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sexta-feira, dezembro 02, 2011

Conversa Com Educadores



O estudo da gramática não faz poetas. O estudo da harmonia não faz compositores. O estudo da psicologia não faz pessoas equilibradas. O estudo das "ciências da educação" não faz educadores. Educadores não podem ser produzidos. Educadores nascem. O que se pode fazer é ajudá-los a nascer. Para isso eu falo e escrevo: para que eles tenham coragem de nascer. Quero educar os educadores. E isso me dá grande prazer porque não existe coisa mais importante que educar. Pela educação o indivíduo se torna mais apto para viver: aprende a pensar e a resolver os problemas práticos da vida. Pela educação ele se torna mais sensível e mais rico interiormente, o que faz dele uma pessoa mais bonita, mais feliz e mais capaz de conviver com os outros. A maioria dos problemas da sociedade se resolveria se os indivíduos tivessem aprendido a pensar. Por não saber pensar tomamos as decisões políticas que não deveríamos tomar. Se você desejar saber com detalhes o que penso sobre a educação, leia os livros que se encontram na sala Biblioteca. Nas minhas conversas com educadores meus temas favoritos são: A alegria de ensinar, A educação dos sentidos, O prazer de ler, A arte de pensar, O educador como sedutor, O educador como feiticeiro, O educador como artista, O educador como cozinheiro, As leis do pensar criativo, Anatomia do pensamento: informação, razão, inteligência, conhecimento, alegria, Aprendendo a desaprender, Entre a ciência e sabedoria: o dilema da educação, Educação e política, Educação e Vida, Aprendizagem e prazer.Leia o artigo Como amar uma criança sobre o educador Janusz Korczak, que se tornou um símbolo pelo seu amor às crianças. Diretor de um orfanato em Varsóvia, foi morto pelos nazistas com suas crianças numa câmara de gás. Tradução de Manoel Moraes.

Texto Publicado na Casa de Rubem Alvez


http://www.rubemalves.com.br/conversacomeducadores.htm

terça-feira, novembro 08, 2011

Alegoria da caverna

“Agora imagina a maneira como segue o estado das nossas naturezas relativamente à instrução e à ignorância”.




Assim dar inicio,

Platão No mito da caverna narrado no livro VII do Republica.

Talvez, seja uma das mais importantes metáforas concebidas por uma mente filosófica. Em si delineia a situação comum em que se encontra a humanidade.
De acordo com a alegoria todos nós concebemos o real como sombras e o toma-mos como verdadeira. Platão estabelece na alegoria adistinção entre o mundo sensível e o mundo inteligível. Para tanto, lança mão de sombras que se projetam no fundo de uma caverna escura, quando pela sua entrada passam objetos iluminados pela luz do sol.

Para Platão a maioria da humanidade está condenada a uma infeliz condição.
Imaginou todos presos desde a infância no fundo de uma caverna, imobilizados, obrigados pelas correntes que os atavam a olharem sempre a parede em frente.
Supondo a seguir que existissem algumas pessoas, uns prisioneiros, carregando para lá para cá, sobre suas cabeças, estatuetas de homens, de animais, vasos, bacias e outros vasilhames, por detrás do muro onde os demais estavam encadeados, havendo ainda uma escassa iluminação vinda do fundo do subterrâneo, disse que os habitantes daquele triste lugar só poderiam enxergar o bruxuleio das sombras daqueles objetos, surgindo e se desfazendo diante deles.
Era assim que viviam os homens, concluiu Platão. Acreditavam que as imagens imaginárias que apareciam aos seus olhos (qual Platão chama de ídolos) eram verdadeiras, tomando o espectro pela realidade. A sua existência era, pois inteiramente dominada pela ignorância.

-Assim segue a alegoria-

Livro VII de A República, (380-370) a.C

“Agora imagina a maneira como segue o estado das nossas naturezas relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de perna e pescoço acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar à cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de fantoches armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas.

Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda espécie, que o transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio. Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal condição, eles tenham alguma vez visto, de si mesmos e de seus companheiros, mais do que as sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica defronte?
E com as coisas que desfilam? Não se passa o mesmo?
Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam? E se a parede do fundo da prisão provocasse eco, sempre que um dos transportadores falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles?

Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às sombras dos objetos fabricados? Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objetos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que passam o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora? E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não desviará ele a vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são realmente mais distintas do que as que se lhe mostram?
E se o arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subir a encosta rude e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras? Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o Sol e sua luz.
Por fim, suponho eu, será o sol, e não as suas imagens refletidas nas águas ou
em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá ver e contemplar tal qual é. Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível e que, de certa maneira, é a causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna. Ora, lembrando-se de sua primeira morada, da sabedoria que aí se professa e daqueles que foram seus companheiros de cativeiro, não achas que se alegrará com a mudança e lamentará os que lá ficaram? E se então distribuíssem honras e louvores, se tivessem recompensas para aquele que se apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras, que melhor se recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou em último lugar, ou virem juntas, e que por isso era o mais hábil em adivinhar a sua aparição, e que provocasse a inveja daqueles que, entre os prisioneiros, são venerados e poderosos? Ou então, como o herói de Homero, não preferirá mil vezes ser um simples lavrador, e sofrer tudo no mundo, a voltar às antigas ilusões e viver como vivia? Imagina ainda que esse homem volte à caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol?
E se tiver de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se libertaram de suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista confusa e antes que seus olhos se tenham recomposto, pois se habituar à escuridão exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros se riam à sua custa e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá? E se alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o mataria se pudesse fazê-lo”?


O próprio Platão, interpretando a Alegoria da Caverna, explica que:
A caverna subterrânea é o mundo visível. O fogo que a ilumina é a luz do sol. O prisioneiro que sobe à região superior e contempla suas maravilhas é a alma que ascende ao mundo inteligível. E o que eu penso, mas só Deus sabe se é verdade. Em todo caso, eu creio que nos mais altos limites do mundo inteligível está a idéia do bem que dificilmente percebe¬mos, mas que ao contemplá-la, concluí¬mos que ela é a causa de tudo o que é belo e bom. (A República, VII, 518b-d).
A partir de Sócrates se define o conceito, isto é, o conhecimento. Platão define as idéias e suas relações dando-lhes valores, perfazendo um pensamento lógico e aritmético. Mostra em sua alegoria que o homem poderá viver no mundo das sombras (ignorância) acreditando em um mundo completamente diferente da realidade, podendo talvez, atingir a luz (sabedoria), para viver livre de preconceitos, conhecedor da verdade.

Platão resume, indicando que aprendizagem humana se limita em legitimar como verdadeiras as idéias do mundo visível e do incognoscível. E tê-las como validade absoluta...
Devemos por em duvida tudo que querem que creiamos como verdadeiras e legitimas .

sábado, novembro 05, 2011

A trilha não percorrida


Duas trilhas divergiam numa dourada floresta de outono,
e lamentando não poder percorrer ambas
e ser um único viajante, longamente parei
e observei uma delas o mais longe que pude
até onde se curvava num mato baixo;

Então tomei a outra, igualmente boa,
e tendo talvez um atrativo especial,
pois o capim a cobria e necessitava o uso;
embora quanto a isso, passar lá,
as teria marcado na verdade igualmente.

E ambas naquela manhã igualmente descansavam
cobertas de folhas que nenhum pisar enegrecera.
Oh, deixei a primeira para um outro dia!
Entretanto sabendo que um caminho leva a outro,
duvidei se algum dia eu voltaria.

Eu contarei isto com um suspiro
em algum lugar, eras e eras distante:
duas trilhas divergiam num bosque – e eu
segui pela menos percorrida,
e isto fez toda a diferença.
----------------
The Road Not Taken
(Robert Frost, Mountain Interval, 1916)

Sou uma Coisa que Pensa.


