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sexta-feira, dezembro 27, 2013

O Espanto Na filosofia


_________O Espanto Na Filosofia_______________ ________Admirar os princípios formativos das coisas... Refletir o que a dor é, o que o prazer é, e a morte, e a fome... (Marcus Aurelius, Meditações, XII/8)_______________ A Filosofia nasce como um espanto ante a condição do ser humano de surpreender-se com a concepção do mundo e de apreendê-lo pela razão... Espanto esse, que incentiva a busca pela compreensão da realidade qual estamos inseridos. O questionamento é uma condição para compreender o homem e o seu mundo. Espantamo-nos com as coisas e perguntamos: O que? Por quê? Para que? O espanto entre outros, é uma das configurações que institui o questionamento: Com o espanto surgem questões que possibilitam a investigação filosófica no sentido de se compreender a Realidade e os acontecimentos. Estamos no mundo; onde as mudanças ocorrem e vemos que as coisas estão sempre em transformação, o mundo, segundo Heráclito, “é um fluxo permanente em que nada permanece idêntico a si mesmo”. Tudo se transforma no seu contrário”, entretanto, o mundo aparece como um total ordenado, como uma construção fundada em regras. Uma mesma coisa pode parecer diferente em outro lugar e em outro tempo. Existe algo a mais, algo não revelado a ser descoberto. A busca pela compreensão do sentido das coisas, nos leva à ideia de que o mundo não é apenas do modo que ele mostra-se a nós, em um simples olhar... Há mais do que precisa se compreendido ! Não é possível a razão esclarecer tudo. O espanto contribui como uma abertura em direção ao Conhecimento, o Espanto pode ser uma passagem para a compreensão das coisas que encontramos dento da vida. ___________________Copyright André Assis. Todos os direitos reservados

segunda-feira, julho 15, 2013

A esperança é muito mais estimulante que a sorte. - Nietzsche-


_____A MITOLOGIA GREGA NARRA que Pandora abriu a tampa da caixa proibida e aproximou o rosto da pequena abertura, mas teve que se afastar rapidamente, espantada. Uma fumaça densa e negra saía da caixa em espirais enquanto mil horríveis fantasmas se formavam naquelas nuvens que invadiam o mundo e escureciam o Sol. Eram todas as doenças, as dores, os horrores e os vícios do mundo. Todos saíam da caixa de forma violenta, entrando nas tranquilas moradas dos homens. Pandora tentou fechar a caixa e evitar que mais males escapassem, para remediar o desastre, mas foi em vão. O destino implacável se cumpria e, desde então, a vida dos homens foi assolada por todas as desventuras desencadeadas por Zeus. Quando a fumaça se desfez e a caixa parecia vazia, Pandora olhou para dentro dela e viu um lindo passarinho de asas cintilantes. Era a Esperança. Ela se apressou em fechar a caixa, impedindo que a Esperança escapasse também. Dessa forma, a Esperança se conserva guardada no fundo de nosso coração. (Allan Percy – “Nietzsche para Estressados”) ______________________ _____O conceito de sorte sugere noção do destino submetido ao acaso, mostrando a dualidade e contradição entre aquilo que pode vir de bom ou não, entre o que favorece ou desfavorece. Trata-se, do que é necessariamente relativo, ou incerto jogado ao acaso. Pois essa divisão é inadmissível para a filosofia, pois escapa a razão e ao senso critico; remetendo fatalmente as coisas pelo controle de forças metafísicas, que não se sabe ao certo se existem ou não... Já Esperança é Um anseio de projeção ao olhar para o futuro, visualizando condições melhores do que as oferecidas pelo tempo presente. Uma convicção cognitiva com possibilidades de resultados positivos relacionados com eventos e circunstâncias da vida. A esperança requer ainda perseverança e paciência pelo vindouro. Nesse entendimento, a esperança não é um acaso como é a Sorte. A esperança é uma construção Perene que estimula as virtudes humanas, sendo assim, a esperança é superior, porque ela é ainda patrocinada pela força interior e dedicasse por situações melhores. Como no dizer de Le Bon, Gustave "O Prazer em Perspectiva: a Esperança". No campo da Espiritualidade podemos mencionar, O apostolo Paulo falando das três virtudes (Rm 5,5). “Assim, temos fé, esperança e amor ou caridade, estas três”. Sendo assim, na perspectiva teológica, Esperança é uma virtude de inerência da alma; contudo, a sorte não tem fundamento na natureza humana... Pois sorte não é uma qualidade da alma Humana e a esperança definitivamente sim. A esperança vem do intimo e basicamente é até maior que o temor. Daí Sêneca, diz: “O Temor Combate-se com a Esperança” Então, Nietzsche está Certo "A esperança é muito mais estimulante que a sorte"._______________
. _______________Copyright André Assis. Todos os direitos reservados...

domingo, julho 14, 2013

A Rebelião das Massas - José Ortega Y Gasset - Breve Resenha .


