta restrição seria só então possível e até necessária, se do diálogo resultasse que a filosofia não é aquilo que aqui lhe atribuímos: uma correspondência, que manifesta na linguagem o apelo do ser do ente.
Com outras palavras: nosso encontro não se propõe a tarefa de de¬senvolver um programa fixo. Mas ele quisera ser um esforço de preparar todos os participantes para um recolhimento em que sejamos interpelados por aquilo que designamos o ser do ente. Nomeando isto, pensamos no que já Aristóteles diz: “O sendo-ser torna-se, de múltiplos modos, fenômeno”.

NOTAS

1. Em francês, no texto original.

2. Palavras e citações gregas, latinas e francesas, que ocorrem no original alemão, são mantidas no texto em português
3. Disposição (Stimmung) é um originário modo de ser do ser-aí, vinculado ao sentimento de situação (Befindlichkeit) que acompanha a derelicção (Geworfenheift). Pela disposição (que nada tem a ver com tonalidades psicológicas) o ser-no-mundo é radicalmente aberto. Esta abertura antecede o conhecer e o quer e é condição de possibilidade de qualquer orientar-se para próprio da in¬tencionalidade (veja-se Ser e Tempo, § 29). Jogando com a riqueza semântica das derivações de Stimmung: bestimmt, gestimmt, abstirnmen, Ges!imnitheit, Bestimmtheit, Heidegger procura tornar claro como esta disposição é uma abertura que determina a correspondência ao ser, na medida em que é instaurada pela voz (Stimme) do ser, O filósofo toca aqui nas raízes do comportamento filosófico, da atitude originalmente do filosofar. (N. do T.)
4. Já em Ser e Tempo (§ 29) se alude à disposição que acompanha a teoria e se afirma que “o conhecimento ávido por determinações lógicas se enraíza ontológica e existencialmente no sentido de situação, característico do ser-no-mundo (p. 138). Apontando para o fato de que a própria razão está pre-dis-posta para confiar na evidência lógico-matemática de seus princípios e regras, Heidegger fere um tabu que os sucessos da técnica ainda mais sacralizam. Mas, desde que Habermas, em seu livro Conhecimento e Interesse (Ed. Shurkamp, Frankfurt a. M. 1968), mostrou que atrás de todo conhecimento existe o interesse que o dirige, que a teoria quanto mais pura se quer mais se ideologiza, pode-se descobrir, nas afirmações de Heidegger, uma antecipação das razões ontológico-existenciais da mistura do conhecimento e interesse. Não há conhecimento imune ao processo de ideologização; dele não escapa nem mesmo o conhecimento científico, por mais exato, rigoroso e neutro que se proclame. (N. do T.)
5. A crítica da instrumentalização da linguagem visa a proteger o sentido, a dimensão conotadora e simbólica, contra a redução da linguagem ao nível da denotação, do simplesmente operativo. Não se trata apenas de salvar a mensagem lingüística da ameaça da pura semioticidade. O filósofo descobre na linguagem o poder do lógos, do dizer como processo apofântico; entrevê na linguagem a casa do ser, onde o homem mora nas raízes do humano. Se lembrarmos as três constantes que a tradição apresenta na filosofia da linguagem — a lógica da linguagem, o humanismo da linguagem e a teologia da linguagem—, verificamos que o filósofo assume a segunda, radicaliza-a pela hermenêutica existencial, carrega-a de historicidade e transforma a linguagem em centro de discussão, pela idéia da destruição da ontologia tradicional, a partir de sua tessitura categorial. Em Heidegger, uma ontologia já impossível é substituída pela critica da linguagem, numa antecipação da moderna analítica da linguagem, veja-se esta admoestação do filósofo que abre um texto seu, saído no jornal Neue Zurcher Zeitung (Zeichen, 21-9-1969): ‘A linguagem re¬presentada como pura semioticidade (Zeíchengebung) oferece o ponto de partida para a tecnização da linguagem pela teoria da informação. A instauração da relação do homem com a linguagem que parte destes pressupostos realiza, da maneira mais inquietante, a exigência de Karl Marx: “Trata-se de transformar o mundo”. (N. do T.)
Versão eletrônica do livro “Que é isto – A Filosofia?”
Tradução e notas: Ernildo Stein
Créditos da digitalização: Membros do grupo de discussão Acrópolis (Filosofia)
Homepage do grupo: http://br.egroups.com/group/acropolis/

