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domingo, julho 14, 2013

A Rebelião das Massas - José Ortega Y Gasset - Breve Resenha .


"A Rebelião das Massas", obra prima de José Ortega y Gasset, O filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955) escreveu os artigos que vieram a compor a obra A Rebelião das massas em outubro de 1929 no diário El Sol de Madri. O livro foi editado em 1930. O livro está disposto em duas partes: a) A Rebelião das massas; e b) Quem manda no mundo? Cada parte subdivide-se nos artigos que Gasset, expõe seus conceitos filosóficos e sociológicos. ___________________________________________A Rebelião das Massas - A capacidade de análise e visão do futuro; ainda na década de 1927, com a Europa à beira de uma guerra total, que um dia ela estaria unida em uma entidade ultra-nacional. Em segundo lugar pela atualidade de seu texto, a leitura que faz do mundo de sua época é o mesmo dos dias de hoje, o que mostra que nos estamos mesmos dilemas apontados por ele há 86 anos. Sua obra ainda atual, e até mesmo aprofundada. Não se trata uma abordagem de política, mas de algo muito mais profundo que a precede, a própria organização social da humanidade. Foi um visionário, previu a União Européia, a explosão da violência, o consumismo, a ditadura da legalidade, o caos da descolonização. Critica a homogeneidade que começava a tomar conta do continente europeu e apresenta a primeira definição do homem-massa: Gasset nos apresenta o homem que passou a dominar o mundo a partir do início do século XX, o homem-massa. Não se pode entender este homem como um operário, com o trabalhador; o homem-massa está entre os intelectuais, na elite econômica, entre os mais ricos, entre os mais pobres. Não se trata de uma classe, mas uma forma de viver o mundo que lhe é peculiar. “É o homem previamente esvaziado de sua própria história, sem entranhas de passado e, por isso mesmo, dócil a todas as disciplinas chamadas “internacionais” (…) só tem apetites, pensa que só têm direitos e não acha que tem obrigações: é um homem sem obrigações de nobreza.” Fala em homem, natureza, histórica, sociedade, indivíduo, coletividade, Estado, uso, direito. “A política priva o homem da solidão e da intimidade, e por isso a pregação do politicismo integral é uma das técnicas usadas para socializá-lo”. Condena as tentativas de reformar o mundo pelas revoluções; estas rompem violentamente com a tradição sem superá-la, fadando-as ao fracasso e à violência. O que distingue o homem do animal é sua capacidade de reter memória, “romper a continuidade com o passado é querer começar de novo, é aspirar a descer e plagiar o orangotango.” Nesta constatação a primeira característica do homem-massa: ele não atribui a si mesmo um valor, mas se sente o próprio VALOR “como todo mundo”; não se angustia com isso, sente-se bem por ser idêntico aos demais. Distingue-se da minoria; esta exige mais de si mesma, acumula dificuldades e deveres. Em toda classe social há uma massa e uma minoria. “A característica do momento é que a alma vulgar, sabendo que é vulgar, tem a coragem de afirmar o direito da vulgaridade e o impõe em toda parte.” SUBIDA DO NÍVEL HISTÓRICO E CRESCIMENTO DA VIDA “A vida média se desenvolve hoje numa altura superior à que se encontrava ontem”. O século XIX deixou como herança uma transformação na sociedade com a rapidez cada vez maior do avanço técnico-científico. Uma das conseqüências foi que o homem médio passou a ter acesso a condições e instrumentos inventados por homens especiais para homens especiais. Desta forma as massas emergiram para o primeiro plano da história. Gasset defende uma interpretação radical da aristocracia, afirma que a sociedade humana é sempre aristocrática por sua própria essência, “a ponto de ser sociedade na medida em que é aristocrática, e deixar de sê-lo na media que se desaristocratiza.” Vive-se então, em uma época em que se sente que a vida é mais vida do que todas as épocas anteriores, por isso o homem atual perdeu todo respeito e atenção com o passado. A imagem que Gasset faz do crescimento da vida mais do que atual: “o conteúdo da vida do homem médio de hoje é todo o planeta; que cada indivíduo vive habitualmente todo o mundo (…) cada pedaço de terra já não está confinado o seu lugar geométrico, mas atua nos outros lugares do planeta para efeitos vitais.” É bom lembrar que na época nem se imaginava a transmissão de dados via