"A Rebelião das Massas", obra prima de José Ortega y Gasset, O filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955) escreveu os artigos que vieram a compor a obra A Rebelião das massas em outubro de 1929 no diário El Sol de Madri. O livro foi editado em 1930. O livro está disposto em duas partes: a) A Rebelião das massas; e b) Quem manda no mundo? Cada parte subdivide-se nos artigos que Gasset, expõe seus conceitos filosóficos e sociológicos. ___________________________________________A Rebelião das Massas - A capacidade de análise e visão do futuro; ainda na década de 1927, com a Europa à beira de uma guerra total, que um dia ela estaria unida em uma entidade ultra-nacional. Em segundo lugar pela atualidade de seu texto, a leitura que faz do mundo de sua época é o mesmo dos dias de hoje, o que mostra que nos estamos mesmos dilemas apontados por ele há 86 anos. Sua obra ainda atual, e até mesmo aprofundada. Não se trata uma abordagem de política, mas de algo muito mais profundo que a precede, a própria organização social da humanidade. Foi um visionário, previu a União Européia, a explosão da violência, o consumismo, a ditadura da legalidade, o caos da descolonização. Critica a homogeneidade que começava a tomar conta do continente europeu e apresenta a primeira definição do homem-massa: Gasset nos apresenta o homem que passou a dominar o mundo a partir do início do século XX, o homem-massa. Não se pode entender este homem como um operário, com o trabalhador; o homem-massa está entre os intelectuais, na elite econômica, entre os mais ricos, entre os mais pobres. Não se trata de uma classe, mas uma forma de viver o mundo que lhe é peculiar. “É o homem previamente esvaziado de sua própria história, sem entranhas de passado e, por isso mesmo, dócil a todas as disciplinas chamadas “internacionais” (…) só tem apetites, pensa que só têm direitos e não acha que tem obrigações: é um homem sem obrigações de nobreza.” Fala em homem, natureza, histórica, sociedade, indivíduo, coletividade, Estado, uso, direito. “A política priva o homem da solidão e da intimidade, e por isso a pregação do politicismo integral é uma das técnicas usadas para socializá-lo”. Condena as tentativas de reformar o mundo pelas revoluções; estas rompem violentamente com a tradição sem superá-la, fadando-as ao fracasso e à violência. O que distingue o homem do animal é sua capacidade de reter memória, “romper a continuidade com o passado é querer começar de novo, é aspirar a descer e plagiar o orangotango.” Nesta constatação a primeira característica do homem-massa: ele não atribui a si mesmo um valor, mas se sente o próprio VALOR “como todo mundo”; não se angustia com isso, sente-se bem por ser idêntico aos demais. Distingue-se da minoria; esta exige mais de si mesma, acumula dificuldades e deveres. Em toda classe social há uma massa e uma minoria. “A característica do momento é que a alma vulgar, sabendo que é vulgar, tem a coragem de afirmar o direito da vulgaridade e o impõe em toda parte.” SUBIDA DO NÍVEL HISTÓRICO E CRESCIMENTO DA VIDA “A vida média se desenvolve hoje numa altura superior à que se encontrava ontem”. O século XIX deixou como herança uma transformação na sociedade com a rapidez cada vez maior do avanço técnico-científico. Uma das conseqüências foi que o homem médio passou a ter acesso a condições e instrumentos inventados por homens especiais para homens especiais. Desta forma as massas emergiram para o primeiro plano da história. Gasset defende uma interpretação radical da aristocracia, afirma que a sociedade humana é sempre aristocrática por sua própria essência, “a ponto de ser sociedade na medida em que é aristocrática, e deixar de sê-lo na media que se desaristocratiza.” Vive-se então, em uma época em que se sente que a vida é mais vida do que todas as épocas anteriores, por isso o homem atual perdeu todo respeito e atenção com o passado. A imagem que Gasset faz do crescimento da vida mais do que atual: “o conteúdo da vida do homem médio de hoje é todo o planeta; que cada indivíduo vive habitualmente todo o mundo (…) cada pedaço de terra já não está confinado o seu lugar geométrico, mas atua nos outros lugares do planeta para efeitos vitais.” É bom lembrar que na época nem se imaginava a transmissão de dados via satélite ou a internet. Antecipou até o consumismo: “Não é fácil imaginar, desejar, um objeto que não exista no mercado, e vice-versa: não é possível que um homem possa imaginar e desejar tudo que se acha à venda.” O HOMEM-MASSA Feitas as considerações sobre a vida de sua época, Gasset começa a apresentar o homem-massa: 1. Este homem não encontra mais nenhuma barreira social e aprende que todos os homens são legalmente iguais. A vida para o homem das épocas passadas era limitação, obrigações, dependência. Para o homem-massa é ilimitada; “Futiga seus apetites que, em princípio, podem crescer indefinidamente (….) não se preocupa com nada além de seu bem-estar”. 2. Não reconhece nenhuma instância fora dele, está satisfeito do jeito que é. “Ingenuamente, sem ser arrogante, como a coisa mais natural do mundo, tenderá a afirmar e qualificar como bom tudo o que tem em si: opiniões, apetites, preferências ou gostos”. Está encantado consigo mesmo. O homem excelente possui uma intima necessidade de apelar para uma norma além dele, superior a ele, a cujo serviço se coloca espontaneamente, exige de muito de si mesmo enquanto que o homem vulgar não exige nada. 3. As massas intervêm em tudo, e só o fazem violentamente. Julgam-se no direito de ter opiniões sobre os mais diversos assuntos, mas sem terem feito um esforço prévio para forjá-las. Possuem um grupo de idéias dentro de si, contenta-se com elas considera-se intelectualmente completa. Não admite nada além desse repertório que formou. “Não é que o vulgo pense que é excepcional e não vulgar, mas sim que o vulgar proclama e impões o direito da vulgaridade, ou a vulgaridade como um direito”. Surge um novo tipo de homem, o que não quer dar razão nem quer ter razão, mas que se mostra decidido a impor suas opiniões, é o direito a não ter razão. Possui idéias, mas é incapaz de formá-las. A forma de atuar é a ação direta, inverte a ordem e proclama a violência com a primeira razão. Não deseja a convivência com o que não é como ela. “Odeia mortalmente o que não é ela”. 4. Vive num mundo de extraordinário avanço científico e tecnológico, no entanto cada vez o homem se interessa menos pelos princípios da ciência. “O mundo é civilizado, mas seu habitante não o é: nem sequer vê a civilização nele, mas a utiliza como se fosse à natureza”. 5. “O homem-massa acha que a civilização em que nasceu e que usa é tão espontânea eprimigênia como a Natureza (…). Os valores fundamentais da cultura não o interessam, não são sensíveis a eles, não está disposto a colocar-se a seu serviço”. O mundo se tornou mais difícil e complexo e cada vez é menor o número de pessoas à altura desses problemas. Há algumas cabeças capazes, mas o homem-massa não quer pô-las sobre os ombros. O homem fracassa por não conseguir acompanhar o progresso de sua própria civilização. Um das coisas mais notáveis é que as pessoas “cultas” de hoje serem de uma ignorância histórica incrível, ao mesmo tempo em que a história avançou com ciência, perdeu-se como cultura. 6. O homem vulgar é definido como sendo aquele não impõe sobre si próprio nenhum esforço voltado à busca da perfeição, pois já se sente satisfeito consigo mesmo, sendo ainda altamente suscetível à despersonalização e à aderência à onda do momento e ao grupo dos ‘homens-massa’. O homem excelente, ao contrário, impõe enorme demandas a si próprio incluindo tarefas difíceis e árduas responsabilidades. O aumento dos movimentos de massa do início do século vinte criou uma peculiar conjuntura social na qual a proporção de homens excelentes diminuía à medida que proporção de homens vulgares aumentava. É o olhar a estrutura psicológica deste homem massa do seguinte modo: Que a vida para ele se apresenta com uma impressão radical que e fácil; abastada sem limitações, isto é cada individuo médio repousa numa sensação de domínio e triunfo; afirma-se como moral e intelectualmente bom e completo, fechando-se a qualquer instância superior; e intervirá em tudo, impondo sua opinião vulgar, sem considerações, contemplações, nem reservas ;quer dizer , segundo seu regime de ação direta. Comporta-se como uma “criança mimada”, pensa que pode se comportar em qualquer lugar como em sua casa. Caracteriza-se por saber que certas coisas não podem ser e, apesar disso, e por isso mesmo, fingem uma convicção contrária com seus atos e palavras. É o que chamou de “mocinho satisfeito”.
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domingo, julho 07, 2013

