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terça-feira, novembro 08, 2011

Alegoria da caverna

“Agora imagina a maneira como segue o estado das nossas naturezas relativamente à instrução e à ignorância”.




Assim dar inicio,

Platão No mito da caverna narrado no livro VII do Republica.

Talvez, seja uma das mais importantes metáforas concebidas por uma mente filosófica. Em si delineia a situação comum em que se encontra a humanidade.
De acordo com a alegoria todos nós concebemos o real como sombras e o toma-mos como verdadeira. Platão estabelece na alegoria adistinção entre o mundo sensível e o mundo inteligível. Para tanto, lança mão de sombras que se projetam no fundo de uma caverna escura, quando pela sua entrada passam objetos iluminados pela luz do sol.

Para Platão a maioria da humanidade está condenada a uma infeliz condição.
Imaginou todos presos desde a infância no fundo de uma caverna, imobilizados, obrigados pelas correntes que os atavam a olharem sempre a parede em frente.
Supondo a seguir que existissem algumas pessoas, uns prisioneiros, carregando para lá para cá, sobre suas cabeças, estatuetas de homens, de animais, vasos, bacias e outros vasilhames, por detrás do muro onde os demais estavam encadeados, havendo ainda uma escassa iluminação vinda do fundo do subterrâneo, disse que os habitantes daquele triste lugar só poderiam enxergar o bruxuleio das sombras daqueles objetos, surgindo e se desfazendo diante deles.
Era assim que viviam os homens, concluiu Platão. Acreditavam que as imagens imaginárias que apareciam aos seus olhos (qual Platão chama de ídolos) eram verdadeiras, tomando o espectro pela realidade. A sua existência era, pois inteiramente dominada pela ignorância.

-Assim segue a alegoria-

Livro VII de A República, (380-370) a.C

“Agora imagina a maneira como segue o estado das nossas naturezas relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de perna e pescoço acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar à cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de fantoches armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas.

Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda espécie, que o transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio. Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal condição, eles tenham alguma vez visto, de si mesmos e de seus companheiros, mais do que as sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica defronte?
E com as coisas que desfilam? Não se passa o mesmo?
Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam? E se a parede do fundo da prisão provocasse eco, sempre que um dos transportadores falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles?

Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às sombras dos objetos fabricados? Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objetos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que passam o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora? E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não desviará ele a vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são realmente mais distintas do que as que se lhe mostram?
E se o arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subir a encosta rude e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras? Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o Sol e sua luz.
Por fim, suponho eu, será o sol, e não as suas imagens refletidas nas águas ou
em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá ver e contemplar tal qual é. Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível e que, de certa maneira, é a causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna. Ora, lembrando-se de sua primeira morada, da sabedoria que aí se professa e daqueles que foram seus companheiros de cativeiro, não achas que se alegrará com a mudança e lamentará os que lá ficaram? E se então distribuíssem honras e louvores, se tivessem recompensas para aquele que se apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras, que melhor se recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou em último lugar, ou virem juntas, e que por isso era o mais hábil em adivinhar a sua aparição, e que provocasse a inveja daqueles que, entre os prisioneiros, são venerados e poderosos? Ou então, como o herói de Homero, não preferirá mil vezes ser um simples lavrador, e sofrer tudo no mundo, a voltar às antigas ilusões e viver como vivia? Imagina ainda que esse homem volte à caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol?
E se tiver de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se libertaram de suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista confusa e antes que seus olhos se tenham recomposto, pois se habituar à escuridão exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros se riam à sua custa e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá? E se alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o mataria se pudesse fazê-lo”?


O próprio Platão, interpretando a Alegoria da Caverna, explica que:
A caverna subterrânea é o mundo visível. O fogo que a ilumina é a luz do sol. O prisioneiro que sobe à região superior e contempla suas maravilhas é a alma que ascende ao mundo inteligível. E o que eu penso, mas só Deus sabe se é verdade. Em todo caso, eu creio que nos mais altos limites do mundo inteligível está a idéia do bem que dificilmente percebe¬mos, mas que ao contemplá-la, concluí¬mos que ela é a causa de tudo o que é belo e bom. (A República, VII, 518b-d).
A partir de Sócrates se define o conceito, isto é, o conhecimento. Platão define as idéias e suas relações dando-lhes valores, perfazendo um pensamento lógico e aritmético. Mostra em sua alegoria que o homem poderá viver no mundo das sombras (ignorância) acreditando em um mundo completamente diferente da realidade, podendo talvez, atingir a luz (sabedoria), para viver livre de preconceitos, conhecedor da verdade.

