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terça-feira, novembro 27, 2012

POEMAS DE WALT WHITMAN


Walt Whitman (1819 – 1892) considerado, um dos maiores poetas dos EUA – quando não o maior poeta – bem como de toda a literatura moderna ocidental. É lembrado, também como o inventor do verso livre. _UMA HORA PARA A LOUCURA E A ALEGRIA_ Uma hora para a loucura e a alegria! Ó furiosos! Oh, não me confinem! (O que é isto que me liberta assim nas tempestades? Que significam meus gritos em meio aos relâmpagos e aos ventos rugidores?) Oh, beber os delírios místicos mais fundamente que qualquer outro homem! Ó dolências selvagens e ternas! (Recomendo-as a vocês, minhas crianças, Dou-as a vocês, como razões, ó noivo e noiva!) Oh, me entregar a vocês, quem quer que sejam vocês, e vocês se entregarem a mim, num desafio ao mundo! Oh, retornar ao Paraíso! Ó acanhados e femininos! Oh, puxar vocês para mim, e plantar em vocês pela primeira vez os lábios de um homem decidido. Oh, o quebra-cabeça, o nó de três voltas, o poço fundo e escuro – tudo isso a se desatar e a se iluminar! Oh, precipitar-me onde finalmente haverá espaço e ar o bastante! Ser absolvido de laços e convenções prévias, eu dos meus e vocês dos seus! Encontrar uma nova relação – desinteressada – com o que há de melhor na Natureza! Tirar da boca a mordaça! Ter hoje ou todos os dias o sentimento de que sou suficiente como sou! Oh, qualquer coisa ainda não experimentada! Qualquer coisa em transe! Escapar totalmente aos grilhões e âncoras dos outros! Libertar-me! Amar livremente! Arremeter perigosa e imprudentemente! Cortejar a destruição com zombarias e convites! Ascender, galgar os céus do amor que foi indicado para mim! Subir até lá com minha alma inebriada! Perder-me, se preciso for! Alimentar o resto da vida com uma hora de completude e liberdade! Com uma hora breve de loucura e alegria. _MILAGRES_ Ora, quem acha que um milagre é alguma coisa de especial? Por mim, de nada sei que não sejam milagres: ou ande eu pelas ruas de Manhattan, ou erga a vista sobre os telhados na direcção do céu, ou pise com os pés descalços bem na franja das águas pela praia, ou fale durante o dia com uma pessoa a quem amo, ou vá de noite para a cama com uma pessoa a quem /amo, ou à mesa tome assento para jantar com os outros, ou olhe os desconhecidos na carruagem de frente para mim, ou siga as abelhas atarefadas junto à colmeia antes do meio-dia de verão ou animais pastando na campina ou passarinhos ou a maravilha dos insectos no ar, ou a maravilha de um pôr-de-sol ou das estrelas cintilando tão quietas e brilhantes, ou o estranho contorno delicado e leve da lua nova na primavera, essas e outras coisas, uma e todas — para mim são milagres, umas ligadas às outras ainda que cada uma bem distinta e no seu próprio lugar. Cada momento de luz ou de treva é para mim um milagre, milagre cada polegada cúbica de espaço, cada metro quadrado da superfície da terra por milagre se estende, cada pé do interior está apinhado de milagres. O mar é para mim um milagre sem fim: os peixes nadando, as pedras, o movimento das ondas, os navios que vão com homens dentro — existirão milagres mais