Breve Síntese do Conflito Racionalismo x Empirismo


Introdução: _A disputa entre o racionalismo e o empirismo diz respeito à medida que somos dependentes da experiência sensorial em nosso esforço para ganhar conhecimento. Racionalismo e empirismo se opõem em posições dentro da epistemologia. O racionalista acredita que a razão pura (Razão independente da experiência) pode produzir conhecimento informativo, o conhecimento (de alguns aspectos) do mundo, e não apenas das relações entre os nossos conceitos. Tal conhecimento racional é nomeado, a priori, para indicar que é antes e independente da experiência. As marcas características de um conhecimento a priori são universal. Empirismo é a negação do racionalismo. O empirista insiste que todo o nosso conhecimento informativo, todo o nosso conhecimento do mundo, é derivado da experiência. Os racionalistas afirmam que há formas significativas em que os nossos conceitos e conhecimentos são obtidos de forma independente da experiência sensorial. Os racionalistas compartilham a visão de que há conhecimento inato,afirmando que nascemos com a competência para articular nossa inteligência com os princípios racionais, como também, aptos para pensar ideias verdadeiras, sendo assim, são idéias inatas. O empirismo, ao oposto, assevera que a razão, em sua fundamentação, bem como as ideias, são adquiridas por meio da experiência. Empiristas afirmam que a experiência sensorial é a melhor fonte de todos os nossos conceitos e conhecimentos. Racionalistas geralmente desenvolvem a sua visão de duas maneiras. Primeiro, eles argumentam que há casos em que o conteúdo de nossos conceitos ou conhecimento ultrapassa a informação de que a experiência dos sentidos pode proporcionar. Em segundo lugar, eles constroem relatos de como razão de alguma forma ou de outra determina as informações adicionais sobre o mundo._________
Racionalismo: ___Compartilham a visão de que há o conhecimento inato,  diferem em que eles escolhem diferentes objetos de conhecimento inato. Platão é um racionalista, porque ele acha que não temos conhecimento inato das Formas [objetos e conceitos matemáticos (triângulos, igualdade, grandeza), os conceitos morais bondade, beleza, virtude. Já Descartes pensa que a ideia de Deus, ou perfeição e infinito, e o conhecimento é próprio da existência e inato. Leibniz, Articula que os princípios lógicos são inatos. Para o racionalismo a razão é o fundamento  do conhecimento. O conhecimento sensível é considerado enganoso. Por isso, as representações da razão são as mais exatas, e as únicas que podem conduzir ao conhecimento logicamente necessário e universalmente válido.A razão é capaz de conhecer a estrutura da realidade a partir de princípios puros da própria razão. A ordenação lógica do mundo permite compreender a sua estrutura de forma dedutiva. O racionalismo segue, neste aspecto, o modelo matemático de dedução a partir de um reduzido número de axiomas. Os racionalistas partem do princípio que o sujeito cognoscente é ativo e, ao criar uma representação de qualquer objeto real, está a submetê-lo às suas estruturas ideias.O racionalismo filosófico engloba várias vertentes de pensamentos, os quais geralmente compartilham a convicção de que a realidade é na verdade, de natureza racional e que as deduções adequadas são essencialmente para alcançar o conhecimento. Essa lógica dedutiva e o uso de processos matemáticos fornecem as ferramentas metodológicas principais. Assim, o racionalismo tem sido muitas vezes realizado em contraste com empirismo. ___Empirismo:
 É conhecido como a oposição ao racionalismo e considera a experiência como a única fonte conhecimento válido. Só o conhecimento sensível nos coloca em contato com a realidade. Dada esta característica, os empiristas tomam as ciências naturais como o tipo ideal da ciência, uma vez que é baseado em fatos observáveis. Para o empirismo a experiência é a sustentação de todo o conhecimento, no entanto possui  seu limite. Os empiristas recusam a existência de ideias inatas, como defendia Platão e Descartes. A mente está vazia antes de receber qualquer tipo de informação proveniente dos sentidos. Todo o conhecimento sobre as coisas, mesmo aquele em que se elaboram leis universais, provém da experiência, por isso mesmo, só é válido dentro dos limites do observável. Empirismo é uma crítica do racionalismo sob a suposição de que a razão tem natureza ilimitada, e até mesmo o próprio processo irracional pode produzir qualquer tipo de conclusão. A razão em si não tem base e opera a partir de suposições. Conhecimento válido, portanto, só considerada adquirida através da experiência. Os principais representantes dessa filosofia são: Bacon, Hobbes, Newton, Locke e Hume Berkelery. Destes, Bacon e Newton trabalhou principalmente no campo das ciências naturais. Pensamentos empiristas compreendidos por tudo o que é o objeto do conhecimento, Locke incluem percepções, enquanto Hume. Tanto Locke e Hume aceitaram subjetivismo argumentam que o conhecimento e a realidade realmente não sabem apenas idéias sobre isso. ___Empirismo e suas posições : • Estuda os acontecimentos e experiências. • A fonte principal e última são: a percepção, intuição, no sentido da ordem. • Nega a possibilidade de idéias espontâneas. • Assume que todo o conhecimento é baseado na experiência. • Destaca o significado da experiência, especialmente no sentido de percepção. • É necessário a observação (sentidos) para dar certeza do conhecimento. • Examina, confirma ou nega a hipótese. • O que determina se o conhecimento é válido ou não, está no caminho da construção. • Principais Representantes: John Locke, David Hume, e Francis Bekerley Bacun. __Racionalismo suas posições: • Estuda as entidades abstratas que só existem na mente humana. (Conceito) • A principal fonte e teste final de conhecimento (raciocínio dedutivo), com base em princípios claros e axiomas (princípio básico é aceito como verdadeira sem prova alguma). • Ele afirma que a mente é capaz de reconhecer a realidade através da sua capacidade de raciocinar. • Sistema de pensamento que enfatiza o papel da razão na aquisição do conhecimento. • Ela é expressa por meio de conceitos lógicos e sistemáticos que são agrupados teorias. • Demonstrar ou provar. • O conhecimento vem depois da dúvida e encontrar um princípio evidente uma verdade clara e distinta.
Principais Representantes: René Descartes, Spinoza, Leibniz, e Kant. Contudo, em função da complexidade entre Racionalismo x Empirismo, Kant tentou uma saída para o conflito no âmbito do  racionalismo e  empirismo. Kant conceitua que conhecimento racionalista repousa sobre as coisas puramente de ordem lógica. E no conhecimento empírico, afirma que as experiências empíricas, são acessíveis para  a construção do conhecimento. Desse modo a filosofia Kantiana, propunha que: tanto o Racionalismo como o Empirismo tem sua validade de verdade. O primeiro no que diz respeito que o conhecimento é de ordem racional, e o segundo, no que assevera que o conhecimento é experiencial, todavia Kant afirma haver composições prévias no sujeito, quais são estruturas e cognitivas de modo à priori, e que, contudo, só se concluíam com a experiência, a posteriori. Mas isso tornou a filosofia de Kant mais tensa e complexa...
_Conclusão: O racionalismo assevera que a razão pura (a razão sem influência dos sentidos empíricos) é a maior (única) fonte do conhecimento, sendo que o empirismo, ao contrário, afirma que todo o conhecimento é contraído pelos sentidos empíricos.
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quinta-feira, junho 20, 2013