Platão resume, indicando que aprendizagem humana se limita em legitimar como verdadeiras as idéias do mundo visível e do incognoscível. E tê-las como validade absoluta...
Devemos por em duvida tudo que querem que creiamos como verdadeiras e legitimas .

sábado, novembro 05, 2011

A trilha não percorrida


Duas trilhas divergiam numa dourada floresta de outono,
e lamentando não poder percorrer ambas
e ser um único viajante, longamente parei
e observei uma delas o mais longe que pude
até onde se curvava num mato baixo;

Então tomei a outra, igualmente boa,
e tendo talvez um atrativo especial,
pois o capim a cobria e necessitava o uso;
embora quanto a isso, passar lá,
as teria marcado na verdade igualmente.

E ambas naquela manhã igualmente descansavam
cobertas de folhas que nenhum pisar enegrecera.
Oh, deixei a primeira para um outro dia!
Entretanto sabendo que um caminho leva a outro,
duvidei se algum dia eu voltaria.

Eu contarei isto com um suspiro
em algum lugar, eras e eras distante:
duas trilhas divergiam num bosque – e eu
segui pela menos percorrida,
e isto fez toda a diferença.
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The Road Not Taken
(Robert Frost, Mountain Interval, 1916)

Sou uma Coisa que Pensa.


O Pensamento é Uma dinâmica mental qual consente aos seres humanos ler a existência em seu redor e com isso compreender o modo concretizado de sua realidade existencial.
O pensamento é considerado como a mais interna expressão da manifestação do ser humano.
Pois são através dos sons, imagens, símbolos, e ideias que se revela a realidade do desejo humano.
Imaginar a existência sem o pensamento é tributar a negação da própria espécie humana. A não existência do pensamento é fundamentalmente a inexistência da aprendizagem e toda construção do conhecimento humano.
O fundamental no processo da construção do pensamento é em si, a atividade da articulação do ato de pensar, que confere condições de transcender de tudo que nos limita. Pensar é um movimento de inteiração e integração com realidade. Etimologicamente, pensar constitui analisar a importância de algum fato. Num sentido vasto, dizemos que o pensamento tem a aptidão de avaliar a realidade que fazemos parte. No ato de pensar há também o criar conceitos e não somente repeti-los, de modo pensando diferente do comum e habitual. Essencialmente o homem foi projetado para pensar.
"Sou uma coisa que pensa, isto é, que duvida que afirma e que ignora muitas coisas, que ama ou que odeia que quer e não quer que também imagina e que sente" Renê Descartes.
O pensamento completa a distinção humana, é o seu modo de pensar que o define existencialmente. Pode pensar grande ou a pequeno. A sua dignidade perante si mesmo decorre do modo como pensa sobre si mesmo. É Pensando que se pode ponderar o real e até duvidar dele e se aplicar para compreendê-lo.
Pensar assim é interagir com a realidade e desejar vigorosamente a compreensão da vida pela articulação da reflexão do pensamento vivo e ativo. Nesse contexto, o Pensar crítico e inconformado revela a liberdade da ação pensante.

Pensar é Patrimônio humano. Pensar é Ser no mundo e não ser mais um na existência. O pensamento pequeno, ou se sujeitar a não desenvolver o pensar livre, critica criativo, é ficar no obscurantismo. Ignorar o sentido da investigação, da crítica e da liberdade de pensar não gera o prazer do conhecimento. A ação de pensar com liberdade, do pensar crítico é investigado converte-se em riqueza singular humana. Não Articular o pensar livre, crítico e investigador torna o ser humano presa de sua condição histórica. Por meio da atividade pensante, ele descobre e vive à liberdade de si mesmo. Copyright educação. André Assis.Todos os direitos reservados.