O Pensamento é Uma dinâmica mental qual consente aos seres humanos ler a existência em seu redor e com isso compreender o modo concretizado de sua realidade existencial.
O pensamento é considerado como a mais interna expressão da manifestação do ser humano.
Pois são através dos sons, imagens, símbolos, e ideias que se revela a realidade do desejo humano.
Imaginar a existência sem o pensamento é tributar a negação da própria espécie humana. A não existência do pensamento é fundamentalmente a inexistência da aprendizagem e toda construção do conhecimento humano.
O fundamental no processo da construção do pensamento é em si, a atividade da articulação do ato de pensar, que confere condições de transcender de tudo que nos limita. Pensar é um movimento de inteiração e integração com realidade. Etimologicamente, pensar constitui analisar a importância de algum fato. Num sentido vasto, dizemos que o pensamento tem a aptidão de avaliar a realidade que fazemos parte. No ato de pensar há também o criar conceitos e não somente repeti-los, de modo pensando diferente do comum e habitual. Essencialmente o homem foi projetado para pensar.
"Sou uma coisa que pensa, isto é, que duvida que afirma e que ignora muitas coisas, que ama ou que odeia que quer e não quer que também imagina e que sente" Renê Descartes.
O pensamento completa a distinção humana, é o seu modo de pensar que o define existencialmente. Pode pensar grande ou a pequeno. A sua dignidade perante si mesmo decorre do modo como pensa sobre si mesmo. É Pensando que se pode ponderar o real e até duvidar dele e se aplicar para compreendê-lo.
Pensar assim é interagir com a realidade e desejar vigorosamente a compreensão da vida pela articulação da reflexão do pensamento vivo e ativo. Nesse contexto, o Pensar crítico e inconformado revela a liberdade da ação pensante.

Pensar é Patrimônio humano. Pensar é Ser no mundo e não ser mais um na existência. O pensamento pequeno, ou se sujeitar a não desenvolver o pensar livre, critica criativo, é ficar no obscurantismo. Ignorar o sentido da investigação, da crítica e da liberdade de pensar não gera o prazer do conhecimento. A ação de pensar com liberdade, do pensar crítico é investigado converte-se em riqueza singular humana. Não Articular o pensar livre, crítico e investigador torna o ser humano presa de sua condição histórica. Por meio da atividade pensante, ele descobre e vive à liberdade de si mesmo. Copyright educação. André Assis.Todos os direitos reservados.

sexta-feira, outubro 07, 2011

Valores De Crescimento .




O homem é um ser incompleto e que para viver carece do auxílio de outras pessoas.
Também precisa prover-se de outras necessidades básicas.
Não nascemos prontos e na medida em que nos desenvolvemos somos desafiados a uma aprendizagem continua e transformadora.
Olhar o mundo e a nós mesmos sob uma nova expectativa , faaz-nos enxergar não poucos os desafios que nos obrigam ao amadurecimento e transformação.
A insatisfação com nossa condição humana projetam-nos a mudança e ao crescimento pessoal levando-nos a uma autoconstrução gradual, aos poucos. Pois grande é provocação humana não se contentar com os acontecimentos tal como estão.
Como somos seres em pleno ato de evolução necessitamos de muitas coisas, é natural que analisemos e julguemos o que é melhor para nós.
Ao fazer isso, fundamos valores que nos auxiliarão.

Para compreender melhor os valores, vamos elencá-los em Tres condições:


- Valores Estéticos.
- Valores Morais.
- Valores Religiosos.


OS VALORES ESTÉTICOS

Os valores estéticos referem-se ao nosso gosto em relação à beleza. Ao combinar as cores das roupas que vamos usar ou da gravata com o terno, ou do sapato com a bolsa estamos atribuindo valores estéticos.
É no campo das artes que o homem tem a melhor oportunidade de exprimir seus valores estéticos. A literatura, a música, o teatro, a pintura, a escultura, a arquitetura, a dança, o cinema e a fotografia. Cada forma de arte é fonte de prazer e alegria, necessários à existência humana. Cada indivíduo, cada geração, cada sociedade tem seu gosto pelo estético.

Estética é um valor de auxílio ao crescimento humano.

OS VALORES MORAIS

Os valores morais aludem-se às relações inter pessoais em sociedade. São padrões de valores morais a verdade, a honra, a liberdade, a responsabilidade, a Honestidade e a justiça.
Os valores morais são imprescindíveis à convivênvialidade humana.
Constatamos: ser muito difícil viver numa sociedade em que não se praticam a justiça e a verdade.

O Valor moral em si possibilita uma ordem pessoal de transformação humanana.

OS VALORES RELIGIOSOS

O valor religioso faz referência as relações do ser humano com Deus.
Deus é o Que mais de supremo. É Fonte de tudo o que é Bom, Belo, Verdadeiro, Perfeito, Invariável e Justo. Por isso, o homem precisa Dele e dos valores religiosos para sua orintação espiritual.
A fé, a esperança e o amor(amor ágape} entram nesse contexto.

Como seres em transformação esses valores, são somatizadores para que nossa dimensão humana encaminhe-se a uma autoconstrução gradual.

quinta-feira, outubro 06, 2011

A arte de pensar


“O pensamento só se constitui nas relações em que corre sempre o risco de soçobrar”.

Gilles Deleuze

Por trás da ocupação do pensar, existe a vida que nos possibilita observar a realidade tal como ela se manifesta plena das representações e possibilitando os questionamentos.
E por falar em representação é por meio dele que transpomos os objetos de um sistema para um contexto qual podemos perceber e refletir.
O questionamento é um mecanismo sempre de busca, pela compreensão de algo que nos incomoda, como disse Heidegger: ”Todo questionamento é uma procura.” Esta procura se dá em função da nossa incapacidade de compreendermos o real tal com ele se manifesta. Por sê o real misterioso, procuramos interpretá-lo em forma das reapresentações, quais podem nascer de nossos questionamentos reflexivos.
Platão na Caverna das Sombras (Rep.VIII 514-517 aC) nos fala a respeito da interpretação do real pela forma da representação. Na sua alegoria expõe como o ser humano é apto para vê e se adaptar a realidade pela representação.

“Agora imagina a maneira como segue o estado das nossas naturezas relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de perna e pescoço acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar à cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas.
Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda espécie, que o transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio. Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal condição, eles tenham alguma vez visto, de si mesmos e de seus companheiros, mais do que as sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica defronte?
E com as coisas que desfilam? Não se passa o mesmo?
Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam? E se a parede do fundo da prisão provocasse eco, sempre que um dos transportadores falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles?
Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às sombras dos objetos fabricados? Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objetos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que passam o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e as sombras qual via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora? E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não o desviará a vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são realmente mais distintas do que as que se lhe mostram?
E se o arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subir a encosta rude e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras? Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o Sol e sua luz.
Por fim, suponho eu, será o sol, e não as suas imagens refletidas nas águas ou em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá ver e contemplar tal qual é. Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível e de certa maneira, é a causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna. Ora, lembrando-se de sua primeira morada, da sabedoria que aí se professa e daqueles que foram seus companheiros de cativeiro, não achas que se alegrará com a mudança e lamentará os que lá ficaram? E se então distribuíssem honras e louvores, se tivessem recompensas para aquele que se apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras, que melhor se recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou em último lugar, ou virem juntas, e que por isso era o mais hábil em adivinhar a sua aparição, e que provocasse a inveja daqueles que, entre os prisioneiros, são venerados e poderosos? Ou então, como o herói de Homero, não preferirá mil vezes ser um simples lavrador, e sofrer tudo no mundo, a voltar às antigas ilusões e viver como vivia? Imagina ainda que esse homem volte à caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol?
E se tiver de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se libertaram de suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista confusa e antes que seus olhos se tenham recomposto, pois se habituar à escuridão exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros se riam à sua custa e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá? “E se alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o mataria se pudesse fazê-lo”?