Síntese do Niilismo Parte II

“Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós! Como haveremos de nos consolar, nós os algozes dos algozes? O que o mundo possuiu, até agora, de mais sagrado e mais poderoso sucumbiu exangue aos golpes das nossas lâminas. Quem nos limpará desse sangue? Qual a água que nos lavará? Que solenidades de desagravo, que jogos sagrados haveremos de inventar? A grandiosidade deste ato não será demasiada para nós? Não teremos de nos tornar nós próprios deuses, para parecermos apenas dignos dele? Nunca existiu ato mais grandioso, e, quem quer que nasça depois de nós, passará a fazer parte, mercê deste ato, de uma história superior a toda a história até hoje !” NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência, §125.

a) - O próprio Nietzsche, em “A vontade de poder” expõe “que os valores supremos estão perdendo o seu valor”. Nietzsche faz ver que o niilismo é desvalorizar os altos valores existenciais e sustenta a insustentabilidade absoluta de que todos os valores supremos são em si, alguma coisa inviolável; que possa dar ordem de sentido à realidade existencial. Parece-me que o niilismo está apontando para um sentido fora do que é aquilo que damos significância como supremamente material. Onde, também, o próprio ser humano, exalta valores nele mesmo que são altamente valiosos e invioláveis dentro da vida (“é a lógica de nossos grandes valores como idéias pensadas até o fim”). Já que a existência como vida possui valores, nela se apega como se dependêssemos apenas dela para a realização de nosso bem e valores. Atribuímos valores em tudo dentro da vida, de modo que esses valores em si são estimados em tal nível que eles se bastam para valorização da vida com supremo apego. O Niilismo faz ver que o não valorizar o tudo é o valorizar o fora da vida. Valorizar os altos valores dentro da vida é depreciação de ordem e de ideal. Assim, o niilismo significará também que nada é verdadeiro, e por isso mesmo tudo é incerto, sem o Absolutismo . O niilismo nesse sentido é a desconfiança e a negação dos valores absolutos que se constituem como venerações supremas. Não é a invalidação da verdade, mas o negar sua soberania. O niilismo relativiza a ordem da verdade e confronta-se com ela de modo irreverente, ou seja, o Niilismo não possui nenhuma veneração pela verdade, posto que ela seja subjetiva e não absoluta, já que todo absoluto é nulo de validade... b) - Uma vez que a consciência da ausência de sentido, pela necessidade de uma plenitude perene que não chega e na descrença no mundo metafísico. Nesse caso, não é ao mesmo tempo possível pensar com expectativa em um fim, com o conceito de unidade, pleno de valor e de uma verdade satisfatória. Prevalece então, o sem sentido, a vontade de nada, a negação da vida, a desesperança. O fim não chega a nada, e que não se deve esperar que ele chegue, embora o fim seja visto como uma unidade de valor:
c) - Segundo Nietzsche, no final do século XIX, a Europa já experimenta a morte de Deus. E a Europa não se dava conta de que a morte de Deus insinuava a desvalorização dos valores morais. Vemos a desvalorização dos valores supremos que, por isso a morte de Deus implica a desvalorização de todos os demais valores. A morte de Deus é a morte do mundo-verdade; a invalidação absoluta dos valores soberanos e transcendentes. A fé racional em Kant, afasta que esse entendimento da morte de Deus seja racional. No sentido de que fé e razão atuam em esferas inconciliáveis e distintas. A afirmação da fé racional é própria a consciência humana da sua mudança. A fé racional faz que uma pessoa possa estar plenamente segura de que ninguém poderá refutar a proposição: Se Deus existe; como se pode ter tal intuição? d) - Nietzsche nos leva ao entendimento do não valor da existência quando compreendemos que ela não pode interpretar-se, no seu modo de ser, nem com a noção do conceito de fim, nem com a do julgamento de unidade, nem com a do principio de verdade. Não atingimos a nada, não conseguimos coisa nenhuma dessa espécie; a unidade plena não aparece no pluralismo do devir: nesse caso Nietzsche nos faz ver que o caráter da existência não é o de ser verdadeiro, porém o de ser falso. A despeito de obtido o sentimento do não-valor ele compreende que não poderia interpretar o sentido comum da existência nem pelo entendimento de “finalidade”, nem pela de “unidade”, nem pela de “verdade”. Nada se alcança nem se obtém por meio delas; falta a unidade que interfere na multiplicidade dos acontecimentos: o caráter da existência não é “verdadeiro”, ele é falso. Categoricamente não há razão de se persuadir da existência do mundo-verdade. Em resumo as categorias: “finalidade”, “unidade”, “ser”, que podem definir um valor ao mundo, são removidas e por definição existência tem o caráter de uma coisa sem valor... - Copyright André Assis. Todos os direitos reservados.

