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quinta-feira, junho 20, 2013

Síntese do Niilismo Parte II

“Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós! Como haveremos de nos consolar, nós os algozes dos algozes? O que o mundo possuiu, até agora, de mais sagrado e mais poderoso sucumbiu exangue aos golpes das nossas lâminas. Quem nos limpará desse sangue? Qual a água que nos lavará? Que solenidades de desagravo, que jogos sagrados haveremos de inventar? A grandiosidade deste ato não será demasiada para nós? Não teremos de nos tornar nós próprios deuses, para parecermos apenas dignos dele? Nunca existiu ato mais grandioso, e, quem quer que nasça depois de nós, passará a fazer parte, mercê deste ato, de uma história superior a toda a história até hoje !” NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência, §125.

a) - O próprio Nietzsche, em “A vontade de poder” expõe “que os valores supremos estão perdendo o seu valor”. Nietzsche faz ver que o niilismo é desvalorizar os altos valores existenciais e sustenta a insustentabilidade absoluta de que todos os valores supremos são em si, alguma coisa inviolável; que possa dar ordem de sentido à realidade existencial. Parece-me que o niilismo está apontando para um sentido fora do que é aquilo que damos significância como supremamente material. Onde, também, o próprio ser humano, exalta valores nele mesmo que são altamente valiosos e invioláveis dentro da vida (“é a lógica de nossos grandes valores como idéias pensadas até o fim”). Já que a existência como vida possui valores, nela se apega como se dependêssemos apenas dela para a realização de nosso bem e valores. Atribuímos valores em tudo dentro da vida, de modo que esses valores em si são estimados em tal nível que eles se bastam para valorização da vida com supremo apego. O Niilismo faz ver que o não valorizar o tudo é o valorizar o fora da vida. Valorizar os altos valores dentro da vida é depreciação de ordem e de ideal. Assim, o niilismo significará também que nada é verdadeiro, e por isso mesmo tudo é incerto, sem o Absolutismo . O niilismo nesse sentido é a desconfiança e a negação dos valores absolutos que se constituem como venerações supremas. Não é a invalidação da verdade, mas o negar sua soberania. O niilismo relativiza a ordem da verdade e confronta-se com ela de modo irreverente, ou seja, o Niilismo não possui nenhuma veneração pela verdade, posto que ela seja subjetiva e não absoluta, já que todo absoluto é nulo de validade... b) - Uma vez que a consciência da ausência de sentido, pela necessidade de uma plenitude perene que não chega e na descrença no mundo metafísico. Nesse caso, não é ao mesmo tempo possível pensar com expectativa em um fim, com o conceito de unidade, pleno de valor e de uma verdade satisfatória. Prevalece então, o sem sentido, a vontade de nada, a negação da vida, a desesperança. O fim não chega a nada, e que não se deve esperar que ele chegue, embora o fim seja visto como uma unidade de valor:
c) - Segundo Nietzsche, no final do século XIX, a Europa já experimenta a morte de Deus. E a Europa não se dava conta de que a morte de Deus insinuava a desvalorização dos valores morais. Vemos a desvalorização dos valores supremos que, por isso a morte de Deus implica a desvalorização de todos os demais valores. A morte de Deus é a morte do mundo-verdade; a invalidação absoluta dos valores soberanos e transcendentes. A fé racional em Kant, afasta que esse entendimento da morte de Deus seja racional. No sentido de que fé e razão atuam em esferas inconciliáveis e distintas. A afirmação da fé racional é própria a consciência humana da sua mudança. A fé racional faz que uma pessoa possa estar plenamente segura de que ninguém poderá refutar a proposição: Se Deus existe; como se pode ter tal intuição? d) - Nietzsche nos leva ao entendimento do não valor da existência quando compreendemos que ela não pode interpretar-se, no seu modo de ser, nem com a noção do conceito de fim, nem com a do julgamento de unidade, nem com a do principio de verdade. Não atingimos a nada, não conseguimos coisa nenhuma dessa espécie; a unidade plena não aparece no pluralismo do devir: nesse caso Nietzsche nos faz ver que o caráter da existência não é o de ser verdadeiro, porém o de ser falso. A despeito de obtido o sentimento do não-valor ele compreende que não poderia interpretar o sentido comum da existência nem pelo entendimento de “finalidade”, nem pela de “unidade”, nem pela de “verdade”. Nada se alcança nem se obtém por meio delas; falta a unidade que interfere na multiplicidade dos acontecimentos: o caráter da existência não é “verdadeiro”, ele é falso. Categoricamente não há razão de se persuadir da existência do mundo-verdade. Em resumo as categorias: “finalidade”, “unidade”, “ser”, que podem definir um valor ao mundo, são removidas e por definição existência tem o caráter de uma coisa sem valor... - Copyright André Assis. Todos os direitos reservados.

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