sexta-feira, julho 20, 2012

Compreendendo a Mitologia Grega


Palavra “mito” vem do Grego MYTHÓS, designando “ narração, conto , um relato organizado de acontecimentos imagináveis. O mito grego explica as origens do mundo o desenvolver da vida coligando os deuses, deusas, heróis, heroínas e outras criaturas de caráter mitológicos. “Mitologia" Necessariamente não é de origem grega. Contudo, involuntariamente a agregamos à palavra "grega". De fato, a mitologia grega ganhou proeminência sobre a mitologia de vários outros povos pela própria influência que a civilização e o pensamento grego exerceu sobre o mundo, em particular no Ocidente. Há aproximadamente 27 séculos; antes mesmo da era cristã, não havia explicações científicas para grande parte dos fenômenos da natureza e muito menos a ideia de mundo. Por conseguinte, para buscar o sentido e a compreensão da origem do mundo, a origem dos fenômenos naturais, os gregos criaram uma série de histórias, de gênese imaginativa, que eram transmitidas, principalmente, através da forma oral. São histórias riquíssimas em dados psicológicos, econômicos, materiais, artísticos, políticos e culturais... Na tentativa de se compreender a verdade a imaginação fértil dos gregos criou figuras e personagens mitológicos controvertidos. Heróis, deuses, ninfas, titãs , tetanizas e centauros habitavam o mundo material. Os gregos consultavam seus oráculos para saber sobre as coisas para tomarem decisões importantes do que estava acontecendo e também sobre o futuro. A pitonisa, espécie de sacerdotisa, era uma importante personagem neste contexto. Quase sempre, a pitonisa buscava explicações mitológicas para tais acontecimentos. Agradar os deuses era condição essencial para atingir bons resultados na vida material. A mitologia grega exerceu e ainda exerce uma influência nas culturas, nas artes e na literatura sobre tudo na civilização ocidental e continua como legado do Ocidente. Sendo importantes fontes de informações para entendermos a história da civilização da Grécia Antiga. -Homero e Hesíodo.- São três obras consideradas as fontes fundantes para o conhecimento da mitologia grega. Seus autores Homero e Hesíodo. Teogonia (theos, deus e genea, origem) Narrada por Hesíodo, a teogonia poema mitológico para a origem dos deuses. A teogonia trata ainda da cosmogesse (narrativa da origem do mundo) dos gregos, que se desenvolve com geração sucessiva dos deuses, e na parte final, com o envolvimento dos deuses com os homens originando assim os heróis. Ilíada- Narrada por Homero, a Ilíada é um poema mitológico que narra à célebre guerra de tróia. Aquiles é o maior e mais famoso heroi desta batalha. Sua influência é notória na Eneida, de Virgílio. É considerada como a "obra fundadora" da literatura ocidental e uma das mais importantes da literatura mundial. Odisséia - Narrada por Homero, é um dos principais poemas mitológicos, que narra em uma sequência a Ilíada, sobre a batalha de troia, onde Odisseu (Ulisses) engenheiro do famoso cavalo de troia, deseja regressar para sua terra natal (Ítaca) desafiou o deus Posseidon, alegando não mais precisar de nehuma auxilio dos deuses, uma vez que por conta propria havia vencido troia sem recorrer a ajuada de nenhum deus. Posseidon por sua vez o castiga, fazendo com que Odisseu e a sua tripulação se percam por dez anos em alto mar. Este episódio destaca a superioridade dos deuses sobre os seres humanos, uma vez que Odisseu reconhece o seu erro em desafiar o deus dos mares ( Posseidon ) e por ele é conduzido a sua cidade natal ( Ítaca ). No entanto, além dessas principais obras existem ainda muitas outras obras antigas que têm como personagens entidades mitológicas - sejam deuses, semi-deuses ou heróis. Entre elas, merecem destaque as tragédias (obras teatrais) de Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, pois através delas conseguimos perceber com maior facilidade o significado simbólico que os mitos têm para a própria existência humana. - Os deuses Gregos.