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segunda-feira, dezembro 10, 2012

Morte Aprimoradora da Vida


A busca pela felicidade e a superação da morte são duas questões perseguidas pelo ser humano. Cabe aqui fazer menção da funcionalidade da religião que de modo relevante trabalha a questão da superação da morte nas vias da fé de um modo proeminente considerável para a esperança humana. Entretanto, a questão da morte e de como sobrepujá-la é um anelo da própria essência humana que quer justificavelmente a imortalidade. A sede utópica pela imortalidade sempre será um desejo de perseguição humana. Morte é uma realidade experimental que diariamente nos acerca chegando de modo surpreendente e inesperado envolvendo aqueles que nos cercam. Para o ser humano a morte será sempre trágica, bárbara e impiedosa. Ela é algo que experimentamos com outros que morrem. No nosso caso, ao morrermos, não estaremos conscientes de sua participação; apenas sabemos que dela um dia vamos nos tornar partícipes. A morte implica num mistério de indicação da própria vida. Pois, a vida se nutre da morte. Isso porque a morte faz parte do próprio contexto existencial dos seres.
A vida investe na morte e a morte germina da vida, para que seja ordinariamente vida. Porque a gênese da vida não é aqui no tempo e espaço ela apenas tem sua movimentação no aqui e agora, não findando cá, ela é eternal, e segue seu modo misterioso de ser. A morte em si, é uma razão pra se estimar mais a vida. Para que a vida com a sua curta passagem possa ser vista com generosidade, profundidade, reciprocidade e repleta de sentido e reverência. Morrer é em si certeza da vida e de doação da própria vida. A morte é um começo do sem fim e está na agenda de todo ser humano como única e universal certeza aplicada a todos os portadores da vida.
Ela é a única via para o grande mistério. Sendo assim nos apercebemos que o aqui e agora, se reveste de uma proveitosa estrutura do ser quanto existência continuada pós morte. Na morte também está individuação de cada pessoa ela é um ato de intima singularidade humana, porque mesmo na morte está a presença do sujeito quanto ser. A morte e uma disposição da vida. Não é o cessar de uma existência, mais uma possibilidade de transposição para outro meio de vida. Pois a morte é a extensão da vida; e aqui entra a ação da fé e da transcendência. Morrer no conceito da fé é viver. Viver sem fé é em si a própria condenação a morte. “Porque na linguagem humana a morte é fim de tudo”. Soren Kierkegaard. Mas para a fé a morte é confirmação de vida é garantia de entrada e de continuidade na eternidade. Para uns certeza de ressurreição, para outros é evolução reencarnacionista. Seja como for, quem ama a vida não vive amedrontado com a morte. Pois ela é uma aliada da vida e o passaporte de encontro com o Autor da vida. Por esta causa, São Francisco de Assis (1182-1226) chamou-a romanticamente de “irmã morte”. Na tradição cristã, a morte, é o acesso que fará vê e viver em eterna plenitude e comunhão com o grande Pai e Mãe de todos, Deus.
O problema é que não sabemos vê quão valorosa é a morte. Mais o valor da vida é inestimável. Morte e vida, sempre conflitando, e guerreando. Mas, acabam amistosas, e ambas ajudam os humanos. Todos os humanos precisam da morte como precisam da vida. Sem a relação morte e vida não existe o ser humano. Por isso os humanos em vida recebem o epíteto de mortais. Os humanos sonham com a imortalidade para terem sempre a vida. Vida e morte, morte e vida se fazem amigas para o proveito da família humana. A Morte é componente do próprio Ser Humano, bem como ser humano é membro da própria beleza da vida , e é da vida que se entra na morte.
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