estranhos? Walt Whitman, in "Leaves of Grass" _CIDADES DE ORGIAS_ Cidade de orgias, passarelas e gozos! Cidade em quem vivi e cantei em seu meio, que um dia farei ilustre, Não os seus pajens – não são seus tableaux inconstantes, seus espetáculos que me compensam; Não as suas fileiras intermináveis de casas – não os navios nos cais, Não suas procissões nas ruas, nem suas claras janelas, com suas mercadorias; Nem dialogar com pessoas instruídas, ou trazer a minha parte na festa ou banquete; Não isso – mas, enquanto passo, Ó, Manhattan! seu relâmpago frequente e ligeiro de olhos que me oferecem amor, Que oferecem resposta ao meu próprio – estes me compensam; Amantes, contínuos amantes, apenas, me compensam. Ao jardim, o mundo Ao jardim, o mundo, renovado em ascensão, Parceiros potentes, filhas, filhos, em prelúdio, O amor, a vida de seus corpos, ser e sentido, Curioso, contemple aqui minha ressurreição, após o sono; Os ciclos em revolução, em seu amplo movimento, aqui me trouxeram outra vez, Amoroso, maduro – tudo belo para mim – tudo maravilhoso; Meus membros, e o fogo trêmulo que folga neles, pelos mais maravilhosos motivos; Existindo, eu perscruto e penetro ainda, Contente com o presente – contente com o passado, Ao meu lado, ou atrás de mim, Eva me seguindo, Ou à frente, e eu a segui-la do mesmo jeito. _ESTA É A FORMA DE FÊMEA_ Esta é a forma fêmea: dos pés à cabeça dela exala um halo divino, ela atrai com ardente e irrecusável poder de atração, eu me sinto sugado pelo seu respirar como se eu não fosse mais que um indefeso vapor e, a não ser ela e eu, tudo se põe de lado — artes, letras, tempos, religiões, o que na terra é sólido e visível, e o que do céu se esperava e do inferno se temia, tudo termina: estranhos filamentos e renovos incontroláveis vêm à tona dela, e a acção correspondente é igualmente incontrolável; cabelos, peitos, quadris, curvas de pernas, displicentes mãos caindo todas difusas, e as minhas também difusas, maré de influxo e influxo de maré, carne de amor a inturgescer de dor deliciosamente, inesgotáveis jactos límpidos de amor quentes e enormes, trémula geléia de amor, alucinado sopro e sumo em delírio; noite de amor de noivo certa e maciamente laborando no amanhecer prostrado, a ondular para o presto e proveitoso dia, perdida na separação do dia de carne doce e envolvente. Eis o núcleo — depois vem a criança nascida de mulher, vem o homem nascido de mulher; eis o banho de origem, a emergência do pequeno e do grande, e de novo a saída. Não se envergonhem, mulheres: é de vocês o privilégio de conterem os outros e darem saída aos outros — vocês são os portões do corpo e são os portões da alma. A fêmea contém todas as qualidades e a graça de as temperar, está no lugar dela e movimenta-se em perfeito equilíbrio, ela é todas as coisas devidamente veladas, é ao mesmo tempo passiva e activa, e está no mundo para dar ao mundo tanto filhos como filhas, tanto filhas como filhos. Assim como na Natureza eu vejo minha alma refletida, assim como através de um nevoeiro, eu vejo Uma de indizível plenitude e beleza e saúde, com a cabeça inclinada e os braços cruzados sobre o peito — a Fêmea eu vejo.

