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quinta-feira, agosto 16, 2012

E a Vida?

Tem um sentido a minha vida? A vida de um homem tem sentido? Posso responder a tais perguntas se tenho espírito religioso. Mas, se fazer tais perguntas tem sentido? Respondo: “Aquele que considera sua vida e a de outros sem qualquer sentido é fundamental infeliz, pois não tem motivo algum para viver”. Albert Einstein
Quando me dou à chance de apreciar o profundo do infinito e vê o brilho das estrelas, então, pergunto a mim mesmo:
Quem sou eu? Para onde vou? Porque estou aqui?
O que é a vida? Que mistério habita por detrás das coisas?
Quem nunca se fez essas perguntas?
E por que as fazemos? Onde pretendemos chegar com tais questionamentos?
Essas perguntas lançam o fundamento da condição humana por querer encontrar o sentido da vida. Isso Porque a própria vida nos seduz a indagar, sobre seu profundo segredo.
Não resta dúvida de que este é um tema de pré-ocupação humana; visto que sempre será um ser desejoso de saber sobre sua própria realidade existencial.
O anseio por encontrar o sentido desse conjunto de fenômenos, que ativa e compõe todo nosso arranjo existencial, tem sido uma constante quase que incansável dos mortais.
Desde o surgimento da consciência qual trouxe iluminação ao entendimento humano o homem se põe a inquirir sobre quem ele é, e do por que existe. Nesse afã, Formulam-se diferentes conceitos e teses das mais controvertidas são elaborada, no esforço de elucidar esse mistério, que é o maior patrimônio do ser humano, a sua vida.
As formas como as pessoas compreendem e elaboram os conceitos sobre o sentido da vida e o aproveitamento que se tributa cada um desses conceitos, depende do grau como cada pessoa trabalha e aceita a questão da vida.
Todavia nesse contexto o que importa mesmo é a vida, pois o viver é o que existe de mais significante, de mais sublime e nobre dos atos existentes.
Por isso, toda forma de vida é digna de atenção.
A vida é muito mais do que mera consorciação de fatos sucessivos interligados e inseparáveis que se evidencia plena de manifestações maturais.
Cientistas, religiosos, filósofos, psicólogos, antropólogos, teólogos e outros estarão sempre envolvidos e continuamente atraídos em conjeturar essa que é mais importante de todas as artes: a arte de viver.
Poetas como Fernando Pessoa (1888-1935) incluirão fundamentos à centralidade da vida na composição de seus escritos.
“A vida é como uma sombra que passa por sobre um rio ou como um passo na alfombra de um quarto que jaz vazio”.
Como um grande quebra cabeças, faremos observações sucedidas de indagações aqui, ali e acolá. Até que se descubra a montagem desse inextricável e misterioso fenômeno denominado vida. Entretanto, ela sempre se imporá como um grande segredo e desafio.
Se a vida nos impõe um veredicto, pelo menos temos o direito pensá-la e de questioná-la. É o que nos propõe Carl Gustav Jung (1875-1961): “O sentido de minha existência é que a vida me coloca uma questão. Ou inversamente, ou sou eu próprio uma questão colocada ao mundo e devo fornecer minha resposta, caso contrario estarei reduzido à resposta que o mundo me der”.
Se a existência nos impõe sua forma de ser, resta-nos como direito o poder de investigá-la, julgá-la e depois de inquirira-la temos o direito de ficarmos com aquele conceito que melhor julgamos corresponder nossa compreensão do sentido da existência com metáforas ou não. Então podemos, devemos conjeturar, e ninguém pode nos impedir de desconfiar do sentido da vida.
Daí, mais uma vez me ponho à pergunta.
O que dá sentido a vida?
A vida tem sentido?
Somos nós que damos sentido à vida?
Ou o sentido da vida é o prazer de viver a própria vida?
Embora as respostas a essas perguntas não se processam tão simplesmente, não raro vemos pessoas de todos os níveis sociais, e culturais pondo a si mesmas, essas questões. Desde o simples bate-papo de bar entre amigos, até a dialética nos altos círculos acadêmicos.
Dada a pertinência do assunto e do fundamento que se propõe o tema, muitos tratados metafísicos e científicos são cuidadosamente refletidos, e outras abordagens filosóficas são elaboradas para por esclarecimento nessa questão que não tem fim.
Reservei aqui um instante para expor o que algumas brilhantes mentes da historia pesavam e pensam a respeito do sentido da vida. Quem sabe que algumas dessas reflexões possam aclarar nossa maneira de vê e sentir a vida.