Platão nos mostra nesta alegoria que o pensador detém noções imprecisas da realidade. Desta forma, a alegoria da caverna é uma representação da real.
Platão defende o ponto de vista de que a relação entre as trevas da caverna e a natureza fora dela corresponde à relação entre as formas da natureza e o mundo das idéias.
Ele não acha a natureza em si sombria e triste, mas acha sim que ela é sombria e triste em relação à clareza das idéias.
Para o pensador pensar a existência implica em construir novos conceitos representativos que formam sua maneira de conceber a realidade.

No compromisso de pensar, o homem capta e expressa à realidade, em muitas formas e representações bem como os conceitos.
As representações são acolhidas e expressas em formas variadas do pensar. Rodin por exemplo, manifesta em forma de escultura a força indagadora do interior humano pensante.

“A escultura de A. Rodin (1840-1917), “O pensador” (1904). Mostra a força concentrada, transbordante e torrencial do ato de pensar.


Na escultura de Rodin, o pensador está concentrado, encurvado sobre si, a cabeça escorada na mão, o cotovelo escorado no joelho, o joelho escorado na sola do pé... E o pé escorado na terra. Na mais profunda solidão, o pensador pensa. “Pensar é pisar no imo da realidade, fazendo-a ressurgir cheia de sentido junto a nós”. Arcângelo R. Buzzi. A Existência Humana no Mundo, pág. 79. Editora Vozes.
A escultura de Rodin retrata o oficio do pensar e do pensador. Ela enfoca com muita propriedade a representação do pensamento e pensador.
O pensador está absorto, (refletindo) recurvo sobre si (ele mesmo se isola no universo dos seus pensando e dialoga consigo mesmo). A mão que sustenta a cabeça (questionando na perspectiva de encontrar uma resposta que o satisfaça ou o aproxime de uma resposta satisfatória) o cotovelo repousando no joelho, (a busca de uma afirmação de si, a partir da existência que tem consciência que está integrado) o joelho amparado na sola do pé (fatos e experiências que interagem a vida para a construção do nosso ver a realidade pela via do pensamento). Pé apoiado no solo (a convicção de uma realidade que sempre nos desafia a buscar uma afirmação pela verdade e o limite da certeza para compreendermos a vida).

Mais que pretende o pensador?

O pensador quer suscitar sempre uma nova concepção da realidade qual está inserido. Não é essa a função do pensador expor pela articulação de seu pensamento o resultado da reflexão da realidade que o cerca de um modo próprio e diferente? Ter novos horizontes, buscar novas expectativas de vida e compartilhar com outros as descobertas de seus pensamentos?
No pensar está o desejo de compreender e desvendar as coisas obscuras e descobrir aquelas coisas que nos causam perplexidade e as interpretar com um estilo novo. O que importa em meio as nossas ponderações é o resultado do que produzimos pensando. O fundamental é exercer a capacidade pensante para a produção dos nossos novos valores, e de novos conceitos da vida a partir de nosso olhar. Existimos em um mundo abarrotado de pensamentos e de conceitos herdados por outros; quais são tidos em grande parte como legítimos e verdadeiros. Prosseguirmos repetindo o que nos foi ensinado sem questionar. Porém, os valores e as certezas se transformam de lugar para lugar, ou de uma ocasião histórica para outra situação também histórica. A função do pensador é dissipar estas convicções e abrir novos horizontes pensando em torno de perspectivas novas e sempre originais. Não raro ouvimos pensadores, envolta com as seguintes questões: O que é a vida, qual é minha função nela? São perguntas que todo homem, em algum momento, na vida faz a si mesmo. Pensar é também procurar essas respostas e colocá-las diante de si. E dá si mesmo as respostas.
O pensamento somente tem início quando estamos perplexos com alguma coisa e almejamos respostas para aquilo que nos incomoda. A busca por essas respostas e conhecimentos nasce quando nos damos conta da nossa fragilidade e da nossa ignorância diante do esplendoroso mistério da vida. Pelo pensar buscamos a compreensão das coisas porque não sabermos necessariamente tudo.
Todo pensamento nessa perspectiva é uma tentativa de interpretar, o real e de encontrar o sentido das coisas. Uma forma de pensar não é mais correta do que outra. A função do pensador é servir de instrumento para abertura de novos conhecimentos e torná-los expostos. O pensador olha as coisas e as julga por dentro e por fora examinando tudo; “Nunca me esqueci da visão que tive da coroa do camarote Real, no teatro em Lisboa. De longe, uma maravilha. Quando olhei por debaixo, repleta de sujeira, teias de aranha... e logo aprendi: Para conhecer as coisas, há que dar-lhes a volta”. (J.Saramago) Esta é a função do pensador; duvidar das certezas, e desconfiar de tudo que vem pronto, não aceitar o quem vê de cima para baixo sem antes questionar.
Pensar entre outros conceitos é buscar compreender o mistério que nos cerca: De onde vim? Para onde vou? Quem eu sou? Cada vez que nos questionamos, nos damos conta de que existimos como “Ser”. Cogito Ergo Sun! Penso e logo existo. Existir é se aperceber da realidade e da realidade não sabemos tudo, porque o que dela sabemos não é claro. “O saber que dela temos é indireto, recolhido em sucessivas experiências e guardado na memória de algumas imagens”. Arcângelo R. Buzzi.
Pensar a realidade é o próprio experimento do Ser; qual habita imerso na existência questionando seu próprio sentido de ser e existir no mundo. Por isso ao pensar, o Ser, certifica-se que é parte de um grande todo existencial, pleno de mistérios e representações. Talvez seja essa a razão por o Ser ao pensar a realidade o faz certo de que existe como Ser pensante. Sabemos que nossa existência no mundo, vive plena de ambigüidades e essas ambigüidades sempre nos imporá o desafio das buscas das questões não muito claras. Isso provoca o movimento do pensamento, com o desafio de olhar para além das ambigüidades as quais nos motivam a trabalhar respostas que nos satisfaçam perante esse mistério de nome vida que nos incomoda e causa perplexidade.
Ante a isso, somos levados a examinar, conceber idéias, expor teorias, conceituar, duvidar, desconstruir, colocar fundamentos, e formular valores usando sempre nossa capacidade reflexiva para a compreensão daquilo que nos incomoda. Mas, toda reflexão pressupõe um valor ou outros valores que são embasados em questionamentos ou em contradições que exigem respostas. “Quando pensamos, fazemo-lo com o fim de julgar ou chegar a uma conclusão” diz C. G. Jung.
Para tanto, nossos pensamentos devem ser aptos para captar e trabalhar as muitas questões já existentes, até chegarmos as nossas próprias conclusões daquilo que ouvimos, vemos e imaginamos. No entanto sempre analisando pelo nosso pensar aberto e livre. Nesse processo de busca e conclusões das questões existências, o pensamento estar sempre aberto para captar, e expiar novas idéias, novos conceitos e outros valores. O resultado do nosso ato de pensar investigativo é que importa, seja como for. O que terá valor para o pensador será o resultado dos seus pensamentos, concorde os outros ou não. A relevância do pensar consiste também que nos esforcemos na elucidação de nossos pensamentos, seja sobre qualquer questão e descobrir por nossa própria conta uma nova visão das coisas pelo ato de pensar.
“Descobrir consiste em olhar para o que todo mundo está vendo e pensar uma coisa diferente”. Albert Szent-Giörgyi. Nobel de medicina. Pensar é isso, é pensar pensantemente. Significa ouvir, vê, lê esquadrinhar, duvidar, conceituar, desconstruir teorias, ou desconstruir conceitos pensar, repensar, decifrar a partir de nosso ponto de vista.