“ O real não está na saída nem na chegada.


 Ele se dispõe para gente é no meio da travessia. Mire e veja: o mais importante e bonito nesse mundo é: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que estão sempre mudando. Afinam e desafinam. Verdade maior é o que a vida me ensinou.” Guimarães Rosa.

domingo, fevereiro 24, 2013

Diálogo - Por Paulo Freire


Diálogo - Texto escrito pelo professor Paulo Freire extraído do livro Pedagogia do Oprimido -editado pela editora Paz e Terra 18a edição _____________Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. Se não amo o mundo, se não amo a vida, se não amo os homens, não me é possível o diálogo. O diálogo, como encontro dos homens para a tarefa comum de saber agir, se rompe, se seus pólos (ou um deles) perdem a humildade. Como posso dialogar, se alieno a ignorância, isto é, se a vejo sempre no outro, nunca em mim? Como posso dialogar, se me admito como um homem diferente, virtuoso por herança, diante dos outros, meros "isto", em que não reconheço outros eu? Como posso dialogar, se me sinto participante de um "gueto" de homens puros, donos da verdade e do saber, para quem todos os que estão fora são "essa gente", ou são "nativos inferiores"? Como posso dialogar, se parto de que a pronúncia do mundo é tarefa de homens seletos e que a presença das massas na história é sinal de sua deterioração que devo evitar? Como posso dialogar, se me fecho à contribuição dos outros, que jamais reconheço, e até me sinto ofendido com ela? Como posso dialogar se temo a superação e se, só em pensar nela, sofro e definho? A auto-suficiência é incompatível com o diálogo. Os homens que não tem humildade ou a perdem, não podem aproximar-se do povo. Não podem ser seus companheiros de pronúncia do mundo. Se alguém não é capaz de sentir-se e saber-se tão homem quanto os outros, é que lhe falta ainda muito que caminhar, para chegar ao lugar de encontro com eles. Neste lugar de encontro, não há ignorantes absolutos, nem sábios absolutos, há homens que, em comunhão, buscam saber mais. Não há também, diálogo, se não há uma intensa fé nos homens. Fé no seu poder de fazer e de refazer. De criar e recriar. Fé na sua vocação de ser mais, que não é privilégio de alguns eleitos, mas direitos dos homens. A fé nos homens é um dado a priori do diálogo. Por isto, existe antes mesmo de que ele se instale. O homem dialógico tem fé nos homens antes de encontrar-se frente a frente com eles. Esta, contudo, não é uma ingênua fé. O homem dialógico, que é crítico, sabe que, se o poder de fazer, de criar, de transformar, é um poder dos homens, sabe também que podem eles, em situação concreta, alienados, ter este poder prejudicado. Esta possibilidade, porém, em lugar de matar no homem dialógico a sua fé nos homens, aparece a ele, pelo contrário, como um desafio ao qual tem de responder. Está convencido de que este poder de fazer e transformar, mesmo que negado em situações concretas, tende a renascer. Pode renascer. Pode constituir-se. Não gratuitamente, mas na e pela luta por sua libertação. Com a instalação do trabalho não mais escravo, mas livre, que dá a alegria de viver. Sem esta fé nos homens, o diálogo é uma farsa. Transforma-se, na melhor das hipóteses, em manipulação adocicadamente paternalista. Ao fundar-se no amor, na humildade, na fé nos homens, o diálogo se faz uma realização horizontal, em que a confiança de um pólo no outro é conseqüência óbvia. Seria uma contradição se, amoroso, humilde e cheio de fé, o diálogo não provocasse este clima de confiança entre seus sujeitos. Por isto inexiste esta confiança na antidialogicidade da concepção "bancária" da educação. Se a fé nos homens é um dado a priori do diálogo, a confiança se instaura com ele. A confiança vai fazendo os sujeitos dialógicos cada vez mais companheiros na pronúncia do mundo. Se falha esta confiança, é que falharam as condições discutidas anteriormente. Um falso amor, uma falsa humildade, um debilitada fé nos homens não podem gerar confiança. A confiança implica no testemunho que um sujeito dá aos outros de suas reais e concretas intenções. Não pode existir, se a palavra, descaracterizada, não coincide com os atos. Dizer uma coisa e fazer outra, não levando a palavra a sério, não pode ser estímulo à confiança. Não é porém, a esperança um cruzar de braços e esperar. Movo-me na esperança enquanto luto e, se luto com esperança, espero. Se o diálogo é o encontro dos homens para ser mais, não pode desfazer-se na desesperança. Se os sujeitos do diálogo nada esperam do seu que fazer, já não pode haver diálogo. O seu encontro é vazio e estéril. É burocrático e fastidioso. -Paulo Reglus Neves Freire, 19 de setembro de 1921 — 2 de maio de 1997) Educador e filósofo. Patrono da Educação Brasileira. É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da Pedagogia mundial, o pai da chamada pedagogia crítica. A sua prática didática fundamentava-se na convicção de que o educando assimilaria o objeto de estudo fazendo uso de uma prática dialética com a realidade, em contraposição à por ele denominada educação bancária, tecnicista e alienante: o educando criaria sua própria educação, fazendo ele próprio o caminho de interesse e não submetendo a um já caminho previamente construído; libertando-se de chavões alienantes, o educando seguiria e criaria o rumo do seu aprendizado.