Sustentabilidade e cuidado: um caminho a seguir.

Texto de Leonardo Boff extraído de seu site-http://leonardoboff.wordpress.com/2011/06/16/sustentabilidade-e-cuidado-um-caminho-a-seguir/
Autor de “O Cuidado necessário”: na vida, na ecologia, na saúde, na educação, a sair pela Vozes. ___________________________________________________________________________ Há muitos anos, venho trabalhando sobre a crise de civilização que se abateu perigosamente sobre a humanidade. Não me contentei com a análise estrutural de suas causas, mas, através de inúmeros escritos, tratei de trabalhar positivamente as saídas possíveis em termos de valores e princípios que confiram real sustentatibilidade ao mundo que deverá vir. Ajudou-me muito, minha participação na elaboração da Carta da Terra, a meu ver, um dos documentos mais inspiradores para a presente crise. Esta afirma: ”o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal”. Dois valores, entre outros, considero axiais, para esse novo começo: a sustentabilidade e o cuidado. A sustentabilidade, já abordada no artigo anterior, significa o uso racional dos recursos escassos da Terra, sem prejudicar o capital natural, mantido em condições de sua reprodução, em vista ainda ao atendimento das necessidades das gerações futuras que também têm direito a um planeta habitável. Trata-se de uma diligência que envolve um tipo de economia respeitadora dos limites de cada ecossistema e da própria Terra, de uma sociedade que busca a equidade e a justiça social mundial e de um meio ambiente suficientemente preservado para atender as demandas humanas. Como se pode inferir, a sustentabilidade alcança a sociedade, a política, a cultura, a arte, a natureza, o planeta e a vida de cada pessoa. Fundamentalmente importa garantir as condições físico-químicas e ecológicas que sustentam a produção e a reprodução da vida e da civilização. O que, na verdade, estamos constatando, com clareza crescente, é que o nosso estilo de vida, hoje mundializado, não possui suficiente sustentabilidade. É demasiado hostil à vida e deixa de fora grande parte da humanidade. Reina uma perversa injustiça social mundial com suas terríveis seqüelas, fato geralmente esquecido quando se aborda o tema do aquecimento global. A outra categoria, tão importante quanto à da sustentabilidade, é o cuidado, sobre o qual temos escrito vários estudos. O cuidado representa uma relação amorosa, respeitosa e não agressiva para com a realidade e por isso não destrutiva. Ela pressupõe que os seres humanos são parte da natureza e membros da comunidade biótica e cósmica com a responsabilidade de protegê-la, regenerá-la e cuidá-la. Mais que uma técnica, o cuidado é uma arte, um paradigma novo de relacionamento para com a natureza, para com a Terra e para com os humanos. Se a sustentabilidade representa o lado mais objetivo, ambiental, econômico e social da gestão dos bens naturais e de sua distribuição, o cuidado denota mais seu lado subjetivo: as atitudes, os valores éticos e espirituais que acompanham todo esse processo sem os quais a própria sustentabilidade não acontece ou não se garante a médio e longo prazo. Sustentabilidade e cuidado devem ser assumidos conjuntamente para impedir que a crise se transforme em tragédia e para conferir eficácia às praticas que visam a fundar um novo paradigma de convivência ser-humano-vida-Terra. A crise atual, com as severas ameaças que globalmente pesam sobre todos, coloca uma impostergável indagação filosófica: que tipo de seres somos, ora capazes de depredar a natureza e de por em risco a própria sobrevivência como espécie e ora de cuidar e de responsabilizar-nos pelo futuro comum? Qual, enfim, é nosso lugar na Terra e qual é a nossa missão? Não seria a de sermos os guardiões e os cuidadores dessa herança sagrada que o Universo e Deus nos entregaram que é esse Planeta, vivo, que se autoregula, de cujo útero todos nós nascemos? É aqui que, novamente, se recorre ao cuidado como uma possível definição operativa e essencial do ser humano. Ele inclui certo modo de estar-no-mundo-com-os-outros e uma determinada práxis, preservadora da natureza. Não sem razão, uma tradição filosófica que nos vem da antiguidade e que culmina em Heidegger e em Winnicott defina a natureza do ser humano como um ser de cuidado. Sem o cuidado essencial ele não estaria aqui nem o mundo que o rodeia. Sustentabilidade e cuidado, juntos, nos mostram um caminho a seguir.

segunda-feira, novembro 19, 2012

PROTESTO DA ALMA

1- Mente e coração humanos; inquietos, complexos, clamorosos. Com direção e sem direção; com sonhos e decepções, que situação? Quem pode responder as Inquietudes e forças complexas de nossa dimensão misteriosa e interior? São Patrimonios da alma que se aflige, os conflitos e as Inquietações ? A felicidade é um aceno, um direito, uma propriedade ou visitante ilustre ? O ser Humano é apenas seu temporário ANFITRIÃO ? 2- Ó tu, que deste fôlego de vida a todos os viventes, Porque nos deu e permiti, um legado tão confuso, Com mistérios casuísticos que estruturam a existência? 3- ...Não é fácil nos condicionarmos em resignação, quando testemunhamos as dores às aflições mais profundas da alma .. Que prazer e louvor, têm isso tu que se nomeia a Causa não Causada ? 4- Até quando olharemos para ver todas as contradições e nos contentaremos com ausências de respostas efetivas? A resposta está na fé, no transcendente no subjetivo ? Isso cansa... 5- Que podes me dizer do pobre e ultrajado, humilhado em sua dignidade, Quando, até o direito de viver e de ser gente lhe é furtado? A incerteza da vida para eles lhes é talvez a única convicção que possuem. A fome, uma certeza, a esperança uma grande ilusão! Sonho, o que é isso para eles? Pesadelo, sim são suas vidas miseráveis. 6- A morte para essas pessoas parece vir mais rápida, por viverem uma exclusão que as faz sem direito a uma sobrevivência digna. 7- 8- No espiritual vem a solução ou está a reposta ? É o espírito que suscita o desejo insaciável da busca de nós mesmos para o encontro com o eixo e a causa Maior de nossa existência ? E com isso encontrar a segurança e a paz perseguida ? 9- Queremos seguridade para nos completarmos em nossa fonte originaria ? E Quem ela é ?
10- Então parece que há um CLAMOR ! Quem é o homem? Um ser complexo? Sim, mais que complexo! Misterioso em toda sua estrutura. Possui um infinito dentro de si que clama por um infinito maior. Até os dias de hoje procura se descobrir, por ter o desejo de definir a si mesmo. Copyright André Assis. Todos os direitos reservados.