- É interessante começar dizendo que os gregos não acreditavam que o universo tivesse sido criado pelos deuses. Ao contrário, eles acreditavam que o universo criara os deuses. Antes de mais nada, existiam o Céu e a Terra, que geraram os Titãs, também chamados de deuses antigos. O mais importante deles foi Cronos (ou Saturno, para os romanos), que reinou sobre todos os outros. No entanto, o Destino - uma entidade à qual os próprios deuses estavam submetidos - determinara que Cronos seria destronado por um de seus filhos. Por isso, mal eles saíam do ventre materno, Cronos os devorava. Réia, sua mulher, resolveu salvar seu último filho, escondendo-o do marido. Este filho, Zeus, cumpriu a profecia, destronou Cronos e retirou de seu estômago todos os irmãos que haviam sido devorados. Com eles, Zeus passou a reinar sobre o mundo, de seu palácio no topo do monte Olimpo. A corte de Zeus era formada por outros onze deuses, seus irmãos, sua esposa e seus filhos. De acordo com o gregos, os deuses habitavam o topo do Monte Olimpo, principal montanha da Grécia Antiga. Deste local, comandavam o trabalho e as relações sociais e políticas dos seres humanos. Os deuses gregos eram imortais, porém possuíam características de seres humanos. Ciúmes, inveja, traição e violência também eram características encontradas no Olimpo. Muitas vezes, apaixonavam-se por mortais e acabavam tendo filhos com estes. Desta união entre deuses e mortais surgiam os heróis. -Os principais deuses Gregos :- Zeus - deus de todos os deuses, senhor do Céu. Afrodite - deusa do amor, sexo e beleza. Poseidon - deus dos mares Hades - deus das almas dos mortos, dos cemitérios e do subterrâneo. Hera - deusa dos casamentos e da maternidade. Apolo - deus da luz e das obras de artes. Ártemis - deusa da caça e da vida selvagem. Ares - divindade da guerra. Atena - deusa da sabedoria e da serenidade. Protetora da cidade de Atenas. Cronos - deus da agricultura que também simbolizava o tempo. Hermes - mensageiro dos deuses, representava o comércio e as comunicações. Hefesto - divindade do fogo e do trabalho. - Religião e Arte.- Por outro lado, é importante deixar claro que a mitologia grega ou greco-romana, em suas origens mais remotas está ligada a uma visão de mundo de caráter religioso. Ao contrário, à medida que avançamos no tempo em direção aos nossos dias, a mitologia vai se esvaziando do significado religioso e ganhando, principalmente, um caráter artístico. Na verdade, mesmo em termos de Antigüidade, é muito difícil fazer uma separação entre mitologia e arte. A arte da Grécia antiga, por exemplo, trata essencialmente de temas mitológicos. E foi através da arte que tomamos contato com a mitologia grega: além de uma grande quantidade de templos (arquitetura), de esculturas, baixo-relevos e pinturas, a literatura grega é a principal fonte que temos dessa mitologia. Em especial, podemos destacar a obra de Homero, a "Ilíada" e a "Odisséia", que datam provavelmente do século 9 a.C., e a de Hesíodo, "Teogonia", escrita possivelmente no século seguinte.
- Os Principais Seres Mitológicos Da Grécia Antiga Eram:-
Heróis: seres mortais, filhos de deuses com seres humanos. Exemplos: Herácles ou Hércules e Aquiles. As Ninfas: seres femininos que habitavam os campos e bosques, levando alegria e felicidade. Os Sátiros: figura com corpo de homem, chifres e patas de bode. Os Centauros: corpo formado por uma metade de homem e outra de cavalo. As Sereias: mulheres com metade do corpo de peixe atraíam os marinheiros com seus cantos atraentes. AS Górgonas: mulheres, espécies de monstros, com cabelos de serpentes. Exemplo: Medusa mulher com serpentes na cabeça. Quimera: mistura de leão e cabra que soltava fogo pelas ventas. O Minotauro É um dos mitos mais populares. Esse ser fantástico tinha corpo de homem e cabeça de touro, forte e feroz, habitava um labirinto na ilha de Creta. Alimentava-se de sete rapazes e sete moças gregas, que deveriam ser enviadas pelo rei Egeu ao Rei Minos, que os enviavam ao labirinto. Muitos gregos tentaram matar o minotauro, porém acabavam se perdendo no labirinto ou mortos pelo monstro. Certo dia, o rei Egeu resolveu enviar para a ilha de Creta seu filho, Teseu, que deveria matar o minotauro. Teseu recebeu da filha do rei de Creta, Ariadne, um novelo de lã e uma espada. O herói entrou no labirinto, matou o Minotauro com um golpe de espada e saiu usando o fio de lã que havia marcado todo o caminho percorrido.
-Conclusão:- A mitologia grega exerceu e ainda exerce uma influência nas culturas, nas artes e na literatura sobre tudo na civilização ocidental e continua como legado do Ocidente. A mitologia Grega inspirou os poetas, artistas dela advêm o teatro, a literatura, ritos religiosos e os jogos olímpicos. Ainda exerce influência na ciência, como no caso dos nomes dados aos planetas do Sistema Solar e em estudos teóricos, acadêmicos, psicanalíticos, antropológicos e muitos outros, além de até nos dias de hoje, nas tradições consideradas neopagãs. Copyright Andre Assis . Todos os direitos reservados.