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sábado, agosto 27, 2011

Mario Sérgio Cortella - Entrevista a Jô Soares-

Entrevista a Jô Soares com enxertos de trechos de obras diversas do autor


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Ser filósofo é trabalhar na tentativa de ir além do óbvio. Trabalhar contra a idéia de que as coisas são aquilo que a aparência carrega. A filosofia é uma indagação. Ela lida com os “por quês” e não com os “comos”.
A minha obra é o futuro. Quando você se for, o que é que vai restar? O que você vai deixar?
Dizem os chineses que, no xadrez, após o término do jogo, tanto o rei quanto o peão vão para a mesma caixinha, independente dos resultados obtidos sobre o tabuleiro desta vida.
Mário Quintana teve a mesma idéia que eu e mandou escrever na lápide do seu túmulo: “Eu não estou aqui”. - Agora só me resta mandar escrever, no meu: “Nem eu”.
Quando perguntavam a Mário Quintana porque nunca se casou, ele respondia: "Preferi deixar dezenas de mulheres esperançosas do que uma só desiludida".
Minha mãe, Dona Emília, diz o seguinte: “Se você cuidar direitinho do seu corpo, ele dura a vida inteira”. Tudo isso é filosofia.

Idade
Uma frase que circula por aí diz que “quanto mais a pessoa vive, mais 'velha' fica”. Isso é uma bobagem, porque nós não nascemos prontos. Se tivéssemos nascido prontos, não haveria como aprender mais nada; não existiria a educação e nem nem aperfeiçoamento humano. - A pessoa não nasce pronta e vai se gastando, isso não acontece com gente. Quem nasce pronto e vai se gastando é utensílio, roupa, eletrodoméstico: fogão, sapato, geladeira, liquidificador... Seres humanos nascem incompletos, não-prontos, e vão se aperfeiçoando ao longo da vida. O “Mário Sérgio Cortella 2008” é minha mais nova e perfeita versão.

A filosofia vêm ganhando novos níveis de reflexão no Brasil. Hoje ela mescla um pouco da moda de se fazer pequenos cursos nessa área e também a parte séria: O nosso modo de vida no dia a dia esgotou um pouco alguns dos modelos de tecnologia, trabalho insano, uma vida acelerada demais... E a filosofia nos traz momentos importantes de indagação, reflexão, que às vezes servem de consolo e às vezes não.
Os latinos têm uma expressão que eu gosto muito que é “gracia”, que significa abençoado, protegido. Mas cuidado, porque é uma tradução do grego “karis”, de onde vêm “carisma”, “carismático”... "Gracia" significa "protegido" e "abençoado". – Dar graça é deixar o mundo protegido, abençoado. Uma pessoa engraçada é alguém que deixa o mundo melhor, alguém que enche o mundo de graça. O contrário de engraçado é desgraçado: vida desgraçada, gente desgraçada... O indivíduo que deixa a vida cheia de graça é aquele que se sente bem. Ser engraçado não é ser ridículo. Uma pessoa engraçada é aquela que faz você se sentir bem.
A filosofia tenta deixar o mundo mais engraçado, mas sem obscurecer as desgraças que temos no nosso cotidiano, pois são parte da realidade. Um filósofo ou uma filósofa se dedica a pensar um pouco. Não é necessariamente capaz de fazer arte, interpretar ou fazer música como fez Wagner, mas é capaz de fazer coisas estupendas. Eu me lembro de um personagem de tiras em quadrinhos chamado "Reizinho". Numa de suas histórias, o Reizinho gritava ao guarda da torre do palácio: “Algum inimigo à vista?” - E o guarda respondia: ”Defina inimigo!?”... O quadrinho seguinte era o Reizinho pensando consigo mesmo: “Nunca coloque um filósofo como sentinela”
O filósofo quer a definição, quer a percepção... Nem sempre ele aceita a acomodação. Quando você coloca água numa caneca ela se conforma à caneca. O filósofo é aquele que gosta de transbordar. Ele quer transbordar e convida todos a transbordarem, ultrapassarem as "bordas" impostas. Ele não se conforma...