satélite ou a internet. Antecipou até o consumismo: “Não é fácil imaginar, desejar, um objeto que não exista no mercado, e vice-versa: não é possível que um homem possa imaginar e desejar tudo que se acha à venda.” O HOMEM-MASSA Feitas as considerações sobre a vida de sua época, Gasset começa a apresentar o homem-massa: 1. Este homem não encontra mais nenhuma barreira social e aprende que todos os homens são legalmente iguais. A vida para o homem das épocas passadas era limitação, obrigações, dependência. Para o homem-massa é ilimitada; “Futiga seus apetites que, em princípio, podem crescer indefinidamente (….) não se preocupa com nada além de seu bem-estar”. 2. Não reconhece nenhuma instância fora dele, está satisfeito do jeito que é. “Ingenuamente, sem ser arrogante, como a coisa mais natural do mundo, tenderá a afirmar e qualificar como bom tudo o que tem em si: opiniões, apetites, preferências ou gostos”. Está encantado consigo mesmo. O homem excelente possui uma intima necessidade de apelar para uma norma além dele, superior a ele, a cujo serviço se coloca espontaneamente, exige de muito de si mesmo enquanto que o homem vulgar não exige nada. 3. As massas intervêm em tudo, e só o fazem violentamente. Julgam-se no direito de ter opiniões sobre os mais diversos assuntos, mas sem terem feito um esforço prévio para forjá-las. Possuem um grupo de idéias dentro de si, contenta-se com elas considera-se intelectualmente completa. Não admite nada além desse repertório que formou. “Não é que o vulgo pense que é excepcional e não vulgar, mas sim que o vulgar proclama e impões o direito da vulgaridade, ou a vulgaridade como um direito”. Surge um novo tipo de homem, o que não quer dar razão nem quer ter razão, mas que se mostra decidido a impor suas opiniões, é o direito a não ter razão. Possui idéias, mas é incapaz de formá-las. A forma de atuar é a ação direta, inverte a ordem e proclama a violência com a primeira razão. Não deseja a convivência com o que não é como ela. “Odeia mortalmente o que não é ela”. 4. Vive num mundo de extraordinário avanço científico e tecnológico, no entanto cada vez o homem se interessa menos pelos princípios da ciência. “O mundo é civilizado, mas seu habitante não o é: nem sequer vê a civilização nele, mas a utiliza como se fosse à natureza”. 5. “O homem-massa acha que a civilização em que nasceu e que usa é tão espontânea eprimigênia como a Natureza (…). Os valores fundamentais da cultura não o interessam, não são sensíveis a eles, não está disposto a colocar-se a seu serviço”. O mundo se tornou mais difícil e complexo e cada vez é menor o número de pessoas à altura desses problemas. Há algumas cabeças capazes, mas o homem-massa não quer pô-las sobre os ombros. O homem fracassa por não conseguir acompanhar o progresso de sua própria civilização. Um das coisas mais notáveis é que as pessoas “cultas” de hoje serem de uma ignorância histórica incrível, ao mesmo tempo em que a história avançou com ciência, perdeu-se como cultura. 6. O homem vulgar é definido como sendo aquele não impõe sobre si próprio nenhum esforço voltado à busca da perfeição, pois já se sente satisfeito consigo mesmo, sendo ainda altamente suscetível à despersonalização e à aderência à onda do momento e ao grupo dos ‘homens-massa’. O homem excelente, ao contrário, impõe enorme demandas a si próprio incluindo tarefas difíceis e árduas responsabilidades. O aumento dos movimentos de massa do início do século vinte criou uma peculiar conjuntura social na qual a proporção de homens excelentes diminuía à medida que proporção de homens vulgares aumentava. É o olhar a estrutura psicológica deste homem massa do seguinte modo: Que a vida para ele se apresenta com uma impressão radical que e fácil; abastada sem limitações, isto é cada individuo médio repousa numa sensação de domínio e triunfo; afirma-se como moral e intelectualmente bom e completo, fechando-se a qualquer instância superior; e intervirá em tudo, impondo sua opinião vulgar, sem considerações, contemplações, nem reservas ;quer dizer , segundo seu regime de ação direta. Comporta-se como uma “criança mimada”, pensa que pode se comportar em qualquer lugar como em sua casa. Caracteriza-se por saber que certas coisas não podem ser e, apesar disso, e por isso mesmo, fingem uma convicção contrária com seus atos e palavras. É o que chamou de “mocinho satisfeito”.
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