quarta-feira, fevereiro 06, 2013

Rápida Utopia – De Umberto Eco


Texto publicado em 1993.
Nosso século está doente carregado de saberes fragmentos, incapaz de reconhecer seus inimigos. O diagnostico do autor é curto: respiramos neurastenia e vivemos em busca de uma cura para nosso mal, tudo em altíssima velocidade . Ação à distância, velocidade, comunicação, linha de montagem, triunfo das massas, Holocausto: através das metáforas e das realidades que marcaram esses 100 últimos anos, aparece à verdadeira doença do progresso… Primeira regra: não se pode julgar um século, sobretudo alguns anos antes do seu fim, sem recolocá-lo na devida perspectiva histórica. Pensem no que teria respondido um geógrafo do século XV se lhe tivesse pedido uma síntese de seu século em 1° de janeiro de 1490. Ou no que teríamos respondido se nos tivesse pedido um balanço de 1989 um mês antes da queda do Muro de Berlim e da revolução da Romênia. Segunda regra: quem julga? O julgamento de um cidadão do mundo ocidental é diferente do de um biafrense que morre de fome. Mas, se essa regra é válida para casa século, ela o é um pouco menos para o nosso. Para o bem ou para o mal, o modelo ocidental se impõe gradativamente sobre uma grande parte do planeta. Um camponês chinês esta hoje, para o bem ou para o mal, mais próximo de um camponês francês do que estava há dois séculos. Terceira regra: não se pode avaliar emocionalmente um século estando dentro dele e sem proceder a comparações estatísticas. O número de pessoas que hoje morrem de fome no mundo causa horror. Mas o número de pessoas que morreriam de fome no século passado também nos devem causar horror, sobretudo se o comparamos à população mundial da época. Segundo relatos de vários legados pontifícios, o príncipe Vlad Tepes de Valaquia (cognominado Drácula), que empalava mulheres e crianças enquanto se divertia com seus cortesãos, havia ordenado, só no ano de 1475, o massacre de 100.000 pessoas. Considerando que seu principado contava com 500.000 habitantes, é como se hoje o governo italiano ordenasse o massacre de 10.000 milhões de cidadãos. O Século que chega ao fim é o que presenciou o Holocausto, Hiroshima, os regimes dos Grandes Irmãos e dos Pequenos Pais, os massacres do Camboja e assim por diante. Não é um balanço tranquilizador. Mas, como veremos o horror desses acontecimentos não reside apenas na quantidade, que, certamente, é assustadora. Numa Europa com apenas algumas dezenas de milhões de habitantes, os pogrons das Cruzadas, as cidades saqueadas durante a Guerra dos Trinta Anos representam um número de vítimas que deveria deixar-nos sem voz. Ainda mais que os responsáveis eram honrados como heróis tanto nos livros de História quanto nos relatos suntuosos que fazem a grandeza da história da arte. Pode-se julgar um século pela distância existente entre seu sistema de valores e sua prática cotidiana. Como se sabe, a hipocrisia permite dispor compromissos entre o reconhecimento teórico dos valores e sua violação. Ora, nosso século talvez tenha sido menos hipócrita que os outros. Ele enunciou regras de convivência; certamente as violou, mas moveu e move processos públicos contra essas violações. Isso não impede que elas se repitam, mas teve alguma influência sobre nossos comportamentos cotidianos e sobre as probabilidades de um grande número de cidadãos, sobretudo no mundo ocidental, viver por mais tempo, evitando abusos de poder de toda ordem. Hoje posso andar pela rua sem me fazer matar por alguém que queira manter sua trajetória na mesma calçada que a minha, e sei que meus filhos não receberão cacetadas do filho de um duque como meio de aprendizagem do poder. Indivíduos prepotentes tentam ainda expulsar uma mulher negra do ônibus, mas a opinião pública os condena: ha apenas dois séculos teria pensado agir como honesto cidadão se tivesse investido uma parte de nosso pecúlio numa empresa que teria vendido essa mulher como escrava aos Estados Unidos. Parece que foi o que aconteceu com o Voltaire. Vejamos agora os aspectos ambíguos deste século. Ele terá sido o século das massas. Para o bem e para o mal. Os direitos das massas foram reconhecidos: é muito importante que um cidadão que não possua terra ou não tenha prerrogativa eclesiástica possa ter o direito à palavra, à contestação, ao voto, exercer um cargo político, e não avaliarmos o que isso representa porque não vivemos em séculos que era normal um artesão morar num casebre imundo e um senhor que não tinha dinheiro para pagar-lhe mandar seus servidores baterem nele. Experimente tratar a murros seu encanador que exige pagamento e compreenderá que alguma coisa mudou. As conquistas morais e políticas desse século, graças às quais não pode mais engravidar impunemente uma camponesa só porque se é donos de terras se pagam hoje pelo sistema de estrelato: aquela que, em outros tempos teria sido uma camponesa indefesa é hoje assediada com a promessa de aparecer nua na capa de uma revista famosa. Nosso século é o da aceleração tecnológica e científica, que se operou e continua operar em ritmos antes inconcebíveis. Foram necessários milhares de anos para passar do barco a remo à caravela ou da energia eólica ao motor de explosão; e em algumas décadas se passou do dirigível ao avião, da hélice ao turborreator e daí ao foguete interplanetário. Em algumas dezenas de anos, assistiu-se ao triunfo