quinta-feira, julho 19, 2012

Síntese Da Definição : O Que é Filosofia ?



O Que é Filosofia ?

Definir o que é filosofia não é uma tarefa tão simples. Filosofia do grego Φιλοσοφία, o termo foi pronunciado pela primeira vez por Pitágoras, por volta do século VI A.C. O termo é formado por duas palavras gregas, Philo e Sophia. Philo deriva-se de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer sabedoria e dela vem à palavra sophos, sábio. Filosofia, portanto equivale ao amor pelo conhecimento, ou amigo da sabedoria. Filosofia é o conhecimento que investiga a apreensão dos problemas fundamentais relacionados à existência, investiga o conhecimento, indaga o conceito de verdade, examina os valores morais e estéticos, e averigua à estrutura do pensamento e à linguagem. Entre as muitas ênfases da filosofia uma de suas principais se caracteriza no modo como expõe seus argumentos racionais. A filosofia não se conforma com o que vem proto de cima para baixo, daí sua posição critica com tudo que se arroga como definitivo. Distingue-se das pesquisas científicas pelo fato de que a filosofia não recorrer a procedimentos fundamentalmente empíricos em suas investigações. Entre seus métodos, estão a argumentação lógica, a análise conceptual, as experiências de pensamento e outros procedimentos a priori. O pensamento crítico-reflexivo e rigoroso é umas das tônicas da filosofia que não se isola das outras esferas do conhecimento, pelo contrário, lhe torna capaz de dialogar com as demais áreas do saber e com extensa abertura tanto para a compreensão da realidade sócio-histórico–cultural quanto para enfoques em questões especulativas, como a ética, política, demandas científicas e existenciais que abrangem o homem contemporâneo. O exercício da análise filosófica criteriosa e a crítica tem como finalidade, fundamentalmente, o desenvolvimento do ser humano em termos de: capacidade reflexiva, cidadania, valorização a vida, respeito aos princípios da democracia e aos direitos humanos, e sensibilidade para os desafios da vida de modo geral.

O Problema Da Filosofia

O problema constitucional da filosofia é o seguinte: a filosofia expõe princípios de verdade, que o senso comum não aceita. A Filosofia é, por conseguinte, perturbadora da paz e de estruturas do conhecimento fechadas em si. A filosofia é uma inconformada com tudo que vem pronto de cima para baixo. O Tempo inteiro é critica, até com ela mesma. A filosofia busca e trabalha os princípios fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem. Parte “tão somente” dos instrumentos da razão e das informações obtidas pelas nossas capacidades cognitivas.
Na experiência do que é fazer filosofia: estão enfrentamentos dos problemas existências, os avanços nas formações das teorias, o fundamentá-las cuidadosamente com argumentos sólidos e racionais, esclarecimentos de conceitos. Além de que no centro da atividade filosófica está a crítica. Não há outro lugar fora da filosofia, que seja "O lugar crítico da razão". Como disse Bertrand Russell.
É a filosofia a originadora do pensar critico analítico e inconformado com o óbvio.

E a verdade o que será?

Uma das características fundamentais do ser humano é a busca pela verdade. Contudo, é essa busca, que motiva a essência da Filosofia, que tem na investigação da verdade seu maior valor. A filosofia busca a verdade nas múltiplas significações da própria verdade seguindo princípios do abrangente. Busca, mas não possui a definição e substância da verdade única. Para nós, a verdade não é estática e definitiva, explicada com arranjos de palavras. Contudo, é um movimento incessante, que transpõe o infinito.

Tarefa do Filósofo

Filósofo é o que “ama a sabedoria ou amigo que ama a sua amizade pela sabedoria” isso significa que ele não é dono do saber, nem senhor da verdade. Sua função é buscar a sabedoria, incluindo a verdade relacionando-se com elas e sente prazer no compartilhá-las com os outros. Entretanto, o filósofo está sempre aberto ao novo na busca do conhecimento. Nunca se fecha nas ligações dos conceitos. Gosto da definição de Mário Sérgio Cortella ao definir a ação do Filósofo:

“Ser filósofo é trabalhar na tentativa de ir além do óbvio. Trabalhar contra a idéia de que as coisas são aquilo que a aparência carrega. A filosofia é uma indagação. Ela lida com os “por quês” e não com os “comos””.