Thomas More (1477-1535) ao escrever “a utopia”. Deixa saltar o arquétipo que o humano tem por uma melhor qualidade de vida em sociedade que abranja a todos numa sociedade recíproca.
Muitos séculos antes de More, Platão (429-347) a.C. Em a República desenvolvera uma concepção de que numa sociedade regida com participação dos pensadores da vida produziria equilíbrio, disciplina, progresso, ética e saúde moral.
Diógenes (413-324)a.C conceituou Que para o humano se prevenir dos contrastes da vida deveria menosprezar as posses materiais como estigma da libertação do mundo exterior.
Em Cândido, Voltaire (1694-1778) Põe a vida como traumática, imprevisível, irônica e com a presença do dualismo das esferas do bem e do mal.
Até para estadistas como Napoleão (1769-1821), os atos humanos dentro da vida se tornam objeto de aprendizagem: “a vida do homem é como um espelho onde se pode ler e orientar-se com o máximo proveito”.
Para Einstein (1879-1955) a vida é validada quando dinamizada com atos de serviço recíprocos devotados aos nossos semelhantes, “Somente uma vida consagrada aos demais é digna de ser vivida”. Já Gandhi (1869-1948) considerou que a vida é nobre demais para se render diante dos infortúnios ameaçadoras impostos a ela: “A vida persiste sempre no meio da destruição. É a prova de que há uma lei de vida, superior a da destruição. E é o que torna inteligível a ordem da sociedade; é o que torna a vida digna de ser vivida. O médico e filósofo Albert Schweitzer (1875-1965) entendia que a acolher á vida do modo como ela se manifesta; constituísse numa consciência responsável e de respeitabilidade com projeto da própria vida: “A reverencia pela vida é o primeiro ato de manifestação consciente da vida em face de si mesmo”.
O ex-líder Soviético, Mikhail Gorbatchev (1931-) enfatiza que a vida tem o ofício de um grande mestre cuja função, além de outras, é sempre ensinar a todos seus aprendizes que estão dentro dela: “somos todos estudantes e nosso professor e a vida”. Soren Kierkegaard (1813-1855) coloca que para se entender a vida não basta perscrutá-la como uma disciplina quaisquer, mas estimá-la. E compreendê-la como uma projeção de acontecimentos instalados em movimento dentro da historia com passado e futuro. “A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mais só pode ser vivida olhado-a para frente”. Para o pacifista e defensor os direitos civis e Nobel da paz 1964, Martin Luther King (1929-1968) a vida é enriquecida ao se fazer dela um modo fraterno para integração com todos. “Se não soubermos viver todos juntos como irmãos, pereceremos juntos como idiotas”. O romancista e contista russo Leon Tolstoi (1828-1910) argumentou que a ordem da vida não se dá ao acaso, de modo aleatório mais que existe uma força sobremodo suprema executando as suas mais simples ações. “A vida neste mundo corre segundo a vontade de Alguém, alguém executa ações especiais sobre tudo o que vive neste mundo e toca as nossas vidas. Esse Alguém que executa essas coisas é Deus”.
Jesus Cristo, a maior referencia de vida para o cristianismo, pôs-se a si mesmo, como centro essência e plenitude da vida para a humanidade: “Eu Sou a ressurreição e a Vida”. O cantor Gonzaguinha (1945-1991) interpretava uma musica intitulada: O que é o que é? E nela ele expõe de maneira empírica e metafísica o movimento da vida e suas nuanças. Selecionamos alguns trechos da letra para nossa reflexão.
“Viver e não ter a vergonha de ser feliz cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz; ah, meu Deus, eu sei, eu sei, que á vida devia ser bem melhor e será. Mais isso não impede que eu repita, é bonita, é bonita e é bonita!
E a vida? E a vida o que é diga lá meu irmão...
Ela é batida de um coração? Ela é uma doce ilusão? Ê ô. Mais e a vida? Ela é maravilha ou é sofrimento? Ela é alegria ou lamento? O que é o que é meu irmão?
Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo, é uma gota no tempo que não dá um segundo, há quem fale que é um divino mistério profundo, é sopro do Criador numa atitude repleta de amor. “Você diz que é luta e prazer, ele diz que a vida é viver, ela diz que melhor é morrer, pois amada não é, e verbo é sofrer”. E outra parte diz:” Somos nós que fazemos a vida como der puder ou quiser sempre desejada, por mais que esteja errada ninguém quer a morte, só saúde ou sorte e pergunta roda a cabeça agita “.
Esta letra remonta os conceitos e opiniões que sintetiza a vida, e é uma evocação ao sentido do viver com todas suas atribuições comuns. Nela o autor, de modo prosaico, se põe a especular à vida e insinua que ela por mais que tenha equívocos, contradições e incoerências possui em sua estrutura uma beleza que só ela como vida pode oferecer. Por isso ele diz: “E vida é bonita, e é bonita!”. A vida também passa rápido como ele coloca: “Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo, é uma gota no tempo que não dá um segundo”; diz nosso saudoso cantor. E Moisés em sua oração definiu a brevidade da vida: ”Setenta anos é o tempo de nossa vida, oitenta anos se ela for vigorosa; e a maior parte deles é fadiga e mesquinhez, pois passam depressa e nos voamos”. A passagem de cada indivíduo, de cada geração é breve, sem dúvida, mas pode deixar traços que não se apagarão. Albert Jacquard
A vida terrenal é como uma estrada que sempre tem um fim. Aqui quero completar esse pensamento com um trecho da letra de outra musica chamada “Aquarela” do cantor e compositor Toquinho (1947) que diz: “Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá o fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar, vamos todos numa linda passarela de uma aquarela que um dia enfim descolorirá”. A vida concreta (terrenal) um dia vai passar como o descolorir de uma pintura. Nesse caso falamos de algo que tem o nome de morte. Contudo, E A PERGUNTA RODA E A CABEÇA AGITA! E DE NOVO SURGE À PERGUNTA. E A VIDA?


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