das teorias revolucionárias de Einstein e a seu questionamento. O custo dessa aceleração da descoberta é a hiperespecialização. Estamos em via de viver a tragédia dos saberes separados: quanto mais os separamos, tanto mais fácil submeter à ciência aos cálculos do poder. Esse fenômeno esta intimamente ligado ao fato de ter sido nesse século que os homens colocaram mais diretamente em questão a sobrevivência do planeta. Um excelente químico pode imaginar um excelente desodorante, mas não possui mais o saber que lhe permitiria dar-se conta de que seu produto irá provocar um buraco na camada de ozônio. O equivalente tecnológico da separação de poderes foi à linha de montagem. Nesta, cada um conhece apenas uma fase do trabalho. Privado da satisfação de ver o produto acabado, cada um é também liberado de qualquer responsabilidade. Poderia produzir, e isso ocorre com frequência, venenos sem que o soubesse. Mas a linha de montagem permite também fabricar aspirina em quantidade para o mundo todo. E rápido. Tudo se passa num ritmo acelerado, desconhecido dos séculos anteriores. Sem essa aceleração, o Muro de Berlim poderia ter durado milênios, como a Grande Muralha da China. É bom que tudo se tenha resolvido no espaço de trinta anos, mas pagamos o preço dessa rapidez. Poderíamos destruir o planeta num dia. Nosso século foi da comunicação instantânea. Hernán Cortés pôde destruir uma civilização e, antes que a notícia se espalhasse, teve tempo para encontra justificativas a seus empreendimentos. Hoje, os massacres da Praça Celestial, em Beijing, tornaram-se atualidade no momento mesmo em que se desenrolam e provocam a reação de todo o mundo civilizado. Mas informações simultâneas em excesso, provenientes de todos os pontos do globo, produzem um hábito. O século da comunicação transformou a informação em espetáculo. Arriscamo-nos a confundir a todo instante a atualidade e o divertimento. Nosso século presenciou o triunfo da ação à distância. Hoje, aperta-se um botão e um foguete é lançado a Marte. A ação à distância salva numerosas vidas, mas irresponsabiliza o crime. Ciência, tecnologia, comunicação, ação à distância, princípio da linha de montagem: tudo isso tornou possível o Holocausto. A perseguição racial e o genocídio não foram uma invenção de nosso século e herdamos do passado o hábito de brandir a ameaça de um complô judeu para desviar o descontentamento dos explorados. Mas o que torna tão terrível o genocídio nazista é que foi rápido tecnologicamente eficaz e buscou o consenso servindo-se das comunicações de massa e do prestígio da ciência. Foi fácil fazer passar por ciência uma teoria pseudo científica, porque, num regime de separação dos saberes, o químico que aplicava os gases asfixiantes não julgava necessário ter opiniões sobre a antropologia física. O Holocausto foi possível porque se podia aceitá-lo e justificá-lo sem ver seus resultados. Além de um número, afinal restrito, de pessoas responsáveis e de executantes diretos (sádicos e loucos), milhões de outros puderam colaborar à distância, realizando cada qual um gesto que não tinha nada de aterrador. Assim, esse século soube fazer do melhor de si o pior de si. Tudo o que aconteceu de terrível a seguir não foi senão repetição, sem grande inovação. O século do triunfo tecnológico foi também o da descoberta da fragilidade. Um moinho de vento podia ser reparado, mas o sistema do computador não tem defesa diante da ma intenção de um garoto precoce. O século esta estressado porque não sabe de quem se deve defender nem como: somos demasiado poderosos para poder evitar nossos inimigos. Encontramos o meio de eliminar a sujeira, mas não o de eliminar resíduos. Porque a sujeira nascia da indigência, que podia ser reduzida, ao passo que os resíduos (inclusive os radioativos) nascem do bem-estar que ninguém quer mais perder. Eis porque nosso século foi o da angústia e o da utopia de curá-la. Com um superego mais forte, a humanidade se embaraça num mal que conhece perfeitamente, confessa-o em público, tenta purificações expiatórias às quais se juntam as Igrejas e os governos e repete o mal porque a ação à distância e linha de montagem impedem de identificá-la no inicio do processo. Espaço, tempo, informação, crime, castigo, arrependimento, absolvição, indignação, esquecimento, descoberta, crítica, nascimento, longa vida, morte… tudo em altíssima velocidade. A um ritmo de stress. Nosso século é o do enfarte.___________
___________ -Umberto Eco Nascido em Alessandria, Itália, em 1932. Professor de semiótica na Universidade de Bolonha, ensaísta de renome mundial, dedicou-se a temas como estética, semiótica, filosofia da linguagem, teoria da literatura e da arte e sociologia da cultura. Autor de artigos de opinião nos jornais Espresso e La Repubblica, estreou como romancista com O Nome da Rosa, em 1980. Depois do imenso sucesso colhido na Itália e em todo o mundo, escreveu O Pêndulo de Foucault (1988), A Ilha do Dia Anterior (1994) e Baudolino (2000). Entre suas obras ensaísticas destacam-se Obra Aberta (1962), Apocalípticas e Integradas (1964), A Estrutura Ausente (1968), As Formas do Conteúdo (1971), Tratado Geral de Semiótica (1975), Seis Passeios pelos Bosques da Ficção (1994) e Sobre a Literatura (2003). Seus textos jornalísticos estão reunidos em Diário Mínimo (1963), O Segundo Diário Mínimo (1990) e A Coruja de Minerva (2000).