Filósofo é um indivíduo que busca o conhecimento de si mesmo, sem uma visão pragmática, é movido pela curiosidade e sobre os fundamentos da realidade existencial. Além do desenvolvimento da filosofia como uma disciplina, a filosofia é intrínseca à condição humana, não é um conhecimento, mas uma atitude natural do homem em relação ao universo e seu próprio ser. Quem se dedica à filosofia põe-se a procura da natureza das coisas e escuta o ser humano, observa o que ele pensa e faz. Ainda presta atenção ao funcionamento do conjunto existencial e sabe pronunciá-lo. O filósofo é um desejoso de partilhar com seus concidadãos, o destino comum da humanidade e a essência das coisas. Tem o prazer de ser questionado. Pois, para ele, quanto mais indagado for, mas pode oferecer conhecimentos pelo exercício de seus argumentos.
Em sua relação com tudo quanto existe, o filósofo vê a verdade revelar-se a si mesmo; isso mediante ao intercâmbio da investigação no uso da razão e com interação aos pensamentos de outros filósofos. Esse processo o torna mais consciente da verdade e do saber. Com seguridade o filósofo sabe argumentar seu ponto de vista, suscitando admiração ou não.
Pode ser tido como aquele que quer convencer todos de sua verdade, quando na realidade, ele faz suas ponderações e expõe seu pensar de um modo convicto e sem oscilações do pensamento pronunciado. Pois pelo uso da razão, ele sabe afirmar o que pensa...
O filósofo quer suscitar sempre uma nova concepção da realidade que o cerca. Não é essa a função do pensador? Expor pela articulação do pensamento o refletir a existência de um modo diferente? Ter novos horizontes, buscar novas expectativas de vida e compartilhar com outros suas idéias, essa é entre outras a tarefa do filósofo. Na ação do pensar está o desejo da compreensão das coisas; tanto das objetivas e subjetivas que estão diante de nós, e interpretá-las.
Não importa o resultado da investigação, o fundamental é exercer a capacidade do pensamento com ordenação lógica.
Existimos em um mundo abarrotado de pensamentos e de conceitos herdados por outros que são tidos em grande parte como legítimos e verdadeiros. Prosseguirmos repetindo o que nos foi ensinado sem questionar. Porém, os valores e as certezas se transformam de lugar para lugar, ou de uma ocasião histórica para outra situação também histórica. O prazer do filósofo é dissipar estas convicções e abrir novos horizontes pensando em torno de perspectivas novas e originais.

Ousadia da Filosofia

O valor da Filosofia é a sua atitude indagadora, critica, inconformada com o que é hermético. Não raro, se afirma que não faz sentido estudar filosofia, supondo que os filósofos permanecem em círculos restritos e fechados procurando um significado maior e racional para tudo e sem conseguir chegar à conclusão nenhuma. Entretanto, não é assim. Pois, filosofia sempre foi uma forma de pensar que incomoda estruturas de poder as quais se consideram irreversivelmente consolidadas, verdadeiras e absolutas que se debruçam em suas proprias ideologias e dogmas como inexauríveis e eternas. Filosofia não fecha questão ideológica, dogmática ; sua ação parte do uso da construção da liberdade pensante em cumprir a especulação racional, critica com abrangência no conhecimento infinito e progressivo.

Filosofia e Ciência


Mesmo antes de haver qualquer processo de conhecimento, seja em forma de ciência ou de alguma outra ordem cientifica, já havia a Filosofia. Nesse sentido, ela é a origem de toda ciência, no entanto não é ciência. Isto não subtrai dela suas principais características: Conceituação de idéias, raciocínio lógico, princípio cognitivo, capacidade analítica e crítica.
A filosofia se preocupa com os fundamentos, com os princípios, com a constituição do ser e existir; bem como a natureza das coisas. Já a ciência se ocupa com os objetos empíricos. A Filosofia não tem objetos determinados e qualquer tema pode ser objeto do exame e da reflexão filosófica. A Filosofia está em busca da verdade, mas não uma verdade que pode ser provada, como no caso da ciência, que observa, prova e demonstra a verdade proposta e quase absoluta. Como diz Bertrand Russell:
"Ciência é o que você sabe. Filosofia é o que você não sab
e."


Conclusão


Quando busca a verdade a Filosofia não está preocupada em encontrá-la, mas em argumentar e fundamentar essa busca, mesmo que a verdade não seja encontrada. Filosofia é um conhecimento com fundamentos e reflexões, mas que não tem objetos prontos e prévios e não tem a verdade última desses mesmos objetos. Ciência é um conhecimento que tem objetos prontos e prévios e os põe a prova para comprovar, através da experimentação a verdade do objeto em si. Então, filosofia é uma interminável busca do desenvolvimento do saber com o uso da razão. A sua busca pelo conhecimento nunca se encerra. Mas, sempre se renova com ações progressivas, que vão além, do tempo e do espaço com penetração no infinito do conhecimento. Por esta razão, o Filósofo é o que “ama a sabedoria ou amigo que ama a sua amizade pela sabedoria”. Copyright educação . Todos os direitos reservados.