"A coisa em si"
Heidegger dizia que nunca viu "a coisa em si". Edmund Husserl, seu antecessor, quando lhe perguntavam: “Como o senhor está?" – Respondia “Estou muito bem. Sinto apenas uma certa dificuldade em ser”... – Uma resposta suficiente.
A coisa que se entende por si mesma é aquela que é óbvia. Ela é evidente por si. Isso foi o que disse Descartes em seu “Discurso do Método”. Mas a coisa que é evidente não é aprazível. O evidente é mais ou menos como colocar braços na Vênus de Milo ou colorizar os primeiros filmes do Chaplin... O evidente é muito desagradável. É como arrumar. A Vênus fica melhor sem os braços. Chaplin é melhor em preto e branco. - Uma das funções da filosofia é desarrumar, desconcertar, desconstruir.
Muita gente pensa que a tarefa da filosofia serve ao pensamento crítico. Cuidado. O nazismo também tinha seus filósofos, assim como as ditaduras. As idéias de Nietzche no século XIX serviram para sustentar algumas idéias do nazismo, das quais estes se apropriaram. A função central de Nietzche é a de que nós precisamos nos libertar dos deuses e de qualquer idéia de Deus, e de qualquer força externa a nós mesmos e nos apoiar somente naquilo que ele chamava de "super-homem". - Nós, humanos, crendo somente naquilo que nós temos de força. - Essa idéia, o estado nazista, desde 1931, começou a personificar como a força do puro povo ariano. - O verdadeiro super-homem seria o ariano.
"Penso, logo existo"?
Lúcio Costa dizia: "penso, digo que penso, logo existo". A frase de Descartes, de 1640, "penso, logo existo", afirma o pensamento como sendo a base da realidade, mas não da existência como um todo. Eu penso, e a garantia da minha existência é o meu pensamento.
Aliás, Descartes era uma coisa curiosa. Ele só acordava ao meio dia. Ele ia dormir entre 5 e 6 da manhã e só acordava ao meio dia. Sempre. - Ele tinha uma fortuna e podia fazer isso. - A única vez que ele não fez isso foi em 1650, quando foi trabalhar com a rainha Cristina, da Suécia. Ele foi trabalhar em Estocolmo, em Dezembro... muito gelado. A rainha queria aulas de filosofia às 5 da manhã, e lá foi ele dar as aulas às 5 da manhã, debaixo do frio intenso. Na seqüência, em fevereiro, ele morre de pneumonia. Isso prova que nem sempre "Deus ajuda a quem cedo madruga".
Aprendi com Janete, minha esposa, que precisamos ter cuidado ao trabalhar exclusivamente no campo da razão. Claro que quando Descartes vivia, havia também um outro pensador, chamado Pascal, que dizia que "a emoção e a razão precisam ser enfrentadas também pela paixão". - Pascal é um matemático, ele lida com isso.
A razão só não basta. A paixão só não basta. O que funciona é um tipo de vida em que você não se conforme. Em que você seja capaz também, entre outras coisas, de perguntar, de indagar, de sair de dentro. Manoel de Barros dizia que "fazer poesia é voar fora das asas". Eu também acho que fazer um pouco de filosofia é como fazer arte: Voar fora das asas.
Ética
É o conjunto de valores e princípios que eu e você usamos para decidir as três grandes questões da vida, que são:
"Quero - Devo - Posso"
Quais são os princípios que usamos em nossas vidas?
- Existem coisas que eu quero mas não devo;
- Existem coisas que eu devo mas não posso;
- Existem coisas que eu posso mas não quero.
Quando é que você tem paz de espírito? Você tem paz de espírito quando aquilo que você quer é o que você pode e é o que você deve.
Como se define a ética? Através dos modos, através do exemplo, através de princípios da sociedade, religiosos ou não; através de normatizações...
Há vinte anos, num auditório, algumas pessoas fumariam e outras não. Há dez anos haveria uma placa: "É proibido fumar". Hoje não é mais preciso nenhuma imposição, ninguém fuma por censo comum. Às vezes isso surge como norma. Quando o cinto de segurança passou a ser obrigatório no Brasil, tinha gente que até vestia a camisa do time de futebol Vasco da Gama (que é branca com uma faixa transversal preta) só para enganar o agente da lei, tal a má vontade em obedecer a essa normatização. Hoje, todo mundo entra no carro e automaticamente coloca a faixa, sem nem lembrar da multa. - Isso significa que a ética vai se construindo.
Não existe ninguém "sem ética". O deputado que frauda, rouba, o falso amigo que mente e engana e o patrão que explora seus empregados? Esses têm uma ética contrária à ética da maioria. São "antiéticos". Mas isso ainda é um tipo (deturpado) de ética.
Moral, imoral e amoral
Amoral é alguém incapaz de decidir, escolher e julgar: uma criança até determinada idade; um idoso com síndrome de Alzheimer. Um demente social... Estes são amorais.
Uma pessoa de trinta anos, saudável e consciente, amoral, não existe. Moral é a prática de uma ética. Ética é a concepção dos princípios que eu escolho, Moral é a sua prática.
Eu tenho um princípio ético: não me apoderar do que não me pertence. Meu comportamento moral é se eu roubo ou não. O princípio se traduz numa moral. Uma pessoa amoral é alguém incapaz de decidir, julgar e avaliar. É o que a lei chama de "incapaz".
Quem é imoral? Existem pessoas que consideram, por exemplo, o beijo entre dois homens imoral. - Isso depende da referência de moral da sociedade e da época relacionadas.
Se eu fosse um grego clássico: Sócrates, o principal pensador desse período, era casado com Xantipa e tinha um amado, Alcebíades, um jovem general de 27 anos. Aliás, quando Sócrates morre, está nos braços de Alcebíades. - Xantipa entende isso, lá no século IV aC, como uma coisa normal daquela cultura. Hoje, talvez isso não seria entendido como uma coisa tão perturbadora, mas há 30 anos seria inadmissível.
Isso não quer dizer que a ética é relativa. A moral é que é relativa. A ética pertence a uma época e a um grupo, mas ela traz sempre a tentativa de ser universal. - Como as cartas dos Direitos Humanos: há 40 anos nós estamos discutindo essas questões de 1968. E há 60 anos estamos discutindo a "Declaração Universal dos Direitos do Homem". São tentativas de se chegar a uma ética universal, comum a todos os seres humanos: "toda criança tem que ser respeitada, não pode haver discriminação entre os povos", etc, etc... Esses princípios devem ser preservados? Se a resposta for positiva, não podemos dizer que a ética é uma coisa relativa. Existe uma força muito maior e desconhecida que nos diz que as crianças devem ser respeitadas, que o preconceito não deve ser tolerado e outros princípios básicos como esses.
Como isso se traduz na prática? Esta é uma outra percepção.
Praticidade
O prático nem sempre é o certo. Insanidade da nossa época: uma família que sai de casa no domingo para comer comida caseira! Se isso não é um sinal de insanidade, o que é? Todo mundo se junta e sai de casa para comer comida caseira.
Outra mostra de insanidade: nós temos um tecnologia de comunicação que gerou um nível de incomunicação brutal. - As pessoas estão isoladas, cada uma no seu canto, mergulhadas dentro da tecnologia... O prático nem sempre é o melhor. - Muitas vezes é só o prático. Exemplos: É mais prático fazer "caixa 2" do que trabalhar. É mais prático colar na prova do que ter que estudar.
Querer, Poder, Dever
Quero citar aqui o patrono da cidade de São Paulo, o apóstolo Paulo de Tarso, dos cristãos. Na primeira carta aos coríntios, ele diz que "tudo me é lícito, mas nem tudo me convém". Eu posso fazer qualquer coisa, porque sou livre, mas eu não devo fazer qualquer coisa.
Aliás, os cristãos dizem que Jesus de Nazaré afirmou, e está lá no Evangelho de Marcos, que "de nada adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, se ele perder a sua alma". - É uma frase fortíssima. Seja você um homem que tem religião ou não, tanto faz; a frase é forte. Perder a alma pode ser perder a sua integridade, perder a sua hombridade; é perder a capacidade de ser honesto, digno... Isto é, perder aquilo que nós não vamos levar e que é a única que vai ficar ou não: justamente a nossa identidade.
Paulo, antes de ser Paulo, era Saulo, porque havia uma tradição no judaísmo antigo de que aquele que fosse chamado por Deus mudava seu nome, renascendo para uma nova vida. "Arão" virou "Aarão". Saul ou Saulo era o nome anterior de Paulo. "Paulus", em latim, significa "pequeno". Os romanos tinham o costume de dar nomes segundo características físicas. - Claudius, de Cláudio, em latim, é "aquele que manca": daí vêm os termos "claudicar" e "claudicante". "Mário" vem de Marte, deus romano da guerra. - Paulo ganhou esse nome, que significa pequeno, para que tivesse humildade.
Ele se converte no novo homem, o "nascido de novo", no caminho para Damasco, atual Síria, quando cai do cavalo, literalmente, e no solo têm o que chamou de iluminação. Ali nasceu Paulo, o Pequeno, o humilde...
Ele ensinou bastante, porque tem gente que acha que para crescer é preciso diminuir o outro. Uma pessoa humilde é aquela que para crescer não precisa diminuir o outro. Para as pessoas arrogantes só é possível se elevar diminuindo alguém. E há pessoas inteligentes que crescem junto com o outro. Paulo de Tarso conseguiu fazer isso. Mas a noção de pequeno nem sempre se aplica à humildade.
Encerro com uma frase que eu aprecio intensamente, de um grande homem da renascença francesa, autor da obra prima "Gargantua e Pantagruel", entre outras:
"Conheço muitos que não puderam quando deviam, porque não quiseram quando podiam."
- François Rabelais

Mario Sergio Cortella é filósofo, mestre e doutor em Educação pela PUC-SP, onde é professor do Departamento de Teologia e Ciências da Religião e da Pós-Graduação em Educação (Currículo). Foi secretário municipal de Educação de São Paulo (1991/1992). É autor, entre outros livros, de A Escola e o Conhecimento: Fundamentos Epistemológicos e Políticos (Cortez), Nos Labirintos da Moral, com Yves de La Taille (Papirus), Não Espere pelo Epitáfio, Provocações Filosóficas (Vozes) e Não Nascemos Prontos! (Vozes).

Texto extraído do Blog Práticas da escrita em sala de aula. Profª Arlete Fonseca de Oliveira http://praticasescrita.blogspot.com/2010/09/filosofia.html

sexta-feira, agosto 26, 2011

Teoria do Ethos Humano


A expressão ética tem sua origem na palavra grega ήθος ethos. Significando local onde se habita, lugar de morada. Aristóteles foi o primeiro a fazer uso do termo, no sentido de que ethos é o espaço de ação humana, com hábitos, costumes e suas instituições.”O ethos se refere á organização de um povo ou de toda uma sociedade”. O sentido da palavra ética é muito mais que conjunto de regras morais. Até porque ética e moral se diferem. O Ethos em seu sentido mas primitivo do termo tem haver com a própria estrutura do ser humano; por que ele é um ser criado para viver em comunidade com seus pares e sua natureza é gregária, condicionado ao conjunto. Isto é o homem é um ser social para a relação recíproca com seus pares. Então Ethos é convivialidade, e não a lei da sobrevivência individual. Ethos é harmonia, ao invés de competitividade individual ou coletiva. Ethos é tornar a condição de vida favorável para que todos possam conviver e desenvolver-se no mesmo espaço, com direitos iguais à todos. No ethos as relações humanas são orientadas para um bem comum.
O ethos cria condições e tendências colaborativas para que as relações sejam fraternas possibilitando um conviver favorável entre todos ...
Isto não quer dizer que no ethos não estejam implicadas ausências das diferenças e conflitos, que conduzem as tenções. Mas nos meandros do ethos, vigora a consciência do equilíbrio que é evocado em meio às diferenças e confrontos. O princípio do ethos possibilita transpor limites e superar barreiras quais vão além dos conflitos e competitividades em nome dos valores da convivialidade.
A respeitabilidade dos limites do outro e o reconhecimento das diferenças de cada um faz toda a diferença no ethos e isso é ética. Para o cristianismo, o Cristo lançou a base do ethos no sermão da montanha.
“Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vos também a eles essa é alei e os profetas”. Mt 7,12.
No ethos está a radicalidade de princípios que favorecem a qualidade da vivencia coletiva. Ethos é união, e respeito, é compreender, é somar valores, é consideração às diferenças, é solidariedade, é aceitar e acolher o outro que é diferente. Isso tudo possibilita um ambiente mais repleto de qualidade de vida e do prazer nas relações interpessoais. Tornando o nosso local de convivência, (seja em família, seja no local trabalho, seja nas organizações publicas e etc...) mais favorável mais nobre e mais dentro da própria ética de vivencia e do equelibrio. Assim poderemos tornar o mundo um pouco melhor para ser vivido. Mundo este qual é nossa grande casa comum, ou seja, o nosso ethos humano.