domingo, janeiro 20, 2013

Pensar é Dialogar

"Nada caracteriza melhor o homem que o fato de pensar". Aristóteles ______O único ser vivo que tem em si capacidade de articular seu pensamento é o homem. Todo seu modo de ser, assinala para sua forma pensante. Só ele pode expressar seus pensamentos de muitas maneiras e de varias formas. O humano é um ser pensante criado para fazer uso dos seus pensamentos antes mesmo de poder agir. No processo do pensar não está implicado, apenas aquilo que vemos, ouvimos, sentimos percebemos ou perscrutamos pela analise racional das coisas examinadas. Pensamos porque somos uma ex-istência no mundo, pensamos pelo fato de sermos uma realidade complexa e infinita dentro da própria existência. Existência essa, que nos seduz desafiando à compreensão do seu sentido. Por isso, pensar é participação humana dentro da historia que é o nosso aqui e agora... Pensar é relação dinâmica com a vida, pensar é inclusão na natureza, e é um encontro profundo com a sua própria essência e com a liberdade de si mesmo. Pensar é o principio determinante daquilo que somos no mundo. O pensamento é uma capacidade dialogal. Dialogal por que estamos sucessivamente em comunicação com a realidade que fazemos parte. Dialogamos continuamente com nosso universo interior, que é o dialogo com sigo mesmo. Dialogamos também com o universo exterior, qual estamos integrados e que nos causa-perplexidade e admiração. É com essa habilidade de dialogar para dentro (interior) e de percepção das coisas que estão fora (exterior) promovem a construção dos pensamentos. É pensando que fazemos à leitura da vida e de tudo que existe. Daí, concebemos e interpretamos o real. Com esses acenos propomos a decodificar a realidade de modo dialético e original. Estaremos sempre ativos no dialogo para dentro e para fora e por isso militante do ato de pensar tudo até o impensável. É o mistério da existência que evoca a reflexão que movimenta o pensamento em direção ao real qual está pleno de representações, de conceitos, de figuras, de imagens de símbolos, e de mistérios. E isso faz da realidade algo fascinante, desejável e sempre questionável. Por isso motiva o ser humano a suscitar o dialogo com o seu próprio “Eu” no afã de descobrir o sentido de sua existência. Daí o pensar evoca o “ser” que se manifesta questionando, e pondo-se a indagar em pleno dialogo com sua própria dimensão interior, colocando diante de si questões tais: Quem sou eu? O que é a vida? Olhar essa profundidade é muito além de pensar as questões básicas da vida; refletir assim é transcendência. Porque o ser humano não está ai por acaso, pensar a existência significa perguntar pelo sentido de si mesmo e de todas as coisas. Esse dialogo interior, é sempre progressivo e pode alterar a própria vida. Perguntar, responder e refutar em si mesmo processa o conceito das de novas idéias. Auto-propor tese, direcionar-se a antítese, e concluir com uma síntese aquilo que se pensa é em si participação do próprio pensar dialogal. Pensar é criar é inventar é dialogar em direção a sua própria unidade existencial.
Pensar é o fruto do dialogo com seu próprio ponto de vista que às vezes são obscuros, absurdos, estranhos, incoerentes e irrisórios, até imbecis; mais que são importantes na ótica do próprio pensador que busca autenticidade partindo das idéias gerais até as idéias próprias. Pensar é um programa dialético também com o externo com o mundo e com a realidade. Demonstrar individualidade, é pensar e pensar é manifestação de vida, é expressão, de uma presença, chamada homem. Aplicar-se ao dialogo existencial é pensar e pensar é o dialogo em profundidade.

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terça-feira, janeiro 15, 2013

Homo Sapiens & Homo Demens.


Há um dualismo em nossa história que nos causa perplexidade. É a atitude homo sapiens(homem sábio) & homo demens(homem demente). A capacidade humana é de fato admirável. Entre tantas estão seus grandes feitos científicos, e tecnológicos que de modo proeminente tem servido de fabulosa utilização a humanidade. O Homem é capaz de explorar o espaço sideral. Desenvolve invenções incríveis, como por exemplo, o caso do computador e a revolução da internet, telefonia celular. O desenvolvimento de conhecimentos em mecânica, eletrônica, física, química, e biologia. E a biogenética é um avanço de considerável proeza humana. O cérebro humano carrega segredos ainda não revelados. Sua capacidade de expressão quer por meio da fala, da cultura, da arte, mostra que de fato ele é um ser digno de portar esse titulo homo sapiens. Mais por outro lado, esse mesmo ser que explora o espaço sideral, que inventa, e que articula sua capacidade pensante para uma serie de fabulosas coisas; tem mostrado um outro lado. É o seu lado cruel, a sua incapacidade de compaixão pelos fracos, pelos pobres, pelos idosos, pelos portadoras de necessidades especiais e é um absoluto portador da discriminação social,ideológica, religiosa e racial. Seu egoísmo, arrogância soberba é aflorado quando não se solidariza com seu semelhante; é ainda capaz de sempre querer vantagem em tudo para seu bem estar. Principalmente quando se fala de dinheiro e poder. E em alguns casos se possui uma condição Privilegiada financeira são os pseudos superiores sobre os de menores renda. E alguns pensam que se tiveram a oportunidade de se graduarem em algum nível superior, julgam serem o máximo da prepotência do conhecimento e do saber sobre os que não tiveram a mesma chance; Doentes são esses ... Funções que lhe dê status de poder e autoridade pode alterar sua personalidade fazendo imaginar que é um deus. Sua capacidade de corrupção e perversão em amor ao dinheiro é monstruosa. Vemos a lei do salve-se quem puder imperando. O homem agindo assim não mostra todo seu lado demente? Sua inteligência e sabedoria não entra em contradição com esse lado desequilibrado e demente? Volta ao seu estado primitivo, com uma mente sem evolução, sem direcionamento ao progresso dos valores humanos. Daí urge que nossa dimensão sapiens prevaleça na invocação de nossas virtudes humanas; para que os que agem de modo contrário, repensem, que o lado demens não compensa e é ultrapassado...
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