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sábado, agosto 11, 2012

Friedrich Nietzsche - Humano, Demasiado Humano

Escrito por Nietzsche em 1878, Humano, demasiado humano é uma reflexão do pensamento moderno, e marca o rompimento de Nietzsche com o romantismo de Richard Wagner e o pessimismo de Arthur Schopenhauer.


Nietzsche questiona os modismos de sua época buscando
Situar uma ligação entre o passado bárbaro da humanidade e o estado em que se encontra o pensamento filosófico, científico e religioso do século XIX, procurando hipóteses de um progresso da humanidade pós-moderna.
Nesta obra Nietzsche desenvolve seu pensamento filosófico enfatizando temas como metafísica, moral, religião, arte, literatura, amor, política e relações sociais de modo claro refletindo sobre as coisas primeiras e derradeiras, analisando a história dos sentimentos morais que atravessaram os séculos da história humana, criticando e recriminando a vida religiosa do homem, descrevendo os sentimentos e a vivência dos artistas e dos escritores, examinando o homem e suas atitudes e pensamentos em sociedade, e descrevendo a história e a função do Estado.
Com muitos aforismos a obra possui nove capítulos (638 subcapítulos) incluindoo prefácio e poslúdio ; “é um livro de história, sem ser história; é um livro de filosofia, sem ser preferencialmente filosofia; é um livro de vida, vida espiritual, vida intelectual, vida racional, vida presente, vida humana”.
Nietzsche que vivia em conflito consigo mesmo e com a sociedade, e sem dúvida Humano, demasiado Humano é uma obra que merece uma leitura atenciosa e grande reflexão. É um livro para espíritos livres como diz Nietzsche.
Abaixo trechos extraídos de Humano, demasiado Humano

...eis o que há de ruim e doloroso na história do grande livramento.É , ao mesmo tempo, uma doença, que pode destruir o homem, essa primeira irrupção de força e vontade de autodeterminação, de valoração própria, essa vontade de vontade livre: e quando de doença se exprime nos selvagens ensaios e excentricidades com que se livrou, o liberado, procura doravante demonstrar seu domínio sobre as coisas!Ele ronda cruelmente, com uma cupidez insatisfeita; o que ele pilha tem que pagar pela perigosa tensão de seu orgulho; ele estraçalha o que o atrai.Com um riso maldoso ele revira o que encontra encoberto, poupado por alguma vergonha:ensaia como seria o aspecto dessas coisas quando viradas no avesso.É arbítrio e gosto pelo arbítrio, se talvez ele dispensa agora seu favor ao que até então tinha má reputação-se ele, curioso e inquisidor, se esgueira ao redor do mais proibido.No fundo de sua agitação e errância-pois ele é intraquilo e sem rumo em seu caminho como em um deserto-está o ponto de interrogação de uma curiosidade cada vez mais perigosa."Não se pode desvirar todos os valores?E bom é talvez mau?E Deus apenas uma invenção e refinamento do diabo?É talvez tudo, no último fundo, falso?E se somos os enganados, não somos também enganadores?"-tais pensamentos o conduzem e seduzem, cada vez mais adiante, cada vez mais além.A solidão o rodeia e enrodilha, cada vez mais ameaçadora, mais sufocante, apertando mais o coração, aquela terrível deusa e mater saeva cupidinum-mas que sabe, hoje, o que é solidão?...


“Nós nos importamos com a boa qualidade dos homens, em primeiro lugar porque ela nos é útil, em seguida porque queremos dar-lhes alegria (os filhos aos pais, os alunos aos professores e em geral as pessoas de benévolas a todas as outras pessoas). É somente quanto a boa opinião dos homens é importante para alguém, abstraindo a vantagem ou seu desejo de agradar que falamos de vaidade.
Neste caso, o homem quer dar prazer a si próprio, mas à custa dos outros homens, seja levando-os a ter uma opinião falsa a respeito dele, seja aspirando a um grau de “boa opinião”, em que esta tem de se tornar penosa para todos os outros (provocando inveja). O indivíduo quer geralmente, por meio da opinião dos outros, certificar e fortalecer diante de seus olhos a opinião que tem de si; mas o poderoso respeito pela autoridade – respeito tão antigo quanto o homem – leva muita gente também a apoiar na autoridade sua própria confiança em si, portanto a só aceitar de mão de outrem: acreditam mais no critério dos outros do que no próprio. O interesse por si próprio, o desejo de se satisfazer alcançam no vaidoso um tal nível que ele induz os outros a uma falsa estima de si falsa, demasiado elevada, e depois se fia, não obstante, na autoridade dos outros: desse modo provoca o erro e, contudo, lhe dá crédito. É preciso, portanto, admitir que os vaidosos não querem agradar tanto a outrem quanto a si próprios e que chegam ao ponto de com isso descurar seu proveito; pois, muitas vezes importa-lhes suscitar em seus semelhantes disposições desfavoráveis, hostis, invejosas, em decorrência desvantajosas para eles, apenas para terem satisfação de seu eu, o contentamento de si.”

Um comentário:

  1. Sou fascinado por Nietzsche, me sinto as vezes como ele, acho que nasci na epoca arrada.

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