Copyright educação . Todos os direitos reservados.

Anjos Da Guarda



Professores
Protetores das crianças do meu país
Eu queria, gostaria
De um discurso bem mais feliz
Porque tudo é educação
É matéria de todo o tempo
Ensinem a quem sabe tudo
A entregar o conhecimento
Na sala de aula
É que se forma um cidadão
Na sala de aula
Que se muda uma nação
Na sala de aula
Não há idade, nem cor
Por isso aceite e respeite
O meu professor
Batam palmas pra ele
Batam palmas pra ele
Batam palmas pra ele

Letra da Música

Anjos Da Guarda - De Leci Brandão-

sexta-feira, julho 22, 2011

...Amizade não Morre...


Deveras tu tens razão!
Arrogância e prepotência NÂO sobrepujam a amizade...
Sobre tudo mais vale a arrogância que amizade ?

Nunca ...

Amizade sua função se extirpa quando ante a ti o amigo se descarrila ?
Não é mais meu amigo ?
A amizade é um decrépito?
Morreu, pela ofensa?
Está em óbito por ressentimentos o amigo e a amizade ?
Mais valeu o ressentir infante do que a eficácia da amizade?

Se mata a amizade?

Será que você pode falar como William Blake ?: “A tua amizade já me fez sofrer muitas vezes, sê meu inimigo em nome da amizade”.

Agora você que era amizade, tua amizade dessabou ?
Não dar e nem pode...

Como no dizer de Paul Bouget: "Uma amizade nobre é uma obra de arte a dois".

Ou Como nos falou Sócrates: "Para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvermos em nós mesmos as qualidades que naquela admiramos".

-A amizade não descarrila não se defrauda não se consome.
-A amizade não se Apaga, não dilui, não entra em colapso.
-Não há velório da Amizade.
-Não existe Amizadecídio.
-Amizade entra e não sai.
-Amizade nasce e não morre.
-Amizade se celebra.
-Amizade é cor que não se descolore
-Amizade é criar laços...


"Se tu queres um amigo, cativas-me!
Cativar? É uma coisa muito esquecida. Significa criar laços.
Se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.
Os olhos são cegos. É preciso buscar com o coração".

''Antoine de Saint-Exupéry''


...Amigos não matam a AMIZADE e ela Não Morre... Copyright educação . Todos os direitos reservados.

As pessoas têm estrelas que não são as mesmas.




"As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para o meu negociante, eram ouro. Mas todas essas estrelas se calam. Tu porém, terás estrelas como ninguém... Quero dizer: quando olhares o céu de noite, (porque habitarei uma delas e estarei rindo), então será como se todas as estrelas te rissem! E tu terás estrelas que sabem sorrir! Assim, tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo (basta olhar para o céu e estarei lá). Terás vontade de rir comigo. E abrirá, às vezes, a janela à toa, por gosto... e teus amigos ficarão espantados de ouvir-te rir olhando o céu. Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!"
Os homens compram tudo pronto nas lojas
Mas como não há lojas de amigos, os homens não têm amigos.
O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry

segunda-feira, julho 18, 2011

Ode a Amizade




Vale o amigo mais que o tempo vale.
Que por ela nossa voz nunca se cale
Jamais as barreiras separem.
A distância não afaste.
Ás águas não afogue.
O fogo não chamusque.
A terra não engula.
O ar não sufoque.
A dor não vença
A vida não leve.
A morte não separe.

Amizade é um bem real que se enternece
Ela começou no passado, persevera no presente e prevalecerá no futuro até entrar na eternidade.






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sábado, julho 16, 2011

Modo de celebrar a vida!

Existe um modo de celebrar a vida!
É saber que pessoas nos estimam.
Tal estima sendo recíproca é enriquecedora.
E que elas passam a ter importância para a gente.
Mesmo que perto delas não possamos estar.
E quando estamos junto a elas,
o tempo não para e o tempo deixa de ser tempo.
Caso elas estejam distantes.
Então, trazemo-las para nossas lembranças e aí celebramos a afirmação de que elas nos são queridas, mesmo sem vê seus rostos; todavia as sentimos em nossos corações.
Mas se estamos juntos delas tudo é diferente!
A alegria está instaurada o deleite é vivo e o carinho é renovado.
Celebrar os amigos e celebrar a própria vida.

Copyright educação . Todos os direitos reservados.

sexta-feira, julho 15, 2011

O cuidado é aquela condição prévia que permite o eclodir da inteligência e da amorosidade. É o orientador antecipado de todo comportamento, para que seja livre e responsável, enfim, tipicamente humano. Cuidado é gesto amoroso para com a realidade, gesto que protege e traz serenidade e paz. Sem cuidado nada que é vivo, sobrevive. O cuidado é a força maior que se opõe à lei suprema da entropia, o desgaste natural de todas as coisas até sua morte térmica, pois tudo o que cuidamos dura muito mais.”

Texto de Leonardo Boff

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

O Fim Trágico Da Morte


Nenhum mortal em vida venceu a morte.
Já os evangelhos dizem que Cristo, se fez mortal e como mortal venceu a morte ao morrer.
Porém, antes de vencê-la, ela o feriu.
A morte ainda tem essa força, a força de ferir mortalmente.
Mortalmente ela Feri, todos os humanos.
Contudo,A fé cristã brada : "Alegrai-vos mortais. Trago-vos novas notícias, já antiga entre nós ! ".
O Cristo que morreu, também feriu a morte, para que a morte morre-se em sua morte.
A morte de Cristo é em si fonte de vida, para os que Crêem ; é vida para todos os mortais que a morte lesou.
O que pensas tu ó morte?
Ficarias sempre impune? serás sempre Invencível ?
Para todo sempre seria campeã?
És pobre e pensas que és abastarda. Prisioneira e se ilude como dona dos mortais...
Tua força foi esgotada, quando caíste ante ao poder mais forte e exaurível.
Abateu-se por terra, tu que supunhas ser invencível; como podes explicar que por meio do teu próprio intermédio fosse severamente derrotada?
O Galileu, o Carpinteiro, te impôs condenação.
Ele mesmo, com três dias, apenas setenta e duas horas, impôs tua sentença mortal, tu que aterrorizavas a todos os mortais, agora és obrigada a se render e prostrar-se em humilhação.
Por isso, o santo apóstolo compôs: “Tragada foi à morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?”


Copyright André Assis. Todos os direitos reservados.

domingo, fevereiro 20, 2011

Palavras



Palavras
O vento não leva...

Palavras ficam na lembrança.
Duram quando cultivadas.

São cantadas, viram prosas, embelezam a poesia.
Acalentam, suavizam.

São amigas dos amantes e queridas pelos apaixonados.
Palavras igualmente aniquilam, extinguem e ferem.

Há palavras! Te utilizo para expressar o que passou e o que não sobrou.

Por teu intermédio uso o sentimento, ponho as certezas e exponho as duvidas.
Em ti e por ti, descrevo o passado vivo, o presente que não se pode guardar e o futuro incerto.


As palavras revelam sentimentos de um coração incomodado, divulgam corações partidos e noticiam corações aprazerados em amar.

Narram às lagrimas, abordam a tristeza e celebram a felicidade.

Mas as palavras levam e não trazem. Trazem e não guardam vêem o voltam.

Ficam e não permanecem, são levadas pelo vento e tragas por ele...

Elas anunciam o tudo e o nada. O inicio e o fim.
Palavras são sempre palavras.



Copyright André Assis. Todos os direitos reservados.

Vida Ordinária

Às vezes penso que a vida poderia ser uma criança só para termos sempre a inocência.
Outras vezes penso que ela deveria permitir que fossemos sempre alegres, para nunca experimentar a amargura.

Penso e


Sempre penso que no lugar da morte, deveríamos envelhecer, e depois de certa idade, lá para os cem anos; voltarmos a rejuvenescer, até sermos crianças de novo e tudo se repetir com a gente .

Copyright André Assis. Todos os direitos reservados.

sexta-feira, janeiro 28, 2011

FRAGMENTOS




O REQUINTE DE SER GENTE

O humano é sempre o mesmo dentro da complexidade da vida.
Mesmo com as antigas especulações: de onde veio para onde vai, evolução, criação, acaso, ou não? Uma coisa é certa: ele sempre será humano, do jeito humano de ser. O tempo todo será humano, sempre humano, com desejo de sempre ser humano. E quando deixar sua humanidade no cessar de sua existência terrena sua humanidade será lembrada.
Terá saudades dela.
Quem sabe se irá querer ser humano outra vez ?

FELICIDADE.

A felicidade não tem preço, peso, valor, nome, ou cor.
Possui uma realidade presente.
A felicidade do passado se torna saudade.
A felicidade futura virá e será festiva.
A felicidade do presente é igual criança inocente.
A felicidade não depende das circunstâncias favoráveis.
Felicidade é estado de espírito, é aproveitar as oportunidades.
Felicidade é reciprocidade com a vida e harmonia com as circunstâncias e com os eventos que nos trás êxito.
Felicidade é viver a vida sem medo da própria felicidade.



OLHAR POR DENTRO
Quem se dá à chance de se olhar por dentro, se descobre.
Que as pessoas posam se olhar por dentro para se conhecerem um pouco melhor.
Quando permitimo-nos num auto-olhar conhecemos o outro também.
Todavia ninguém pode se auto-olhar com tanta exatidão a não ser por dentro.
Quem se olha por dentro ver o mundo melhor ver as outras pessoas melhor e se torna melhor por que pode se tornar humilde.

O MAL E BEM

Existem e convivem em justa posição um paralelo foi traçado entre os dois.
Um ao lado o outro.
Para equilíbrio das coisas e para equilíbrio da vida.
A vida só é vida porque existem essas duas fontes de energia.

INQUIETAÇÃO
Aplacados pela consciência de que possuímos limites, investirmos no transcendente e no metafísico para acalmarmos o turbilhão impetuoso que abriga nosso ser no sentido de querer encontrar resposta ao significado de quem somos.


A VOZ DO INTERIOR

Vivemos a vida, circundados por muitas falas, as quais estão contidas nas coisas, e em todas as partes. Tudo nos comunica uma mensagem.
Diferente do que pensamos a mensagem não vem de fora do exterior. Vem do interior, é com o intimo que escutamos as vozes das coisas e é também por ele que fazemos a leitura da vida.
A extraordinária força da vida faz com que superemos todos os obstáculos contidos nela ou boa parte deles.


Não existe predestinação para a miséria, a miséria é uma conseqüência da injustiça social.

Ser humano nenhum precisa de permissão para viver e para ser si mesmo.

Somos seres nascidos para o usufruto da liberdade sem liberdade não há vida com a ausência da liberdade o caos está instaurado.

As crises das relações humanas na historia se dão em função de que o próprio ser humano está estruturalmente embasado em crise interior.

Todo ser humano vive num processo interminável de educação.

A libertação é um ato continuo.

Não é ético ter recursos e deixar quem precisa passar necessidades.

Somos atores de nossa própria historia e condicionados a mesma historia.

O homem como ser histórico, figura e configura sua própria historia.

O está na vida é um ato de gratuidade.

O novo homem não nascerá da superação de sua velha natureza, mas da transformação da velha estrutura.

Cada ser humano tem uma breve passagem como gente dentro da historia.

O conduzir o nosso olhar para realidade que estamos integrados de um modo não convencional e além do pragmático instituído; é um ato de fé e de mística.

Não me conformo com respostas prontas elaboradas de cima para baixo, tenho que desconfiar, questionar, refletir até eu mesmo admitir o que seja certo ou errado por mim mesmo.

Considero o pensar como uma obra de arte. Cada ser humano tem o direito de fazer uso da tela das palavras para poder pintar o quadro dos seus próprios pensamentos. Copyright André Assis. Todos os direitos reservados.

quarta-feira, janeiro 12, 2011

EPÍSTOLA PREAMBULAR (De Giordano Bruno)

PARA ILUSTRÍSSIMO

SENHOR MICHEL DE CASTELNAU

Se eu, ilustríssimo Cavaleiro, manejasse o arado, apascentasse um rebanho, cultivasse uma horta, remendasse um fato, ninguém faria caso de mim, raros me observariam, poucos me censurariam, e facilmente poderia agradar a todos. Mas, por eu ser delineador do campo da natureza, atento ao alimento da alma, ansioso da cultura do espírito e estudioso da atividade do intelecto, eis que me ameaça quem se sente visado, me assalta quem se vê observado, me morde quem é atingido, me devora quem se sente descoberto. E não é só um não são poucos, são muitos, são quase todos. Se quiserdes saber por que isto acontece, digo-vos que a razão é que tudo me desagrada, que detesto o vulgo, a multidão não me contenta, e só uma coisa me fascina: aquela, em virtude da qual me sinto livre em sujeição, contente em pena, rico na indigência e vivo na morte; em virtude da qual não invejo aqueles que são servos na liberdade, que sentem pena no prazer, são pobres na riqueza e mortos em vida, pois que têm no próprio corpo à cadeia que os acorrenta, no espírito o inferno que os oprime, na alma o erro que os adoenta, na mente o letargo que os mata, não havendo magnanimidade que os redima, nem longanimidade que os eleve, nem esplendor que os abrilhante, nem ciência que os avive. Daí sucede que não arredo o pé do árduo caminho, por cansado; nem retiro as mãos da obra que se me apresenta, por indolente; nem qual desesperado, viro as costas ao inimigo que se me opõe, nem como deslumbrado, desvio os olhos do divino objeto: no entanto, sinto-me geralmente reputado um sofista, que mais procura parecer subtil do que ser verídico; um ambicioso, que mais se esforça por suscitar nova e falsa seita do que por consolidar a antiga e verdadeira; um trapaceiro que procura o resplendor da glória impingindo as trevas dos erros; um espírito inquieto que subverte os edifícios da boa disciplina, tornando-se maquinador de perversidade.
Oxalá, Senhor, que os santos nomes afastem de mim todos aqueles que injustamente me odeiam; oxalá que me seja sempre propício o meu Deus; oxalá que me sejam favoráveis todos os governantes do nosso mundo; oxalá que os astros me tratem tal como à semente em relação ao campo, e ao campo em relação à semente, de maneira que apareça no mundo algum fruto útil e glorioso do meu labor, acordando o espírito e abrindo o sentimento àqueles que não têm luz de intelecto; pois, em verdade, eu não me entrego a fantasias, e se erro, julgo não errar intencionalmente; falando e escrevendo, não disputo pelo amor da vitória em si mesma (pois que todas as reputações e vitórias consideram inimigas de Deus, abjetas e sem sombra de honra, se não assentarem na verdade), mas por amor da verdadeira sapiência e fervor da verdadeira especulação me afadigo, me apoquento me atormento. É isto que irão comprovar os argumentos da demonstração, baseados em raciocínios válidos que procedem de um juízo reto, informado por imagens não falsas, que, como verdadeiras embaixadoras, se desprendem das coisas da natureza e se tornam presentes àqueles que as procuram, patentes àqueles que as miram, claras para todo aquele que as aprende, certas para todo aquele que as compreende. Apresento-vos agora a minha especulação acerca do infinito, do universo e dos mundos inumeráveis.

Excerto do livro: ACERCA DO INFINITO, DO UNIVERSO E DOS MUNDOS
Giordano Bruno-1548-1600

Liberdade – Cecília Meireles.

Deve existir nos homens um sentimento profundo que corresponde a essa palavra LIBERDADE, pois sobre ela se têm escrito poemas e hinos, a ela se tem até morrido com alegria e felicidade.
Diz-se que o homem nasceu livre, que a liberdade de cada um acaba onde começa a liberdade de outrem; que onde não há liberdade não há pátria; que a morte é preferível à falta de liberdade; que renunciar à liberdade é renunciar à própria condição humana; que a liberdade é o maior bem do mundo; que a liberdade é o oposto à fatalidade e à escravidão; nossos bisavós gritavam "Liberdade, Igualdade e Fraternidade!". Nossos avós cantaram: "Ou ficar a Pátria livre ou morrer pelo Brasil!"; nossos pais pediam: "Liberdade! Liberdade! - abre as asas sobre nós", e nós recordamos todos os dias que "o sol da liberdade em raios fúlgidos - brilhou no céu da Pátria..." - em certo instante.
Somos, pois criaturas nutridas de liberdade há muito tempo, com disposições de cantá-la, amá-la, combater e certamente morrer por ela.
Ser livre - como diria o famoso conselheiro... - é não ser escravo; é agir segundo a nossa cabeça e o nosso coração, mesmo tendo que partir esse coração e essa cabeça para encontrar um caminho... Enfim, ser livre é ser responsável, é repudiar a condição de autônomo e de teleguiado - é proclamar o triunfo luminoso do espírito. (Supondo que seja isso.).
Ser livre é ir mais além: é buscar outro espaço, outras dimensões, é ampliar a órbita da vida. É não estar acorrentado. É não viver obrigatoriamente entre quatro paredes.
Por isso, os meninos atiram pedras e soltam papagaios. A pedra inocentemente vai até onde o sono das crianças deseja ir. (Às vezes, é certo, quebra alguma coisa, no seu percurso...).
Os papagaios vão pelos ares até onde os meninos de outrora (muito de outrora!...) não acreditavam que se pudesse chegar tão simplesmente, com um fio de linha e um pouco de vento!...
Acontece, porém, que um menino, para empinar um papagaio, esqueceu-se da fatalidade dos fios elétricos e perdeu a vida.
E os loucos que sonharam sair de seus pavilhões, usando a fórmula do incêndio para chegarem à liberdade, morreram queimados, com o mapa da Liberdade nas mãos!...
São essas coisas tristes que contornam sombriamente aquele sentimento luminoso da LIBERDADE. Para alcançá-la estamos todos os dias expostos à morte. E os tímidos preferem ficar onde estão, preferem mesmo prender melhor suas correntes e não pensar em assunto tão ingrato.
Mas os sonhadores vão para frente, soltando seus papagaios, morrendo nos seus incêndios, como as crianças e os loucos. E cantando aqueles hinos que falam de asas, de raios fúlgidos - linguagem de seus antepassados, estranha linguagem humana, nestes andaimes dos construtores de Babel...

terça-feira, janeiro 11, 2011

Pensar é Necessário


para se ter a certeza de que somos uma ex-istência dentro da existência.
O pensamento é a própria expressão da essência humana e eles exteriorizados revelam quem somos. Copyright André Assis. Todos os direitos reservados.

segunda-feira, janeiro 10, 2011

Pensar é Criar




O pensador quer suscitar sempre uma nova concepção da realidade que o cerca. Não é essa a função do pensador? Expor pela articulação do pensamento o refletir a existência de um modo diferente. Ter novos horizontes, buscar novas expectativas de vida e compartilhar com outros suas idéias. No pensar está o desejo da compreensão das coisas; tanto das objetivas e subjetivas que estão diante de nós, e os interpretar.
Não importa o resultado, o fundamental é exercer a capacidade do pensamento. Existimos em um mundo abarrotado de pensamentos e de conceitos herdados por outros que são tidos em grande parte como legítimos e verdadeiros. Prosseguirmos repetindo o que nos foi ensinado sem questionar. Porém, os valores e as certezas se transformam de lugar para lugar, ou de uma ocasião histórica para outra situação também histórica. O deleite do pensador é dissolver estas convicções e abrir novos horizontes pensando em torno de perspectivas novas e originais. Não raro ouvimos as seguintes questões: O que é a vida, qual é minha função nela? São perguntas que todo homem, em algum momento, na vida faz a si mesmo. Pensar é também procurar essas respostas. A busca somente tem início quando estamos perplexos com alguma coisa e almejando respostas para aquilo que queremos conhecer. A busca pelo conhecimento nasce quando nos damos conta da nossa fragilidade e da nossa ignorância diante da existência e do mistério da vida. Pensar é buscar compreender o segredo que nos cerca: De onde vim? Para onde vou? Quem eu sou? Porque isso ou aquilo? Cada vez que nos questionamos, estamos esquadrinhando pelo pensamento avaliando nós mesmos e o mundo que estamos inseridos. Sócrates, dizia: "Só sei que nada sei". Buscamos pelo pensamento o conhecimento, das coisas porque não sabermos exatamente tudo. Todo pensamento nessa perspectiva é uma tentativa de interpretar, o real. Uma forma de pensar não é mais correta do que outra. Sua função e servir para abertura novos conhecimentos. Olhar as coisas julgá-las por dentro e por fora está é a condição do pensamento (examinar).
Duvidar das certezas, não aceitar o que já vem pronto, se admirar com a vida.
Essa liberdade pensante é que faz de nós sujeitos históricos.

Monte Castelo de Renato Russo




Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor, eu nada seria...

É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja
Ou se envaidece...

O amor é o fogo
Que arde sem se ver
É ferida que dói
E não se sente
É um contentamento
Descontente
É dor que desatina sem doer...

Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor, eu nada seria...

É um não querer
Mais que bem querer
É solitário andar
Por entre a gente
É um não contentar-se
De contente
É cuidar que se ganha
Em se perder...

É um estar-se preso
Por vontade
É servir a quem vence
O vencedor
É um ter com quem nos mata
A lealdade
Tão contrário a si
É o mesmo amor...

Estou acordado
E todos dormem, todos dormem
Todos dormem
Agora vejo em parte
Mas então veremos face a face
É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade...

Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor, eu nada seria...

sábado, janeiro 01, 2011

Disfarce de HOMEM

Observo a vida disfarçado de homem, porque não passo de um menino...
Engraçado, que me tornei homem, Mas não me perdi de ser menino. Ah! Minha coleção de figurinha de super heróis! Recordo-me dos campinhos onde jogávamos as peladas no crepúsculo do sol! Lembranças de meu carrinho de rolimã! Saudades das broncas da mamãe: Vai lavar as mãos pra comer menino “... Rsrsr
E o papai? “Deixa olhar teus cadernos”...
(Ele era professor, também)...




Lembro-me ainda, sentado a grama do quintal com meus irmãos, olhando as estrelas do céu num subúrbio do Rio de Janeiro! Recordações de infância que ficou pra trás, onde pouco chorei. Agora que sou homem conheço sobre a natureza dos homens.Pensei que quando me tornasse homem seria forte como os super Heróis...Foi quando descobri as aflições, os enfrentamentos e as angústias de ser homem E refletindo nisso,

lembrei-me da música Guerreiro Menino (um Homem Também Chora) de Fagner Um homem também chora
Também deseja colo
Precisa de carinho
Precisa de ternura
Precisa de um abraço
Da própria candura.Se esse homem deseja tais coisas, significa que o menino que mora nele não cresceu por isso o disfarce de homem?Há! Essa barra dura de viver... Há! Essa coisa de ter que viver hipocritamente observando a vida como homem, Vou lhes contar meu segredo... não passo de um menino, disfarçado de HOMEM observando a vida.

Copyright André Assis. Todos os direitos reservados.